Análise de Marvel’s Spider-Man 2 (PS5): a maior caçada do ano é na PlayStation

Em 1962, a Marvel Comics publicava a banda desenhada “Amazing Fantasy #15″ onde introduzia aquele que viria a ser o herói mais popular do mundo, o Spider-Man ou Homem Aranha. Criado pelo já falecido Stan Lee, em parceria com o desenhador Steve Ditko, o famoso Peter Parker inspirou e continua a inspirar gerações de crianças e jovens e até mesmo outros escritores de bandas desenhadas, estando presente não só em BD’s hoje mas em todo o entretenimento disponível ao Homem.

Após o seu enorme sucesso em 2018 e 2020 nas PlayStation 4 e PlayStation 5; os famosos Peter Parker e Miles Morales regressam agora para mais uma aventura aranhosa na PlayStation 5 em Marvel’s Spider-Man 2, o mais recente título da franquia da Sony, que promete ser o melhor título aracnídeo que a Insomniac Games já teceu até hoje.

Nesta análise irá ser avaliada a versão PlayStation 5 do título, que foi jogada numa PlayStation 5 Standard, onde iremos classificar entre 0 e 10 valores vários aspetos importantes a considerar do título, sendo estes a narrativa, a jogabilidade, o combate, a ambientação e a qualidade gráfica e desempenho, dando no final o veredito, que tem por base os aspetos já referidos.

Narrativa — a mais emotiva da Insomniac Games

Está na hora de tecermos esta enorme teia de aranha, começando pela narrativa do novo Marvel’s Spider-Man 2, podendo já confirmar que é a maior da franquia e, ao mesmo tempo, a mais emotiva, assim como uma das mais emotivas da PlayStation, seguindo as pisadas dos seus antecessores.

Passaram-se dois anos após os eventos do original Marvel’s Spider-Man e, como é de esperar, as nossas personagens estão claramente mais adultas e maduras mas, tendo agora a oportunidade de vermos como foi esta pequena evolução não só das nossas aranhas mas também dos seus amigos e claro, os seus inimigos.

Esta nova narrativa aprofunda muito mais o lado humano das nossas aranhas preferidas em relação às de Marvel’s Spider-Man e Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, dando-nos muito mais missões e momentos onde Miles e Peter não usam os seus fatos, sendo apenas eles próprios e não o Homem-Aranha, demonstrando de facto o seguimento mas, ao mesmo tempo, um aperfeiçoamento dos passos dos primeiros títulos.

Ao mesmo tempo, este não aprofunda só a humanidade dos nossos heróis mas também daqueles que os rodeiam, tanto amigos como inimigos, dando nos a oportunidade de jogar com alguns deles e de nos aproximarmos  de outros cujo o tempo de antena foi curto anteriormente ou é a primeira vez que estão sobre as luzes do palco, o que nos permite compreender melhor os motivos e a posição de todos nesta nova narrativa, um movimento inteligente por parte da Insomniac Games.

Como revelado pelo marketing deste título desde o seu anúncio oficial em 2021, e sem dar spoilers aos ansiosos por tocar no título, esta narrativa foca-se na chegada do maior caçador do Homem-Aranha a New York, o Kraven the Hunter, um caçador abençoado com super força e sentidos apurados que procura uma presa que o consiga derrotar e por fim à sua longa e exaustiva caçada.

Ao mesmo tempo, os nossos heróis terão também de enfrentar a fúria do famoso Venom, cuja performance de quem o interpreta foi elogiada pelo próprio ator britânico Tom Hardy que faz da personagem no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), que está muito violento e brutal e não quer mais nada do que “curar o mundo” (“Heal the World”).

Apesar do enredo principal, existem também narrativas de menor escala essenciais para a narrativa principal e para as próprias personagens, como a de Peter a tentar manejar uma vida normal de adulto com a vida de Homem-Aranha ou a de Miles a tentar ser um adolescente e um super-herói ao mesmo tempo.

Temos assim a oportunidade de vivenciar as relações amigáveis e amorosas das nossas personagens principais e até mesmo algumas secundárias, assim como constatar os seus problemas pessoais e até mesmo os seus sentimentos, como o de perda ou culpa, tentando ajudá-los a resolve-los da melhor forma possível.

Depois de se voltarem a reunir, vamos poder ver o desenvolvimento da relação amorosa entre Peter e Mary Jane (MJ), assim como o retorno do seu melhor amigo de infância Harry Osborn, apenas mencionado numa série de missões secundárias em Marvel’s Spider-Man, e também ver como Peter lida com as memórias do seu passado, tanto as boas como as más.

