Numa época em que a exploração espacial se entrelaça cada vez mais com a vida quotidiana, dois eventos marcaram a agenda espacial numa quinta-feira que prometia ser histórica. O primeiro, um lançamento abortado de um foguete Soyuz, que carregava a esperança e a coragem de três astronautas, foi interrompido devido a uma falha técnica, uma queda de voltagem nas baterias.
O segundo, um lançamento bem-sucedido de um Falcon 9, carregava não só suprimentos vitais, mas também uma promessa de revolução na forma como experienciamos o espaço: a transmissão em ultra alta definição diretamente da Estação Espacial Internacional (EEI).
A bordo do Falcon 9, uma nave Dragon da SpaceX, encontravam-se mais de duas toneladas de carga. Entre mantimentos e equipamentos científicos, destacavam-se três câmaras 4K, prontas para capturar e transmitir imagens da EEI com uma clareza nunca antes vista pelo público geral. Esta iniciativa não é um projeto da NASA, mas sim da startup britânica SEN.COM, que já tinha feito história ao lançar um pequeno satélite em 2022, dando início à sua missão de encher o espaço com câmaras de alta definição.
As câmaras seriam instaladas no exterior do módulo Columbus, pertencente à Agência Espacial Europeia, numa plataforma chamada Bartolomeu, desenhada para acolher cargas comerciais. A tripulação da EEI, com a ajuda do braço robótico Canadarm-2, teria a tarefa de posicionar as câmaras em três locais estratégicos.
A câmara com vista para a Terra prometia uma resolução impressionante, capaz de distinguir objetos com 60 metros de largura numa área de 180 por 240 quilómetros. O segredo para tamanha nitidez? Um software avançado que ajusta a exposição com base na luz disponível, garantindo imagens perfeitas independentemente das condições.
O plano ambicioso da SEN.COM incluía a transmissão contínua de vídeo 4K, alternando automaticamente entre os diferentes ângulos, tudo isso de forma gratuita para o público. A monetização viria da venda de imagens para empresas de cinema e televisão, uma estratégia que alia o fascínio pelo desconhecido à viabilidade comercial.
O olhar da SEN.COM, contudo, já se estende para além da órbita terrestre. O próximo alvo é a Lua, com planos de instalar câmaras na órbita lunar, na superfície e em veículos lunares, para documentar o retorno dos humanos ao satélite natural da Terra.
A missão CRS-30 da SpaceX e da NASA, com partida marcada do Complexo de Lançamento Espacial 40, simbolizava mais um passo na contínua marcha da humanidade pelo cosmos. A nave Dragon, após 38 horas de viagem, acoplaria à EEI, dando início a uma nova era de transmissão espacial.
A visão de futuro da empresa, que inclui a transmissão de imagens da Lua, é um testemunho do potencial ilimitado da tecnologia e da curiosidade humana. Acredito que iniciativas como esta não só inspiram gerações futuras, mas também reforçam a importância da colaboração internacional e do investimento em tecnologias que expandem nossos horizontes.
Fonte: Sen
