Análise Huawei P40 Pro: Volta a revolucionar fotografia (mas sem Google)

A Huawei é uma das principais fabricantes de smartphones, sendo que já se encontrava em segundo lugar no ranking, mas devido à guerra económica entre os EUA e a China que temos vindo a noticiar, enfrentou dificuldades que não esperava e, muito provavelmente devido a isso, desceu para o terceiro lugar a nível mundial. No entanto, há uma área que temos de lhes dar créditos, que é na área da fotografia mobile. (Vídeo mais em baixo)

A Huawei começou a revolucionar a área da fotografia nos smartphones e desde à vários anos que se tem destacado da concorrência. É verdade que a concorrência tem-se aproximado, mas continua um pouco à frente, demonstrando que a parceria com a Leica deu excelentes frutos. Agora enfrenta um problema complicado, que é a falta de parceria com a Google, mas não é por isso que deixa de fabricar smartphones de grande qualidade.

A guerra aberta declarada pelos EUA à China e que arrastou a Huawei, está a causar dificuldades à fabricante chinesa e até obrigou à criação em tempo record de diversos serviços para poder substituir todos os serviços essenciais da Google e que fazem parte integrante de todos os equipamentos com Android. A Huawei Mobile Services (HMS) estreou-se com o Huawei Mate 30, mas é com o P40, o modelo topo de gama mais vendido, que leva ao teste mais a sério.

Hoje vamos analisar o mais recente Huawei P40 Pro, sem deixar de lado o Huawei Mobile Service.

Vídeo: Análise Samsung Galaxy S20 Plus

Especificações

  • Dimensões: 158.2 x 72.6 x 9 mm
  • Peso: 209 g
  • Sistema Operativo: EMUI 10.1 baseado no Android (AOSP + HMS)
  • Ecrã: 6.58” AMOLED, 1200 x 2640 pixels de resolução, HDR10 e 90Hz
  • Câmara traseira: 50 MP, f/1.9, 23mm (wide), 1/1.28″, 2.44µm, omnidirectional PDAF, OIS; Periscópico 12 MP, f/3.4, 125mm (telephoto), PDAF, OIS, 5x optical zoom; Ultrawide 40 MP, f/1.8, 18mm, 1/1.54″, PDAF; TOF 3D (depth)
  • Câmara frontal: 32 MP, f/2.2, 26mm (wide), 1/2.8″, 0.8µm, AF e IR TOF 3D, (depth/biometrics sensor)
  • Processador: HiSilicon Kirin 990 5G (7 nm+), Octa-core (2×2.86 GHz Cortex-A76, 2×2.36 GHz Cortex-A76 e 4×1.95 GHz Cortex-A55)
  • GPU: Mali-G76 MP16;
  • Memória RAM: 8 GB RAM;
  • Armazenamento interno: 128/256/512 GB
  • NM (Nano Memory)
  • Conetividade: Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac/ax, dual-band, Wi-Fi Direct, hotspot
  • GPS:  dual-band A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO, QZSS, NavIC
  • Bluetooth 5.1, A2DP, LE;
  • USB: 3.1, Type-C 1.0
  • Bateria: 4200 mAh de capacidade; Fast charging 40W, USB Power Delivery 3.0, Fast wireless charging 27W, Fast reverse wireless charging 27W

Design e Ecrã

O Huawei P40 Pro conta com auriculares e o carregamento rápido que nos tem vindo a habituar, mas além do grande tamanho das câmaras, que conta com quatro sensores, há uma coisa que se destaca logo que pegamos no smartphone: as suas dimensões e o seu peso. O equipamento em sim tem o tamanho, digamos normal, mas o peso e a espessura do smartphone é manifestamente superior ao que nos temos vindo a habituar (já para não falar da espessura da área das câmaras que é brutalmente grande e acompanhar um dos pontos negativos do Samsung Galaxy S20 Ultra).

Mas regressando ao design, não há dúvidas que o design é excelente, com acabamentos de elevadíssima qualidade, no entanto, achamos que o design não é muito diferente do que a fabricante chinesa já nos tem vindo a habituar nos últimos anos. É verdade que não há grande coisa para mudar a um design já muito bom, sendo claro que a aposta da fabricante este ano não foi no design, mas no melhoramento do ecrã e das câmaras. Por isso passamos já para o ecrã.

