Alice, um avião desenvolvido pela empresa israelense Eviation, passou por intensivos testes na passada semana no Aeroporto Municipal de Arlington, no norte de Seattle, e agora prepara-se para começar a voar.
Com tecnologia de bateria semelhante à de um carro elétrico ou de um smartphone, demora 30 minutos de carregamento, o avião Alice, leva até nove passageiros, poderá voar durante uma hora, percorrendo cerca de 440 milhas náuticas (cerca de 815 quilómetros). O avião vai oferecer uma experiência de luxo aos seus passageiros, pois viajarão em assentos individuais com janelas panorâmicas de 22 polegadas, para poderem comtemplar a viagem.
O avião tem uma velocidade máxima de cruzeiro de 250 nós, ou 287 milhas por hora. Para referência, um Boeing 737 tem uma velocidade máxima de cruzeiro de 588 milhas por hora. A empresa, focada exclusivamente em viagens aéreas elétricas, espera que aviões elétricos com capacidade para 20 a 40 passageiros sejam uma realidade dentro de sete a dez anos.
A Eviation construiu fez três versões do protótipo. A versão “commuter” que transporta nove passageiros e dois pilotos. A versão executiva, que tem seis assentos para garantir mais espaço aos passageiros. E há uma versão destinada a carga, que consegue transportar 137 metros cúbicos.
Tudo isso é possível com redução de até 70% nos custos de manutenção e operação dos jatos comerciais, segundo a empresa. A empresa já recebeu 12 pedidos de encomenda da DHL, sendo que estes aparelhos devem ser entregues em 2024.
O sector da aviação elétrica está a ter cada vez mais concorrência já que, ao longo do tempo têm aparecidos diversas startups e empresas de aviação. A NASA doou US$ 253 milhões em setembro de 2021 para a GE Aviation e a magniX para levar a tecnologia às frotas dos EUA até 2035. A Boeing está a investir US$ 450 milhões na Wisk Aero, uma empresa que constrói uma nave totalmente elétrica e autónoma, e a Airbus está a trabalhar nos seus próprios transportes de aviação elétrica desde 2010.
Algumas incoerências:
Se a velocidade máxima de cruzeiro é de 287 milhas por hora (462km/h), numa hora percorrerá 287 milhas (462km). Portanto, se a sua autonomia é de 1 hora, não poderá percorrer nesse tempo, 440 milhas náuticas (815km).
Mas a maior incoerência de todas e não me refiro a esta matéria, é quase tudo que se fala sobre a mobilidade elétrica. Esta, só será limpa quando 100% da produção de eletricidade provenha de fontes limpas e renováveis. Idem para a produção do hidrogênio, que no meu entender será o futuro da aviação de longo curso.
Olá Pedro.
Agradecemos a sua observação que mereceu a nossa maior atenção.
Em primeiro lugar, o facto de a velocidade máxima de cruzeiro ser de 462 km/h não implica que o avião tenha de circular a essa velocidade. Esta situação, como em qualquer outro veículo, implica uma velocidade máxima constante (“cruzeiro”). É referido que a autonomia pode chegar até aos 815 km, o que significa que deverá ser a uma velocidade inferior.
Não temos dados suficiente para garantir este tipo de informações, mas é como num automóvel (ainda que as diferenças sejam evidentes). Um veículo de combustão, regra geral consome mais combustível a circular a uma velocidade constante de 120 km/h do que entre os 80 e 90 km/h (ignorando a rotação ótima).
Este avião não tem de circular sempre a 462 km/h, pelo que a uma velocidade menor (e não precisa de ser metade) poderá facilmente alcançar 815 km (e obviamente que isso não será feito em uma hora). Quando é referido uma hora de autonomia prevê-se que seja a 462 km/h, o que permitirá apenas 462 km.
Em relação ao segundo ponto, estamos em total acordo com o seu ponto-de-vista. Esperemos que o futuro nos leve a tecnologias mais inovadores tanto do lado da combustão como das células de combustível (nomeadamente, ao nível do hidrogénio).
Esperamos ter ajudado a desmistificar as possíveis incoerências.
Continue a acompanhar-nos!