Nos últimos tempos, o gigante tecnológico Google tem estado no centro das atenções, não apenas pelas inovações que traz ao mercado, mas também pelas suas decisões estratégicas no que toca à gestão de recursos humanos. Desde janeiro de 2023, a empresa tem vindo a realizar cortes significativos no seu quadro de funcionários, com o anúncio do despedimento de 12.000 colaboradores, correspondendo a cerca de 6% da sua força de trabalho.
Recentemente, segundo informações divulgadas pela CNBC, a Google despediu cerca de 200 pessoas do seu departamento Core Systems & Experiences. Este movimento não é isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla que inclui a relocalização de postos de trabalho para países como México e Índia, onde os custos operacionais, sobretudo os salários, são consideravelmente mais baixos do que nos Estados Unidos.
A decisão de transferir postos de trabalho para outras geografias não é novidade na indústria tecnológica. A busca por eficiência operacional e a proximidade com novos mercados são fatores que têm levado muitas empresas a adotarem práticas semelhantes. No caso da Google, Asim Husain, responsável pelo Ecosistema da empresa, justificou os despedimentos como parte de um plano para expandir a presença da empresa em locais de alto crescimento de força laboral.
A reestruturação não se limita a um departamento. Em abril, a diretora de finanças da Google, Ruth Porat, anunciou mudanças significativas no departamento financeiro, incluindo despedimentos e realocação de funções para Bangalore e Cidade do México. Esta tendência de contratar em regiões como o sul da Ásia e a América Latina é reforçada pelas possibilidades que o trabalho remoto oferece, permitindo que as empresas contratem talentos em cidades menores, sem a necessidade de presença física em grandes centros urbanos.
Um relatório da YouTeam destaca a Índia como líder em desenvolvimento de software deslocalizado na Ásia e aponta o México como um destaque na América Latina, não só pela proximidade com os Estados Unidos, mas também pela capacidade dos seus trabalhadores de compreenderem a cultura empresarial norte-americana.
A equipa afetada pelos recentes despedimentos na Google é responsável por desenvolver as bases técnicas dos produtos principais da empresa, garantir a segurança online dos utilizadores e trabalhar na infraestrutura global, com um foco especial no domínio da linguagem de programação Python.
Estas mudanças ocorrem num momento em que a Google enfrenta desafios significativos, como o rápido avanço no campo da inteligência artificial e a perda de agilidade devido ao seu crescimento exponencial. Rumores indicam que a OpenAI, conhecida pelo seu trabalho com o ChatGPT, está a desenvolver um motor de busca que poderia competir diretamente com a Google.
Pessoalmente, considero que a Google, como líder de mercado, tem a responsabilidade de equilibrar a busca por eficiência com o compromisso para com os seus funcionários e as sociedades onde opera. Embora a reestruturação possa ser benéfica do ponto de vista financeiro, é crucial que a empresa também invista no desenvolvimento de talentos e na criação de oportunidades de emprego sustentáveis em todas as regiões onde atua. Afinal, a inovação e o sucesso a longo prazo dependem não só de números, mas também do bem-estar e da lealdade dos que fazem parte da empresa.
Fonte: Cnbc