Apesar de ser uma narrativa maioritariamente de Peter Parker, este partilha o palco com o aprendiz Miles Morales, apesar de que uma grande parte da sua narrativa pessoal é mais explorada em missões secundárias do que em principais mas, mesmo assim, a campanha do título mostra grandes momentos importantes da sua vida e como este está a tentar ser um melhor Spider-Man.

O balanço e tempo de ecrã entre ambas as aranhas está muito bem dividido para este cenário de narrativa, fazendo com que os jogadores não se enjoem de nenhum dos nossos heróis durantes as muitas horas de jogabilidade, algo difícil de alcançar para muitas narrativas quando o foco das mesmas não num único protagonista.

Esta é uma narrativa cheia de surpresas, contendo inúmeros “easter eggs” do universo Marvel que expandem o universo em que as nossas aranhas se encontram, assim como inúmeras aparições (cameos) muito especiais, que enriquecem bastante a história e lhe atribuem mais personalidade.

A parte mais cativante para os fãs desta narrativa será, provavelmente, a oportunidade de explorarem a maneira como Peter lida com a Symbiote Venom enquanto a usa, podendo experienciar uma relação já observada no filme Spider-Man 3 (2007), do realizador Sam Raimi e com o louvado ator norte americano Tobey Maguire como Homem-Aranha.

Poderão viajar por uma relação bastante tóxica e prejudicial para Peter, que lhe trará muita dor e um sofrimento inimaginável, refletindo a maneira e os problemas psicológicos que muitas pessoas enfrentam todas os dias e mostrando as batalhas pessoais necessárias para enfrentar e sobreviver à tempestade emocional e psicológica, o que é de louvar na minha opinião.

Vale a pena ainda mencionar que as performances dos atores por detrás das nossas adoradas personagens vistas nesta narrativa são simplesmente magníficas e verdadeiramente merecedoras de um Óscar ou, neste caso, de um Game Awards de melhor performance. Isto faz com que nunca nos cansemos desta grande e abrangente narrativa ou até mesmo de eventos ou histórias secundárias.

Assim, resta-me apenas terminar este secção da nossa longa teia de aranha com um obrigado muito especial à Insomniac Games pela aquele que é, para mim, a melhor narrativa de 2023, e dizer a todos que isto é apenas o inicio daquela que é a maior caçada do ano.

Jogabilidade — a original agora reinventada

A nossa teia de aranha ainda não vai a meio pois temos de falar da jogabilidade presente no novo Marvel’s Spider-Man 2, que retorna em grande estilo com novidades que nos fazem ficar colados ao ecrã a viajar por New York ou a combater o crime a tempo inteiro, como um super-herói deve fazer.

Assim, como iremos constatar no combate, a jogabilidade do novo título PlayStation é, de um modo geral, muito idêntica aos originais, o que não é um aspeto negativo, pois é sempre bom estarmos familiarizados com o básico de qualquer videojogo.

Apesar disso, a jogabilidade do novo Marvel’s Spider-Man 2 está muito bem otimizada para o título, sendo bastante satisfatória. Além disso, esta também extremamente bem capturada e concebida, fazendo com que certas ações, como viajar por New York, sejam ainda melhores do que nos títulos originais.

Falando em viajar por New York, isso nunca foi tão divertido como neste título, graças às novas animações, a um maior realismo e a dezenas de novos truques do web swinging, que fazem com que ninguém queria usar o novo sistema de viagem rápida (fast travel) para se orientar pela enorme cidade.

Uma novidade que não inova só o título mas reflete a evolução das nossas aranhas enquanto personagens é a presença das asas de teia (web wings) nos fatos de Peter e Miles que fazem com que os jogadores se desloquem com mais estilo e mais rápido por Nwe York, principalmente quando apanham um dos novo tubos de ar presentes à volta da cidade.

Acerca do novo sistema de viagem rápida (fast travel) acima referido, este é também uma excelente adição ao título e uma inovação bastante inteligente por parte da Insomniac Games, por ser diferente do tradicional sistema de viagem rápida. Ao contrário de outros títulos, os jogadores podem viajar para qualquer local de New York que pretendam, sem estarem limitados por pontos específicos de viagem rápida, como na maioria dos títulos de mundo aberto.

A jogabilidade presente no novo Marvel’s Spider-Man 2 é de facto familiar mas, ao mesmo tempo, também nova, contando com muitas novidades e surpresas que tornam toda esta experiência aracnídea ainda melhor do que já era nos títulos originais, sendo a melhor parte da mesma o combate que vamos tecer já a seguir.

Combate — dois Homem-Aranhas, dobro da diversão

É óbvio que não podemos falar acerca do novo Marvel’s Spider-Man 2 sem falarmos do combate presente neste novo título da Insomniac Games que, posso já dizer que é dos mais diversificados que já vi até hoje, pois com dois Homem-Aranhas vem o dobro da diversão.