Assim que pego no smartphone e ligo o telemóvel pensei: O que é isto? é verdade que queremos ecrãs grandes, o maior possível e que o notch claramente já está em desuso, com grande parte das fabricantes a passarem para os ecrãs perfurados para colocar a(s) câmara(s), mas sem dúvida que este é enorme. Se não for, não estará muito longe, de ser o smartphone com mais espaço ocupado no meio do ecrã para as câmaras frontais. É verdade que além das duas câmaras, temos diversos sensores, como infravermelhos que oferecem uma qualidade de reconhecimento facial muito bom, mas sem dúvida que este espaço ocupado é demasiado grande. Nem a Samsung, que já ocupa bastante espaço, utiliza uma tamanho tão grande.

No entanto, temos de comparar os sensores presentes no Huawei P40 Pro não com a Samsung, que “apenas” tem os sensores mais básicos e as câmaras frontais, mas com a Apple e o seu iPhone. Não há como negar que o notch do iPhone é enorme e espera-se mesmo que a Apple venha a reduzir o seu tamanho no próximo iPhone 12, e o Huawei P40 Pro é a prova de que isso é possível e que é possível colocar todos os sensores essenciais para termos um reconhecimento facial com segurança, num espaço mais pequeno.

Apesar disso, o aspeto a seguir é, obviamente as laterais do ecrã que surpreendem pelo seu formato em cascata e que oferecem uma visão mais infinita do ecrã, parecendo mesmo que o equipamento não tem qualquer margem nas laterais. Sem dúvida, muito bem conseguida, que a Huawei decidiu oferecer uma nova funcionalidade e que permite abrir uns atalhos se deslizarmos os dedos dessa direção, uma funcionalidade muito similar ao que a Samsung já oferece a partir das laterais.

Mas, voltando os olhos para o ecrã, aqui nota-se que a Huawei está a aproximar-se a passos largos da Samsung. Até há pouco tempo, não havia dúvidas que a fabricante sul-coreana é a melhor nesta área, mas com a adoção dos ecrãs AMOLED pela Huawei, vemos uma grande aproximação nesta área, talvez ainda a única que a fabricante chinesa fica claramente atrás (mas cada vez mais perto).

 

Desempenho

Em termos de desempenho nada há a apontar (negativamente), aliás como é esperado num smartphone topo de gama. Estranho era se fosse diferente. O Kirin 990 é o processador mais poderosa, até ao momento, da Huawei, que com a sua empresa Hisilicon começou a fabricar os seus próprios processadores já há alguns anos e lhes tem permitido oferecer equipamentos poderosos e rápidos. O Kirin é, normalmente, lançado em outubro e chega ao mercado na gama Mate, sendo que nos testes de desempenho coloca-se logo nos primeiros lugares, até porque os processadores topo de gama da Samsung (Exynos) e da Qualcomm (Snapdragon) apenas chegam ao mercado no início de fevereiro (normalmente ambos os processadores na gama Galaxy S.

Dessa forma, o smartphone oferece uma excelente qualidade, sem qualquer arrasto e um ecrã de 90 Hz também ajuda a termos uma fluidez incrível no smartphone. É verdade que não se compara com os 120Hz do Galaxy S20 Pro, que já analisamos, mas em contrapartida a bateria também se mantém a um bom nível. Aliás, podemos já falar da bateria, que nos últimos anos tem sido um dos pontos positivos da Huawei.

Apesar de utilizarmos melhores ecrãs e melhores processadores, a duração das bateria nos smartphones Huawei continuam a ser excelentes. Mais uma vez, e tenho uma utilização bem profissional, o smartphone dura-me dois dias, o que é muito raro, mesmo nesta gama. Aliás, antes, grande parte dos smartphones, com a minha utilização, por vezes nem duravam um dia (por isso é que não tenho nem penso ter um iPhone). Sendo que outra das áreas que a Huawei também se tem destacado é nos carregamentos rápidos.

Mais uma vez, o Huawei P40 Pro coloca-se à frente da concorrência e olhando, novamente, para o Samsung Galaxy S20 Pro, em termos de carregamento a fabricante chinesa é muito melhor. Oferece um carregamento rápido de 40W que torna o que já parecia rápido, supersónico. Mais uma vez, não dá para explicar o quão rápido o smartphone é carregado. Mas, desta vez, isto também acontece no carregamento sem fios.

