Ensaio do Nissan Juke Enigma 1.0l DIG-T (2021): Review

O Nissan Juke regressa em grande com linhas mais apelativas, menos modesto e com conectividade e acabamentos dignos de um segmento C. Esta edição Enigma que ensaiamos mostrou-se bastante competente, independentemente do motor um pouco mais letárgico que outras propostas da concorrência, motivado em grande parte pela transmissão manual. Os consumos ficam-se um pouco abaixo das expectativas, ainda para mais com uma prestação como a desta motorização.

É, provavelmente, no exterior e no habitáculo que algumas diferenças se fizeram sentir para melhor, obviamente. Esta geração do Juke é, inevitavelmente, a mais competente e equilibrada da série. O Enigma faz-lhe jus, mas de enigmático tem pouco, pois como outrora afirmou Fernando Pessoa, “primeiro estranha-se, depois entranha-se” e o Juke já não nos é estranho, ainda para mais com esta alteração do visual exterior.

O novo Juke dispõe de apenas duas motorizações a gasolina, conjugadas com transmissão manual ou automática. A gama Enigma dispõe apenas da motorização menos potente e está disponível de fábrica na cor cinza no exterior e, no interior, tecido em preto e cinzento (a combinar com o exterior) conferindo-lhe uma imagem muito marcante e cativante.

Prestações do Nissan Juke Enigma

O Nissan Juke Enigma ensaiado fez-se acompanhar um motor turbo 1.0l DGI que assegura 114 cv às 5.000 rpm e 200 Nm de torque (entre as 1.750 e as 3.750 rpm) com quatro válvulas por cilindro (12 válvulas no total). Esta motorização de injeção direta é auxiliada por um turbocompressor e recorre a uma transmissão manual de seis velocidades. Este modelo permite 10,7s dos 0 – 100 km/h e velocidade máxima limitada a 180 km/h.

A caixa manual oferece um bom apoio, suave e com bom sincronismo, mas com uma sensação muito elástica e de alguma fragilidade — nada que seja comprometedor, mas que levantam alguns receios naturais — no entanto, esta conjugação poderia oferecer uma proposta menos letárgica, pelo menos, face a outras motorizações de outras gamas (não Enigma). Ainda assim, este motor é mais que suficiente para propulsionar eficazmente este Nissan Juke, só faltava alguma animosidade.

Independentemente da altura do veículo ao solo, o comportamento dinâmico do SUV é bastante acutilante e oferece um conforto e segurança compatível com outros modelos do segmento. Além disso, o modelo dispõe ainda de três modos (condução): Eco — uma proposta economizadora — Standard — para uma condução familiar — e Sport — para quem procura um motor mais reativo e preparado para todos os cenários.

Em regime WLTP, o 1.0l DGI-T oferece prestações um pouco desapontantes, ascendendo os 8l em baixo regime (acima do anunciado 7l/100 km), mesmo em ciclo alto, o consumo pode chegar aos 6,5 ou 7 litros (apesar dos 5,3l/100 km). Isto significa que, da sua parte, isto pode exigir um maior controlo do acelerador para evitar disparar os consumos. Pode facilmente deixar-se levar pelos 999 cc como algo que consome pouco, mas o Juke não se “acanha” nesta matéria.

Interior do Juke Enigma

Internamente, o Juke mudou pouco e a edição Enigma oferece um habitáculo que não peca pela excessiva modéstia, oferecendo todo o tipo de ajudas, botões e apetrechos para lidar com o veículo em movimento. Parece que a Nissan optou por não entrar na onda de exclusão de botões físicos (como acontece com outras fabricantes) e manteve alguns dos botões que consideramos essenciais para não tirar os olhos do asfalto.

O volante em pele oferece uma pega confortável (como habitual na Nissan) e vem repleto com os painéis multifunções que permitem controlar o cruise-control adaptativo, o som do rádio, entre outras funcionalidades (ex. assistente da Amazon). Este acabamento em pele estende-se pelo habitáculo ao nível do tabliê e portas acima da cintura dos ocupantes, proporcionando um conforto acima da média, que apenas é interrompido à medida que descemos até chão do automóvel (onde predominam os plásticos mais maciços).

Em matéria de tecnologia, o Juke Enigma conta com algumas das mais avanças ferramentas de auxílio e informação para o condutor. Começando pelo quadrante, o Juke oferece uma mistura entre um painel analógico para o instantâneo e rotações do motor e um painel TFT para informações extra (ex. consumos, modos de condução, etc). O sistema de infoentretenimento conta com o habitual ecrã TFT de 10 polegadas (usado pela Renault-Nissan).

Não poderíamos deixar de destacar a presença da assinatura “Enigma” que se encontra em local apropriado no modelo para nos lembrarmos da versão que temos em mão — que lhe confere aquele toque mais luxuoso. Os bancos do condutor e do passageiro são regulados em altura, profundidade e reclináveis com estofos em tecido preto e cinzento que combinam bastante bem com o modelo em questão.