De maneira em geral, tal como constatámos na jogabilidade, o combate básico presente no novo título, como esmurrar e pontapear inimigos, é bastante familiar por ser idêntico ao dos originais Marvel’s Spider-Man e Marvel’s Spider-Man: Miles Morales mas, apesar disso, continua muito imersivo e dinâmico, sendo ainda bastante divertido com ambas as aranhas.

Temos também agora novas adições, como as esquivas de precisão (precision dodges); as defesas perfeitas (perfect parries), que relembram muito Dark Souls; e os finalizadores acrobáticos (acrobatic finishers); que tornam um simples combate de esmorrar e dar pontapés em algo muito mais imersivo, realistas e estiloso para o título e para as próprias personagens, o que faz querer lutar contra mais criminosos.

Também vale a pena mencionar que o combate do novo Marvel’s Spider-Man é mais desafiante do que os dos jogos anteriores, daí a referir o difícil Dark Souls acima, não só pelas adições também acima referidas mas pelo facto de a regeneração de vida não ser tao abundante, sendo que muitas vezes os jogadores têm de escolher entre regenerar a personagem ou executar um finalizador acrobático, o que pode levar à morte algumas vezes e fazer alguns perder um pouco a cabeça, o que é para mim uma adição interessante ao novo título.

Cada um dos nossos aranhiços preferidos tem o seu estilo de combate, o que os difere bastante e faz com que cada jogador tenha um preferido para missões e atividades especificas, o que é fantástico. Cada Homem-Aranha tem quatro habilidades especificas e uma habilidade especial diferente, que se alteram consoante o avanço da narrativa, assim como quatro gadgets, todos evoluíeis como nos títulos anteriores.

O que difere também o Peter do Miles não são apenas as habilidades e os fatos pois agora, relativamente aos títulos anteriores, o Peter tem agora as Garras de Aranha, uma boa adição ao próprio e que torna o seu combate neste título um pouco único e não uma simples cópia do original.

Ao mesmo tempo, o próprio Miles também está diferente do título anterior, na medida em que os seus poderes elétricos estão agora diferentes, o que também mostra uma clara evolução da personagem, e torna o seu estilo e combate únicos neste título e não simplesmente uma cópia em relação ao Marvel’s Spider-Man: Miles Morales.

Em termos do combate furtivo (stealth combat), é visível uma clara redução deste no novo título da PlayStation, o que é positivo pois este tipo de combate era um pouco repetitivo e até exagerado nos títulos anteriores. Mesmo assim, em missões que o exigem ou o permitem, a Insomniac Games acrescentou a mecânica de os jogadores poderem criar teias (web line) para se deslocarem pelo cenário, em vez de estarem limitados a certos objetos onde podem pousar para fazer takedowns, o que é uma excelente adição ao título.

Como disse acima, as habilidades dos aracnídeos mudam consoante a história e, num título mais focado em combate aberto do que em furtividade, essas habilidades têm um grande impacto no que toca ao Venom Suit de Peter. Quando adquirido, todo o combate com Peter fica muito mais brutal e violento, mudando por completo o tom do jogo e do próprio combate, não só igualando as habilidades elétricas de Miles mas também tornando o combate muito mais cativante de executar e muito menos repetitivo.

Comparativamente aos títulos anteriores, o novo Marvel’s Spider-Man 2 apresenta uma maior variedade de inimigos, havendo agora também inimigos com menos resistência a certas habilidades, como elétrica ou symbiote, tornando todo o combate muito mias realista e apreciável.

O combate tecido pela Insomniac Games para o novo Marvel’s Spider-Man 2 é simplesmente de cortar a respiração e uma clara evolução e junção dos títulos e aranhas anteriores, sendo muito mais realista, brutal mas principalmente muito satisfatório de executar, o que faz deste o melhor título da jornada aracnídea até agora.

Ambientação — New York regressa em grande

É óbvio que esta análise não pode ser salva pelos nossos Homens-Aranhas sem falarmos da ambientação do seu novo título que, como já era de esperar, se trata da famosa cidade que nunca dorme, New York, que está de volta em grande para um título também ele de grande qualidade.

Comparativamente aos originais Marvel’s Spider-Man e Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, New York apresenta agora o dobro da dimensão, muito pelo facto de agora incluir Brooklyn e Queens, juntamente com a ilha de Manhattan que já está presente desde os primeiros jogos, o que é uma adição fantástica ao novo exclusivo PlayStation.

A cidade está agora muito mais viva e cheia de cor, com ambientes, cenários e paisagens muito impressionantes e com alta qualidade, o que torna toda a experiência de jogar o título ainda melhor. Ao mesmo tempo, também o seu realismo aumento, algo bastante visível nas janelas dos edifícios que mostram agora pessoas dentro dos mesmos, assim como divisões mais fieis à verdadeira New York.