Nesta última área não tivémos oportunidade de experimentar, no entanto, e olhando para os números divulgados, o carregamento rápido é de 27W, bem como o carregamento reversível por wireless. Comparando, mais uma vez, com a Samsung, esta oferece carregamento rápido por cabo de 25W, portanto, em teoria, até é superior, mas se o carregamento por wireless for igual ao carregamento por cabo do smartphone concorrente, já é incrível o suficiente para ficarmos surpreendidos.

Outra área onde a Huawei sempre foi boa foi nos sensores de impressão digital. Se nos sensores convencionais foi a primeira fabricante a ter um sensor mais perto da perfeição, também em termos de sensores por baixo do ecrã foi uma das primeiras fabricantes a lançar-se no mercado e com uma qualidade muito boa. Não, o Huawei P40 Pro não tem um sensor de impressões digitais tão rápido como um sensor biométrico normal dos smartphones de gerações anteriores, mas é muito rápido, melhor que o Galaxy S20 Pro e, principalmente neste aspeto, muito mais certeiro e com uma taxa de acerto muito melhor. Creio que falhou-me uma vez por cada 20 tentativas. Incrível.

Quanto ao jack de 3,5mm também não o encontramos, mas não ficamos tão surpreendidos, pois é uma decisão que a fabricante já tomou no ano passado.

Câmara

Poderíamos dizer que a Huawei não nos surpreende na área das câmaras. Não por ser de má qualidade, mas sim porque, mais uma vez, a Huawei volta a inovar na área da fotografia mobile e quando se pensa que já temos o melhor que há, a Huawei volta a mostrar que é possível ir mais além e, mais uma vez, coloca-se no topo do DxOMark, um dos principais especialistas na área das câmaras para smartphones.

Há que ressalvar duas coisas: há dois excelentes smartphones por analisar. Um deles é o Huawei P40 Pro Plus, sendo que o Samsung Galaxy S20 Ultra também promete um desempenho de grande nível e, finalmente, a Huawei encontra uma competição ao seu nível. No entanto, não há grandes dúvidas que a Huawei continua a ser uma das melhores câmaras para smartphone.

Uma coisa é certa: a parceria da Huawei com a Leica tem vindo a dar frutos e desde essa altura a fabricante chinesa tem-se colocado no topo deste segmento em claro destaque da concorrência, sendo que nos últimos anos, o foco mudou-se para o zoom e começamos a ver que além dos smartphones terem qualidade, a mesma qualidade é obtida mesmo quando utilizamos o zoom do smartphone e isto é, sem dúvida, incrível. Se, até há pouco tempo, as câmaras eram excelentes, mas quando fazíamos zoom a qualidade ia logo a baixo, agora já não é assim e com o novo Huawei P40 Pro, o zoom até 10x fica com bastante qualidade e capta muito detalhe.

Ficamos impressionados com esse resultado, mesmo à noite, que continua a ser um dos desafios dos smartphones, o zoom até 5x ficou bastante decente (e já nem vou falar da qualidade fotografia com pouca luminosidade que continua a um grande nível). Portanto, resumindo, não há grandes dúvidas que o Huawei P40 Pro é uma das melhores câmaras do mercado atual.

Zoom

Fotos Noturnas

Fotos

Huawei Mobile Services

É impossível não falar do grande problema que a Huawei está a enfrentar, que é a falta dos Google Mobile Services e que é um dos fatores principais porque todos utilizam smartphones Android: os serviços da Google e todas as aplicações associadas. A guerra comercial entre os EUA e a China levaram a Huawei (e não só) a sofrerem consequências que não previam, sendo a que os consumidores mais notam a impossibilidade de a fabricante chinesa negociar com o Google.

Desta forma, desde o ano passado, os novos smartphones deixaram de ter o Google Services instalados nos seus smartphones o que levou que a Huawei tivesse de correr e fazer um grande investimento para criar as mais variadas aplicações para substituírem os da Google. Houve coisas mais fáceis, como um browser, ficheiros galeria, música, armazenamento na nuvem, entre outros, que em alguns casos a própria Huawei já tinha aplicações próprias. Mas houve outras bem mais complexas.

