Ensaio do Ford Fiesta ST-Line X 1.0l Ecoboost MHEV: Review

O Fiesta marca várias gerações por se apresentar como um hatchback mais acessível, mas bastante divertido de se conduzir. A história começou a fazer-se em 1976 e quase 45 anos depois continua a fazer história. A Ford não dá abébias e os renovados motores Ecoboost 1.0l saem vitoriosos do teste do tempo — integrando agora um sistema mild-hybrid que lhe permite manter-se a par da concorrência — este que já era um motor tricilindrico surpreendente.

Ensaiámos o Fiesta ST-Line X na sua versão híbrida que procura disputar o segmento B com um motor a rigor. O modelo que tivemos oportunidade de conduzir dispõe de uma motorização com 155 cv (de potência combinada) e que foi também usado pelo Ford Focus na sua edição ST. Este Fiesta apesar de contar, desta vez, com uma geração com ST-Line ainda não pode ser considerado uma edição desportiva, no entanto, oferece regimes curiosos para um modelo que não se afirma como um desportivo de gema.

Adaptando-se ao seu estilo de condução, a gama ST-Line X dispõe de outras configurações da força motriz, podendo abdicar do extra de potência — conseguido pela presença de um turbo mais potente — e optar por um motor que recorre a uma transmissão automática de sete velocidades de apenas 125 cv ou até manter a caixa manual junta com os mesmos 125 cv. Em alternativa, se não pretende adquirir um veículo híbrido, existe ainda a opção de 100 cv recorrendo exclusivamente ao motor turbo alimentado de 1.0l.

Prestação do Fiesta ST-Line X

O ST-Line X conta, como mencionado, com o renovado motor Ecoboost 1.0 que conta com uma solução híbrida de modo a garantir consumos mais baixos e auxiliar os três cilindros do bloco em determinadas situações (como ultrapassagens). Esta motorização turbo de 1.0l garante 155 cv às 6.000 rpm e um binário de 190 Nm logo a partir das 1.750 rpm, no entanto, graças ao motor elétrico de 16 cv (12 kW) alimentado por uma bateria de 48V permite aumentar o torque entre 20 Nm a 50 Nm — no modo overboost — o que faz com que às 2.500 rpm, o ST-Line X consiga um binário máximo de 240 Nm permitindo uma redução na compressão do turbo — logo mais eficiência.

Isto associado a uma transmissão manual de seis velocidades permite que o Ford Fiesta ST-Line X consiga fazer dos 0 – 100 km/h em 8,9s alcançando uma velocidade máxima de 211 km/h, conseguidos pelo facto de o motor elétrico permitir manter em regimes altos a potência num patamar bastante elevado. Segundo a Ford, a presença deste pequeno motor elétrico permitiu que com um turbo maior e uma menor taxa de compressão, se conseguisse mitigar o atraso da resposta do turbo em aceleração o arranque e melhorar a eficiência geral do motor.

Esta transmissão de seis velocidades que conta com um bom sincronismo e alguma elasticidade na troca de marcha, casa com o motor Ecoboost de 155 cv de uma forma bastante animadora e consegue proporcionar boas sensações ao volante deste Fiesta. Ainda para mais com uma ajuda híbrida à mistura, onde notamos um acelerador mais sensível e responsivo que não tira nenhum mérito ao trabalho da mecânica do Ecoboost 1.0l, aliás incentiva a conduzi-lo num regime mais elevado (dentro dos limites legais) sem extravasar os consumos — que no caso das motorizações a gasolina têm uma ligeira tendência para exagerar na festa.

O único ponto negativo que verificamos é a presença do ruído característico de uma motorização tricilindrica — mas nada que se compare com os primórdios deste motor, que era considerado desequilibrado — mas que em nada compromete a proposta de valor do Fiesta. Mais à frente, falaremos do porquê de mencionarmos o ruído neste veículo.

Em matéria de consumos reais, o 1.0l Ecoboost oferece prestações mais interessantes, ascendendo aos 6.9l em baixo regime, em ciclos moderados conseguimos consumos na ordem dos 6.4l o que é bastante positivo, em regimes altos (no cumprimento dos limites de velocidade) conseguimos médias em torno 5.8l. Contudo, apesar da componente híbrida, em regimes bastante elevados, os consumos foram catapultados para perto dos 7.0 e alguns casos quase 8.0l. Claro está que a grande maioria dos condutores não terá de se preocupar com os consumos, pois a gestão é normalmente bem-feita, dependendo da sua sensibilidade ao acelerador e da velocidade que pratica e claro, dos modos de condução aos quais recorre — Sport, Normal ou Eco.

Interior do ST-Line X

Ao contrário das prestações, o interior acabou por desiludir na generalidade, pois somos confrontados com o interior bastante datado, um aspeto estético ainda do início da quarta geração do Fiesta. Os botões físicos ainda marcam presença — o que acaba por ser positivo, em especial, para os puristas — mas com um sistema de infoentretenimento também ele datado.

O compromisso com a qualidade dos materiais não foi afetado, no entanto, a escolha poderia ter passado por algumas zonas mais suaves ao toque ao nível do tronco (e zona dos braços), mas, em geral, não vemos problemas de materiais que abanam ou com folgas. Independente disso, a Ford poderia ter-se esmerado mais em arranjar soluções de acabamento que insonorizassem melhor os ruídos do motor, pois como frisamos anteriormente, as unidades de potência de três cilindros são frequentemente mais barulhentas em virtude de conseguirem regimes semelhantes aos blocos de quatro cilindros.