Ao mesmo tempo, os próprios NPC’s estão também muito mais realistas, fazendo todo o tipo de atividades para além de simplesmente circularem por New York. Podemos encontrá-los a fazer todo o tipo de coisas, como a conviverem em cafés e jardins, andarem de bicicleta, passear os cães, e muito mais. Também são visíveis acidentes de viação, polícias a prender pessoas ou a passar multas a condutores, entre outras coisas, o que é simplesmente fantástico, sendo a melhor parte a possibilidade de, em alguns casos, poder-mos interagir com os NPC’s e criar momentos inesquecíveis.

Para além de NPC’s mais realistas, agora esta está também cheia de muitas atividades secundárias à narrativa e atividades que acontecem no momento, como crimes, para fazer, o que é capaz de manter os jogadores muito tempo ocupados para os acabar, o que torna a ambientação ainda mais conectada a quem experiencia este título, sendo o único problema disto as atividades serem um pouco repetitivas.

Desta forma, resta-me dizer que a ambientação do novo Marvel’s Spider-Man 2 é simplesmente surreal e magnífica, sendo uma das melhores e mais vivas realidades que já visitei num videojogo, assim como uma das mais realistas já vistas até hoje num título PlayStation, e num título em geral.

Gráficos e desempenho — à que polir as teias de aranha

Antes de passarmos ao fim desta “aranhada”, falta ainda dar uma vista de olhos na qualidade gráfica e no desempenho do novo Marvel’s Spider-Man 2 que tira um máximo proveito de todo o poder gráfico e de processamento da PlayStation 5 para nos levar numa aventura de cortar a respiração.

Como avistado acima, New York está de volta mas com grandes novidades, sendo muito mais detalhada e complexa do que era no original Marvel’s Spider-Man para a PlayStation 4, o que obriga a uma maior exigência por parte da PlayStation 5 para carregar a cidade que nunca dorme sem problemas e, neste caso, a consola fá-lo muito bem a maioria do tempo.

Por outras palavras, há certos momentos em que a nossa PlayStation 5 teve grandes quedas de fps e momentos de travamentos ou lag, tanto no modo desempenho como no modo qualidade, o que revela a necessidade de alguma otimização do título mas, de um modo geral, este encontra-se muito bem otimizado para a consola pois momentos como este são muito escassos.

Acerca dos modos qualidade e desempenho, as qualidades visuais de ambos são, como já estamos habituados, surpreendentes, apenas notando de diferente entre ambos uma maior resolução no modo de qualidade, mas ao custo de apenas jogar a 30fps, preferindo o modo performance a 60fps.

Assim, resta-me dizer que, tal como nos parâmetros acima, o novo Marvel’s Spider-Man 2 alcança praticamente a pontuação máxima, não desiludindo, sendo por isso um dos melhores títulos PlayStation de sempre, sobretudo em matéria de otimização para uma plataforma como a PlayStation 5.

Veredito — a maior caçada do ano é na PlayStation

Assim concluímos a teia de aranha que é esta análise, daquele que é definitivamente o maior título que a PlayStation e a Insomniac Games trouxeram para a PlayStation 5 e, sem sombra de dúvidas, um dos maiores e mais emotivos títulos PlayStation de sempre, que faz o nosso amor aumentar pelos Homem-Aranhas da consola mais popular do mundo.

Num total de 21 horas, nunca me diverti tanto na minha PlayStation 5 até agora, tendo adorado cada momento desta épica aventura aracnídea cujo o seu maior problema é chegar ao fim mas, como sempre ouvi dizer, tudo o que é bom eventualmente tem de acabar.

Antes de dar a minha classificação ao mais recente título da PlayStation Studios, gostaria de agradecer à PlayStation Portugal pela fantástica oportunidade de jogar este incrível título e dar os meus parabéns à Insomniac Games pelo novo Marvel’s Spider-Man 2, o melhor jogo que já produziram até hoje.

Desta forma, o novo Marvel’s Spider-Man 2 merece uns fantásticos 9/10 valores, sendo para mim um dos melhores títulos de 2023 e definitivamente o melhor da PlayStation, recomendando-o a todos os que têm uma PlayStation 5 em casa e ainda não entraram na a maior caçada do ano.

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Veredito
9
analise-de-marvels-spider-man-2-ps5-a-maior-cacada-do-ano-e-na-playstationNum total de 21 horas, nunca me diverti tanto na minha PlayStation 5 até agora, tendo adorado cada momento desta épica aventura aracnídea cujo o seu maior problema é chegar ao fim mas, como sempre ouvi dizer, tudo o que é bom eventualmente tem de acabar.

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