Desde que me lembro que o motor de pesquisa dos dispositivos da Apple é o Google, Nem sei se houve alguma época em que não foi, mas não há dúvidas que a Google tem estado na linha da frente como motor de pesquisa desde que os iPhones têm conquistado o mercado.
Ora, um dos grandes mistérios é quanto é que a Google paga à Apple para se manter como motor de pesquisa? Sempre foi algo muito falado, mas sem confirmação oficial, e até se chegou a falar da possibilidade do Bing “roubar” o lugar da Google, mas o que acabou por nunca acontecer. Mas, finalmente, agora já sabemos quanto é que a Google paga!
A gigantesca quantia de 20 mil milhões de dólares é o preço que o Google pagou à Apple em 2022 para manter-se como o motor de busca padrão nos dispositivos da gigante de Cupertino. Esta revelação vem de documentos recém-divulgados no caso antitruste que o Departamento de Justiça dos EUA mantém contra o Google, destacando um aumento significativo em relação aos $18 bilhões pagos em 2021.
Este incremento de mais de um bilhão por mês ilustra não só o valor estratégico desse acordo para o Google mas também a sua disposição em pagar um prêmio para garantir sua posição dominante.
Transparência e Implicações Legais
O detalhamento destes pagamentos vem em um momento crítico, pois tanto Google quanto Apple têm mantido estes números longe dos olhares do público e dos registros na SEC. A divulgação pública destes detalhes, portanto, é um grande acontecimento e lança uma luz sobre as práticas que o Departamento de Justiça dos EUA classifica como monopólicas.
No tribunal, executivos da Apple foram enigmáticos quanto aos detalhes do pagamento, referindo-se apenas a “bilhões” pagos pelo Google. No entanto, um deslize de uma testemunha revelou que o Google pagava 36% das receitas que obtinha através dos anúncios de busca no Safari. Este acordo não só é lucrativo para a Apple, estimando-se que compõe cerca de 15% do seu lucro operacional em 2021, como também é fundamental para a posição de mercado do Google.
A Relação entre Gigantes Tecnológicos
Além das enormes cifras envolvidas, os documentos judiciais destacam a complexidade da relação entre Google e Apple. Em 2018, Don Harrison, presidente de parcerias globais e desenvolvimento corporativo do Google, mencionou em um e-mail que Tim Cook, CEO da Apple, visualizava as duas empresas como “parceiras profundas”, numa interconexão quase inseparável entre os serviços da Apple e do Google.
Apesar dessa parceria estratégica, não faltam momentos de tensão, especialmente porque Google e Apple também são concorrentes diretos no mercado de smartphones e outros dispositivos tecnológicos. Esta dinâmica dualista adiciona uma camada de complexidade às suas interações e ao escrutínio legal que ambas enfrentam.
Desdobramentos Legais e de Mercado
As argumentações finais no caso antitruste contra o Google estão acontecendo esta semana, com o Departamento de Justiça argumentando que o Google está mantendo ilegalmente seu domínio no mercado de motores de busca. Paralelamente, a Apple enfrenta seu próprio processo antitruste, acusada de manter um monopólio ilegal no mercado de smartphones ao prejudicar as ofertas de concorrentes — uma acusação que também nega.
Este caso não só tem implicações diretas para Google e Apple, mas também para o setor de tecnologia como um todo, redefinindo possivelmente as práticas comerciais e as parcerias estratégicas neste mercado altamente competitivo. A resolução deste caso poderá ditar novos padrões para acordos comerciais e práticas anticompetitivas, impactando diretamente a estratégia de empresas tecnológicas globalmente.