E se o manequim o estiver a vigiar enquanto espreita a montra de uma loja?

Pelo menos quatro cadeias de lojas de roupa estão a utilizar manequins equipados com tecnologia que vigia os clientes que se aproximam das montras. O objetivo é conhecer os hábitos e as preferências dos compradores para implementar estratégias de marketing que otimizem e personalizem a oferta.

“EyeSee” é o nome do software de reconhecimento facial, desenvolvido pela fabricante italiana Almax SpA desde dezembro do ano passado, e que se baseia na tecnologia usada para identificar criminosos nos aeroportos.

Por fora cada manequim possui uma aparência normal, mas no interior o “boneco” está equipado com uma câmara de vídeo que regista a idade, o género, a raça e o fluxo dos transeuntes.

Melhorar a experiência de compra, aumentar a variedade de produtos, e ajudar as marcas a melhor compreender os seus clientes, são algumas dos argumentos a favor da nova tecnologia que, de acordo com a Almax, já levou algumas empresas a melhorarem os seus serviços.

Uma loja de roupa introduziu uma linha para criança depois do manequim mostrar que as crianças representam, a meio da tarde, mais de metade dos transeuntes. Já um outro estabelecimento concluiu que um terço dos clientes que passava por uma das suas entradas depois das 16h00 era de origem asiática, o que levou a empresa a direcionar para o local um colaborar que dominava a língua chinesa.

Cerca de uma dúzia destes manequins biónicos já estão a ser utilizados por lojas em três países europeus e nos Estados Unidos, garantiu em declarações ao site Bloomberg, o chefe executivo da Almax, Max Catanese, que se escusou a nomear quais, alegando confidencialidade.

Questões éticas e legais

A tecnologia até pode ser inovadora e beneficiar os lojistas, mas há quem reclame que questões éticas e legais se levantam. Se é certo que a legislação atual permite a colocação de câmaras de filmar em lojas, devidamente sinalizadas e por questões de segurança, ela é também omissa em casos recentes como este.

“Vigiar as pessoas apenas para obter ganho comercial pode quebrar as regras e pode ser visto como recolha de dados pessoais sem consentimento”, alerta um advogado da Field Fisher Waterhouse, citado pelo Bloomberg.

“Se entrar no Facebook, antes de iniciar o processo de registo, pode saber exatamente que informações estão a recolher sobre si e o que farão com elas. Se estiver a passar por uma loja, onde está a opção de escolha?” acrescentou o advogado Christopher Mesnooh.

Sem obstáculos legislativos, para já, o próximo passo da Almax será adicionar uma tecnologia que reconheça as palavras para perceber o que dizem os clientes sobre as roupas dos manequins.

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