Tirando esses defeitos, o Fiesta ST-Line X proporciona uma comodidade para o condutor e para os passageiros, contando com bancos em tecido e pele que cumprem o seu papel, mas sobretudo, a pega do volante (sendo em pele) e consegue ser bastante confortável. Em termos tecnológicos não existe muito a acrescentar, pois, os botões físicos já dizem alguma coisa sobre o pensamento da Ford para este Fiesta. Tem tudo à distância de poucos cliques e sem perder muito tempo à procura daquilo que precisa — praticidade e segurança — pois não tem de tirar os olhos da estrada. Incorpora Apple Car Play e Android Auto.

Todas as ajudas do modelo estão devidamente enquadradas no habitáculo para que o condutor consiga aceder a todas elas com a maior rapidez que for possível bem como com a maior segurança de modo a garantir que está sempre no controlo da ação. O Ford Fiesta é um modelo seguro, mas deve sempre adaptar o veículo ao seu estilo de condução, pois a versatilidade do modelo também se pode tornar um inimigo se não tiver a noção do que estiver a fazer.

Design e dimensões do veículo

Ao passar para o exterior, o Fiesta ST-Line X conta com a assinatura ST que está presente nos modelos mais desportivos da Ford, mas nem por isso pode ser chamado desportivo. A presença desta assinatura demonstra apenas o compromisso com uma versão mais potente e dinâmica do Fiesta.

Este modelo conta com uma jante de 17” em cinza que se enquadra bem no aspeto exterior do ST-Line X, mas se optar por incluir um pequeno estabilizador traseiro (como opcional) não se perde nada em matéria de design, aliás confere-lhe um aspeto ainda mais dinâmico. Em termos de dimensões, o pacote fica completo por uma altura de 1,48 metros, 4,04 metros de comprimento e 1,73 metros de largura.

Em termos de espaço, a bagageira oferece uma capacidade para 292l com possibilidade de expandir até aos 1093l com os bancos rebatidos — um espaço que não foi prejudicado pela presença da parte elétrica do conjunto híbrido. Em matéria de espaço, este modelo não deve ser um obstáculo, pois os 292 litros já oferecem um espaço generoso de arrumação para uma viagem. O Fiesta ST-Line tem uma tara de 1144 kg e um depósito de 42l que devem permitir uma autonomia interessante dados os consumos e o peso do veículo, dependendo do seu estilo de condução.

Conforto de condução

O Ford Fiesta ST-Line X integra uma suspensão McPherson Strut e Multi-Link na traseira para maior conforto que conjugado com os confortáveis bancos em pele e tecido maximizam o prazer de condução do veículo. Dinâmico, este ST-Line configura uma abordagem mais desportiva, mas nunca abdicando de consumos e conforto como não poderia ser num motor Ecoboost.

Parte deste conforto é conseguido pela segurança proporcionada por este Fiesta que conta com alguns dos mais avançados sistemas de assistência ao condutor num modelo de segmento B. Espírito mais dinâmico, passamos bons momentos em determinadas estradas portuguesas, em particular em vias rápidas e estradas nacionais, onde o comportamento do veículo foi mais carismático, pois em autoestrada, a única falha põe-se na insonorização.

Atendendo à nossa experiência com o Fiesta com jante de 17″, em regime de autoestrada e nacionais, não notámos grandes problemas, o que demonstra um bom trabalho da carroceria e da suspensão na manutenção do automóvel junto do asfalto, mesmo em curvas mais sinuosas. Aqui, os 155 cv tiveram um papel importante na garantia da potência e capacidade de ultrapassagem necessários (em nacionais, pelo menos) para ultrapassagens seguras e que não comprometem a seguranças dos outros veículos na estrada.

Veredito: Ford Fiesta ST-Line X 1.0l Ecoboost MHEV

O Fiesta ST-Line X com motor Ecoboost 1.0l pode ser adquirido a partir de 21.924,25€ para a versão não híbrida de 100 cv ou híbrida de 125 cv (manual com seis velocidades) a partir de 23.487,07€. O modelo que tivemos oportunidade de ensaiar custa na sua versão mais básica (com 155 cv), 23.994,51€. Contudo, com alguns extras pode chegar facilmente perto dos 25 mil e poucos euros.

Na nossa modesta opinião, se a sua prioridade passa por baixar ainda mais os consumos que mencionamos, a solução de 125 cv pode ser uma opção, no entanto, por mais 500 euros, os 155 cv dão aquele toque final para um desempenho bastante melhor na altura de garantir que consegue fugir a uma situação de acidente com maior rapidez, uma ultrapassagem mais rápida sem muito atraso por parte do turbo. Claro está, o consumo fica-se próximo daquilo que conseguimos e expusemos acima. Os modos de condução também desempenham um papel fundamental.

Para quem procura conforto e alguma emoção este mild-hybrid da Ford apresenta-se como uma proposta bastante atrativa dentro do segmento B e por um preço inferior a 26 mil euros. A motorização Ecoboost de 1.0l está melhor que nunca e pensada para o dia-a-dia do condutor, tornando-se versátil pela habilidade de se adaptar ao regime e cenário pretendido — seja em viagem, em cidade ou deslocações entre cidades vizinhas — favorecendo-o em relação a outros fabricantes.

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