A Dança do Poder Tecnológico: O Embate Chip a Chip entre EUA e China

Num mundo onde a tecnologia é a espinha dorsal de quase todas as atividades humanas, não é de estranhar que as superpotências globais estejam em constante competição para assegurar a sua hegemonia neste campo. EUA e China, dois gigantes na arena internacional, têm protagonizado um jogo de xadrez tecnológico que vai muito além do mero comércio de dispositivos e chips. Este embate é uma narrativa de desconfiança e estratégia, onde cada movimento é calculado com precisão e as consequências podem redefinir o equilíbrio do poder tecnológico global.

Nos últimos anos, assistimos a uma série de proibições e sanções que refletem a tensão crescente entre estas duas nações. Em 2018, os EUA, sob a administração de Donald Trump, sancionaram a ZTE e a Huawei, duas gigantes tecnológicas chinesas, restringindo o uso dos seus equipamentos de telecomunicações e aconselhando aliados a seguir o mesmo caminho. Este foi um golpe significativo, mas apenas o prelúdio de uma série de ações que viriam a caracterizar a relação entre os dois países.

Avançando no tempo, em março de 2023, a China respondeu com uma jogada semelhante, iniciando uma investigação sobre a Micron Technology, o maior fabricante de chips DRAM dos EUA, sob a suspeita de que estes produtos poderiam representar uma ameaça à segurança nacional chinesa. O resultado foi previsível: a China proibiu a venda de chips DRAM da Micron para empresas chinesas.

Mas a história não termina aqui. A China decidiu também banir o uso de processadores fabricados pela Intel e pela AMD nos computadores governamentais e administrativos, uma clara manifestação de desconfiança em relação à tecnologia americana. Além disso, o software estrangeiro, incluindo o sistema operativo Microsoft Windows e bases de dados não chinesas, foi igualmente proibido, com o governo a enfatizar a necessidade de “segurança e fiabilidade” das soluções tecnológicas utilizadas nas suas agências e instituições.

Este cenário poderia ser preocupante para a China se não tivesse desenvolvido as suas próprias alternativas. A empresa Loongson é um exemplo disso, com o seu recente anúncio de uma CPU de 64 núcleos para servidores, que promete reduzir a dependência de tecnologia estrangeira e fortalecer a indústria tecnológica interna da China.

Estamos a assistir a uma clara divisão entre EUA e China, com cada país a fortalecer as suas próprias cadeias de suprimentos e a desenvolver tecnologia independente. Esta “rutura” está a criar dois blocos tecnológicos distintos, cada um liderado por uma destas potências, e com interesses frequentemente conflitantes.

Pessoalmente, considero que esta escalada de restrições pode ter consequências profundas, não apenas para as duas nações envolvidas, mas para o mundo inteiro. A criação de blocos tecnológicos isolados pode levar a uma fragmentação da internet e a padrões tecnológicos incompatíveis, o que poderia dificultar a colaboração internacional e o progresso científico.

Fonte: Reuters

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