Inspirada pelo passado, a Hyundai, coloca os olhos no futuro procurando reproduzir o feito que fizera há 54 anos atrás quando se aventurou no mercado automóvel — ao largar aquela que a trouxe para esta indústria, a Ford, para a qual fabricava alguns modelos — e apresenta o mais recente carro-conceito que reproduz (ao nível da carroceria) com imponência um dos modelos mais emblemáticos da fabricante sul coreana — o Hyundai Pony, de 1974 — com tecnologia do presente e uma visão para o futuro.
Em coreano, Hyundai significa “moderno” e foi sempre nesse espírito que esta fabricante multinacional de automóveis com sede em Seul e fundada a 29 de dezembro de 1967 por Chung Ju-Yung levou a sua visão a bom porto e conseguiu tornar-se em um dos grupos automóveis de maiores dimensões do mundo. Inicialmente reconhecida como “Hyundai Engineering and Construction Company” (desde 1947) fabricou e montou automóveis para a Ford. Hoje, a Hyundai tem a maior fábrica (com operações integradas) de automóveis do mundo em Ulsan — cuja capacidade de produção situa-se em 1,6 milhões de unidades — um marco expressivo.
Este Hyundai N Vision 74 chega sobe a forma de demonstração como a nova abordagem da construtora sul coreana para o mercado automóvel — a pensar no médio longo prazo — com a tecnologia mais avançada para os dias de hoje, permitindo uma experiência de condução desportiva inigualável. Chegará este modelo para impressionar os mais céticos acerca do potencial da mobilidade elétrica ou a célula de combustível de hidrogénio? Deixamos ao seu critério com o exposto abaixo.
O N Vision 74 é, sem dúvida, um modelo pensado para passeios mais desportivos ou até para umas voltas em circuito — isto se estivesse num estágio final pronto para comercialização, que não está — com aerodinâmica agressiva e com linhas bastante conservadoras (estilo retro). Porém, o destaque prende-se pela unidade de potência, pois estamos perante um modelo híbrido hidrogénio-elétrico, ou seja, um modelo 100% elétrico no funcionamento, mas alimentado por baterias e por um gerador de potência a bordo — uma célula de combustível (pilha de combustível) de hidrogénio.
Este coupé de estilo arrojado faz-se acompanhar de uma célula de combustível assente sobre as rodas dianteiras, uma bateria em forma de T de 62,4 kWh posicionada no centro do veículo e um par de motores elétricos no eixo traseiro que atuam independentemente. Para além disso, a alimentar a pilha de combustível estão dois depósitos de hidrogénio de 2,1 kg. Algo impressionante, não é verdade? Sim, mas estamos a falar de um veículo conceito (perfeitamente funcional) mas desportivo.
A parte mais interessante do Hyundai N Vision 74 é a forma como as duas fontes de energia funcionam em conjunto — por vezes, de forma independente, outras procurando cada uma assumir a liderança da propulsão do veículo — algo que já acontece em modelos híbridos a combustão. Em ciclos de condução normal, o automóvel recorre à célula de combustível como principal fonte de propulsão (potenciando a autonomia e diminuindo o binário), no entanto, sempre que é necessário, as baterias estão lá para garantir que a autonomia é maior ou o binário máximo dos motores elétricos (sempre que necessário).
Esta conjugação permite que o N Vision 74 consiga uma potência total combinada de 671 cv, que auxiliados pelos cerca de 900 Nm de torque, permitem prestações ousadas em quaisquer circunstâncias, mas sobretudo acelerações dos 0 – 100 km/h em pouco mais de quatro segundos e a uma velocidade máxima de aproximadamente 250 km/h (curioso para um modelo elétrico híbrido).
É a partir destas prestações que a Hyundai trouxe consigo um modelo muito bem conseguido — pelas razões óbvias, na unidade de potência — mas sobretudo, por um chassi permissivo e que deixa que abusem dos limites sem nunca comprometer verdadeiramente os ocupantes. Pensado e preparado para o drifting, este modelo coupé tem uma agilidade e precisão na direção quase inigualáveis tornando-o num competidor a altura de muitos BMW M (divisão de modelos de alta performance da BMW) com tração traseira. Devem ficar assustados, pois este Hyundai N Vision retira lições do departamento N da Hyundai (divisão desportiva da marca).
Claro que não podemos esperar uma versão deste modelo no mercado nos próximos tempos, visto que este deve ser considerado um laboratório móvel que permitirá alavancar o conhecimento da construtora nas potencialidades da pilha de combustível de hidrogénio. Além disso, os principais revezes desta tecnologia ainda são a falta de infraestruturas que consigam abastecer a rede pública sem prejuízo do meio ambiente — não recorrendo a captação (de hidrogénio) através de fontes não renováveis — e que permitirão que modelos como este sejam viáveis no futuro.
Fonte TopGear