Uma das soluções foi realizar várias parcerias, como com a Microsoft, para que os seus smartphones contassem com aplicações pré-instaladas que nos podem fazer falta, como um editor de ficheiros word ou excel, e até um motor de pesquisa. Mas a grande dificuldade é, sem dúvida, as aplicações. É verdade que a Huawei já tinha a sua própria loja, no entanto tem em falta muitas das principais aplicações e durante estes últimos dois anos tem levado a cabo diversas negociações para que mais aplicações cheguem à sua loja de aplicações e, dessa forma, fez grandes investimentos e parceria e conseguiu tornar-se a terceira loja de aplicações do mundo, ultrapassando a Aptoide, loja de aplicações portuguesa e que até chegou a ser falada para uma parceria com a Huawei.

Procurámos aplicações como o Facebook, Twitter, além das muitos utilizadas aplicações da Google e não estão disponíveis na AppGalery. Aliás, mais de metade das aplicações que mais utilizo, não estão disponíveis na loja de aplicações da Huawei, o que torna uma mudança efetiva para este smartphone complicada. No entanto, por ser um smartphone Android, o ideal é utilizar a aplicação Phone Clone.

O Phone Clone é, sem dúvida, o nosso melhor amigo e esta aplicação permitirá passar todas as aplicações do nosso smartphone antigo par ao novo, mesmo que não estejam disponíveis na AppGalery. Quer todas, sem contar com as aplicações da Google, obviamente. Mas, desta forma, conseguimos com que aplicações como o Facebook ou o Twitter, que ainda não estão presentes na loja de aplicações da Huawei, passem a estar no nosso smartphone.

Mas temos de admitir: os humanos são, por natureza resistentes à mudança, mas se forem com uma mente aberta, encontraram várias alternativas. É possível utilizar a sua conta do gmail noutras aplicações de email, bem como outros serviços de Google Maps, bloco de notas, entre muitas outras. Não haja dúvidas, por cada aplicação que não tenha na AppGalery, haverá sempre alternativas fiáveis. Como em tudo, algumas melhores, outras nem por isso.

Como o Huawei P40 Pro, e todos os smartphones Huawei, por enquanto, utilizam o Android na versão base e sem aplicações da Google, por isso foi encontrado forma de instalar as aplicações do Google, tal como já se tinha de fazer em smartphones importados da China. Sinceramente, não será por não ter os Google Services pré-instalados que irei deixar de ter um smartphone da Huawei, pois existe forma de colocar essas aplicações. Para isso, deixo-vos um tutorial do AndroidGeek para instalar os Google Mobile Services nos smartphones Huawei, e que demonstra que é possível. Não é fácil, mas com este tipo de tutoriais é exequível.

Veredito: Huawei P40 Pro

Não há dúvidas que estamos perante um dos melhores smartphones do mercado, onde a Huawei já nos tem habituado a excelentes designs dos equipamentos, e o ecrã também está cada vez melhor. Mas, é nas câmaras que a Huawei está claramente à frente da concorrência. As câmaras têm um desempenho excelente e o zoom está cada vez melhor.

Apesar da espessura da câmara, que como sabem não sou adepto, apesar de saber que não poderemos ter smartphones com câmaras de grande qualidade, sem termos de “perder” nesta área, é mesmo a falta dos serviços Google que ira impedir o Huawei P40 Pro de ser um grande sucesso como os antecessores.

A Huawei está a fazer um grande investimento e sem dúvida que existem poucas empresas que conseguem oferecer uma panóplia de serviços em tão pouco tempo, mas obviamente que o Huawei Mobile Services ainda têm de evoluir um pouco mais. Mas digo-vos já. Não é pela falta dos Google Mobile Services que não irei optar por um Huawei, até porque já existe forma de colocar os Google Services nos equipamentos.

Pontos a Favor:

  • Câmaras excepcionais
  • Zoom com excelentes detalhes
  • Ecrã
  • Design

Pontos Contra:

  • HMS ainda tem de evoluir
  • Falta dos Google Services
  • Espessura da Câmara

Desde já agradecemos à Huawei por nos ter disponibilizado o Huawei P40 Pro para teste, sendo que o modelo já se encontra à venda em Portugal por 1049€.

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