ERC quer código de conduta para a utilização da IA por jornalistas

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) quer que a CNN Portugal elabore e publique uma carta de princípios para utilização da inteligência artificial (IA) na sua redação, se quiser usar esta ferramenta tecnológica na produção de conteúdos de programas de informação jornalística. A decisão é anunciada em comunicado, depois do canal ter usado IA numa rubrica a propósito dos debates eleitorais, no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 2024.

O comunicado diz que a medida visa “garantir a integridade, quer dos conteúdos decorrentes dessa tecnologia, quer das prerrogativas inerentes à atividade jornalística, e tornar transparentes perante os espetadores o tipo de tarefas que são executadas por estes sistemas – editoriais e/ou não editoriais”.

Esta é a primeira vez que a ERC se pronuncia sobre um conteúdo gerado por IA enquadrado num programa de informação televisivo. Defende que os órgãos de comunicação social que utilizem IA “devem seguir códigos de boas práticas e tornar explícito para o público se estes sistemas são utilizados apenas como adjuvantes em tarefas ou se substituem o trabalho jornalístico na produção de conteúdos”.

A posição agora tomada resultou da utilização da IA pela CNN Portugal, na rubrica “Pulsómetro”, integrada no programa “Decisão 24”, que motivou uma exposição reencaminhada pela Comissão Nacional de Eleições relativa ao regulador.

Entretanto, segundo a inglesa Press Gazette, menos de metade dos jornalistas afirmam que utilizam ferramentas generativas de IA como ChatGPT e Gemini do Google (anteriormente Bard) no seu trabalho, de acordo com um novo inquérito global.

Cerca de 53% dos 3.016 jornalistas em 19 mercados pesquisados para o relatório anual State of the Media da Cision disseram que não estão “de forma alguma” a usar IA generativa.

Apenas 5% usam essas ferramentas “com frequência”. Cerca de 12% usam-nas “em quantidade moderada”, enquanto 28% usam “um pouco”.

Muitos editores adotaram uma abordagem cautelosa no uso de IA generativa para conteúdo publicado, aconselhando os seus jornalistas a não o fazerem até que uma orientação completa tenha sido criada.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui