Google demite em massa nos EUA e migra para América Latina

Recentemente, o panorama do trabalho remoto e da subcontratação de software tem vindo a transformar-se, com a América Latina a emergir como um novo aliado para empresas que procuram talento a custos mais acessíveis. Este fenómeno não é exclusivo de pequenas startups ou empresas emergentes, gigantes tecnológicos como a Google estão a reestruturar as suas equipas e a realocar funções essenciais para países onde a mão de obra qualificada é mais económica.

Numa altura em que o teletrabalho se tornou uma realidade incontornável, a Google, que sempre foi vista como uma empresa pioneira e um local de trabalho de sonho, enfrenta agora uma onda de descontentamento interno devido a uma série de despedimentos e reestruturações. A empresa anunciou, pouco antes de divulgar os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2024, que despediu pelo menos 200 funcionários das suas “equipas centrais” e que algumas funções seriam transferidas para países como a Índia, o México e o Brasil.

Esta decisão surge num contexto em que a Google despediu toda a sua equipa de desenvolvimento de Python nos EUA, responsável pela manutenção de uma versão estável do Python e pelo desenvolvimento de ferramentas como o ‘pytype’. A CFO da Google, Ruth Porat, mencionou que os despedimentos estavam alinhados com relocalizações para outros países, sugerindo uma estratégia de expansão global e otimização de custos.

A expansão global da Google parece focar-se em unidades técnicas chave, como tecnologia da informação, infraestrutura técnica, segurança, plataformas de aplicações e diversas funções de engenharia. Documentos internos revelam que muitos destes papéis serão agora preenchidos no México e na Índia, aproximando a empresa dos seus parceiros e comunidades de desenvolvedores nesses mercados.

A CFO anunciou ainda uma reestruturação no departamento financeiro, com despedimentos e transferência de postos para Bangalore e Cidade do México. O chefe de pesquisas da empresa, Prabhakar Raghavan, expressou a intenção de formar equipas mais próximas dos utilizadores em mercados chave, incluindo a Índia e o Brasil, reconhecendo o talento e a mão de obra mais acessível nesses locais.

Apesar destes movimentos estratégicos, a Google continua a crescer a um ritmo acelerado, com um aumento de 15% nos rendimentos do primeiro trimestre em comparação com o ano anterior. Contudo, anúncios como estes têm causado insegurança e frustração entre os funcionários, como evidenciado por comunicações internas.

A empresa também enfrenta desafios regulatórios, especialmente com o foco crescente dos legisladores nos desenvolvimentos da inteligência artificial. Grupos internos como o de governança e dados protegidos estarão no centro destes desafios, o que torna as recentes mudanças ainda mais significativas.

Pessoalmente, acredito que a Google está a navegar num território complexo, equilibrando o crescimento e a eficiência operacional com a manutenção da sua cultura e satisfação dos funcionários. É inegável que a América Latina e outros mercados emergentes oferecem oportunidades valiosas para empresas de tecnologia, mas é crucial que essas mudanças sejam geridas com sensibilidade e transparência para minimizar o impacto negativo sobre a força de trabalho existente.

Fonte: Cnbc

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui