Um grupo de cientistas desenvolveu uma aplicação móvel que consegue detetar uma overdose iminente no utilizador. A Second Chances, ainda em desenvolvimento, virá a analisar o padrão respiratório do utilizador para alertar os seus contactos de que está iminente uma overdose, abrindo uma janela de tempo para que a pessoa seja salva.
A incapacidade de pedir auxílio ou o simples facto de por vezes não existir ninguém por perto leva a muitas destas fatalidades mas tendo em conta que, hoje em dia, toda a gente possui um smartphone, a Second Chance pretende vir a chamar a atenção para o seu efeito de prevenção.
Segundo o site The Verge, os investigadores pretendem contactar a US Food and Drug Administration para obter uma licença que lhes permita comercializar a app, cuja pertinência justificam com o facto de, diariamente, morrerem cerca de 130 norte-americanos por overdose de opióides; um vício que está protagonizar uma das vagas mais mortais da história dos Estados Unidos. Os investigadores publicaram um estudo sobre a app no jornal científico Science Translational Medicine.
Durante as experiências conduzidas em laboratório, a app conseguiu detetar a overdose em 96% dos casos, não havendo sensores externos para ligar ao corpo. “Estamos a avançar para uma fase pós sensores”, disse Peter Chai, uma das professoras que integra o projeto.
Grande parte das mortes causadas por substâncias ilícitas enquadradas no grupo dos opiáceos pode ser evitada. Note-se que, por via da regra, a morte ocorre após a falência cardiorrespiratória por relaxamento total dos músculos.
Como funciona
No seguimento de uma injeção de heroína, ou qualquer outro derivado do ópio, uma dose demasiado elevada causa alterações no padrão e intensidade da respiração. Por conseguinte, a nova app de smartphone poderá detetar isso mesmo.
Em seguida a app exigirá uma interação do utilizador, algum tipo de input com o smartphone. Caso este não seja capaz de tal, serão chamados os serviços de emergência e socorro ou um dos contactos de segurança. Deste modo, nos minutos iniciais pode ser aplicada com sucesso a substância antagonista do opiáceo.
Em síntese, a app visa alertar não só o consumidor, mas sobretudo os serviços de socorro para que possam agir o quanto antes.
Características técnicas
A app utilizará o altifalante bem como o microfone do smartphone e um algoritmo de processamento que emite em primeiro lugar uma onda sonora numa frequência inaudível e apontada ao peito da pessoa. Em seguida, utilizando o microfone do smartphone, a app recebe essa onda sonora após reflexão da mesma.
Segue-se então o processamento da informação do padrão da respiração. Por fim, caso a app detete alguma anomalia ou deficiência na atividade respiratória, esta exigirá algum tipo de ação. Um simples pressionar de botão, por exemplo.
A app de smartphone está a ser desenvolvida por um grupo de investigadores da Universidade de Washington nos Estados Unidos da América que espera que a app chegue ao mercado dentro de cerca de oito meses.
Fonte: The Verge