Em matéria de conectividade, o Nissan Juke oferece um dos mais completos sistemas de ajuda e controlo do veículo, sendo o primeiro Nissan na Europa a vir equipado com a assistente Alexa da Amazon que permite obter informações do veículo a partir de casa, bem como, controlar remotamente determinadas funcionalidades do automóvel. Se a conectividade já era consistente na geração anterior, agora, o novo Juke estabelece um precedente para algo maior.

Design e dimensões do veículo

O novo Juke adota uma silhueta mais elegante, mais sofisticada e menos “ar de sapo” como acontecia na anterior geração ao nível da dianteira. Passando da dianteira para a traseira, a assinatura luminosa que oferece uma extorsão mais expressiva, mas com linhas mais retilíneas.

De modo a complementar a capacidade altiva do Nissan Juke incluí proteções em plástico em todo o chassi (preparando-o para todos os cenários) que acaba por dar um certo charme ao veículo. Frontalmente, a grelha é complementada por um rebordo em cromado que se prolonga até ao topo do capô, junto da assinatura luminosa. Para induzir ao espírito desportista e dinâmico, o Juke insere entradas de ar na parte mais baixa, conferindo-lhe um aspeto mais dinâmico, embora não seja verdadeiramente relevante.

Esta proposta incluí um conjunto de jantes de 19″ que combina na perfeição com as cores e exuberância do exterior do Juke Enigma, que abraça uma altura ao solo de 179 mm, colocando-o como um SUV associados aos 1,59 metros de altura. Além disso, a largura de 1,80 metros e os 4,21 metros de comprimento insinuam bem as dimensões robustas deste Nissan.

De forma idêntica ao que aconteceu no interior, no exterior, a assinatura “Enigma” está presente na traseira de forma bem evidente. Nem apenas de acabamentos é feita esta edição, mas também simbologia alusiva à proposta que a Nissan quer apresentar aos seus clientes. Antes considerado controverso, esta nova geração veio reparar os defeitos que se levantavam face à traseira e dianteira, tornando-o num modelo candidato a ser icónico no seio da marca japonesa.

Quando falamos de espaço, a bagageira oferece uma capacidade de 422l com possibilidade de expandir até aos 1088l com os bancos rebatidos. Este (espaço) deve ser mais que suficiente para trazer a sua família para todo o lado sem deixar nada para trás. Dispensando baterias — como vem sendo hábito com híbridos ou elétricos — este modelo tem uma tara de 1262 kg e um depósito de 46l pode ser suficiente para compensar aqueles consumos mais avultados (em condução mais agressiva de viagem).

Conforto de condução

É expetável de um SUV um conforto acima da média visto que estamos perante um veículo mais alto, com um maior rácio de amortecimento, o que pode proporcionar melhor conforto em viagem, no entanto, uma condução mais embalada e menos próxima do asfalto. Este modelo de segmento B disponibiliza condições de habitáculo e conforto de alguns modelos (segmento) C.

Bastante seguro, o Juke Enigma traz consigo o aperfeiçoamento de uma motorização que atende às exigências europeias, mas também mais silenciosa. Hoje em dia, a grande maioria das motorizações acabam por ser silenciosas face à qualidade dos isolantes que impedem que os ruídos parasitas invadam o habitáculo, neste modelo, ainda para mais com a presença de pele em determinadas partes do tabliê, esses ruídos acabam por ser ainda mais abafados.

Em geral, a condução do Juke torna-se simples e segura, sobretudo em autoestrada, no entanto, tenha em atenção que falamos de um veículo mais alto e isso faz-se notar em curva ou estradas mais sinuosas, no entanto, não deixa de transmitir uma sensação incrível de condução. Novamente, a Nissan está de parabéns por conseguir extrair de um modelo como este, apetitosos momentos de condução.

Veredito: Nissan Juke Enigma 1.0l

O Nissan Juke Enigma 1.0 pode ser adquirido a partir de 25.930,00€ na edição com transmissão manual ou, no caso de caixa automática, a partir de 27.530,00€. Ambas as versões contemplam diversas opções de série, no entanto, saiba que pode escolher personalização falando diretamente com a concessionária ou mesmo através do site online da Nissan.

Falamos de um modelo exclusivamente a combustão, mas que nem por isso deixa de ser uma aquisição ponderada para o dia a dia, sobretudo, se usado com o mapeamento de motor certo (o modo “Eco”, por exemplo). Claro que a recomendação deste modelo está voltada para quem costuma fazer viagens de médio curso, onde o veículo consegue otimizar os consumos de forma ótima. Além disso, a conectividade é um ponto forte na escolha deste modelo, visto que permite um vasto leque de opções de controlo e uso do seu veículo.

Para quem procura bons acabamentos — como nos velhos tempos — este Juke Enigma oferece uma proposta bastante interessante para este nicho de mercado. Motorização equilibrada com as especificações necessárias para o dia a dia e passeios ocasionais mais “animados”. A partir daqui, pode considerar outras alternativas dentro da gama Nissan Juke.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui