Tribunal brasileiro ordena retirada do Filme do Porta dos Fundos, mas é revogada pelo Supremo

Vésperas de Natal e são muitos os canais que dedicam a sua programação à época. Foi o caso do canal Porta dos Fundos que criou um filme Especial de Natal com o título “A primeira Tentação de Cristo”, na Netflix. Neste filme a personagem de Jesus Cristo é homossexual. O filme não provocou só gargalhadas.

Muitos se opuseram e criticaram, de tal forma que a Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura interpôs mesmo uma providência e o Tribunal ordenou a retirada do filme e aplicou uma multa de 33 mil euros por dia. Enquanto o filme estiver disponível a multa aplica-se. Foi na passada terça-feira que o Juiz Desembargador Benedito Abicair, no Rio de Janeiro ditou a ordem. Foi exatamente este mesmo juiz que absolveu Jair Bolsonaro de homofobia em 2011 quando este ainda não era presidente do Brasil.

O filme centra-se na celebração do dia de aniversário de 30 aos de Jesus Cristo quando este apresenta à sua família o seu convidado especial: o namorado Orlando.

Esta sátira bíblica pode sair bastante cara à Porta dos Fundos que já sofreu a revolta das pessoas quando na véspera de Natal a sua sede foi atacada com coktails molotov. Não houve feridos a registar na sequência destes desacatos. Alguns deputados também manifestaram a sua reprovação a esta comédia negra que obviamente toca no que de mais profundo as pessoas têm: a sua fé. É muito ténue a linha que separa o que é aceitável e o que não é e cabe aos tribunais decidirem se na comédia vale tudo ou se também aí há limites.

O filme conta com os humoristas Gregório Duvivier e Fáio Porchat e é considerado irreverente. Encontra-se legendado em inglês, espanhol, francês e português do Brasil.

A ordem já foi revogada pelo supremo

Como seria de esperar, tendo em conta a liberdade de imprensa, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu revogar, na passada quinta-feira, a decisão do tribunal que indicava que a Netflix tinha de retirar o filme do ar.

“Não se descuida da relevância do respeito à fé cristã (assim como de todas as demais crenças religiosas ou a ausência dela). Não é de se supor, contudo, que uma sátira humorística tenha o condão de abalar valores da fé cristã, cuja existência retrocede há mais de 2 (dois) mil anos, estando insculpida na crença da maioria dos cidadãos brasileiros”, concluiu o Presidente do Supreno Tribunal de Justiça do Brasil, Dia Toffoli.

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