Análise de Tennis World Tour 2 (PS4) — potencial desperdiçado

O segundo título da série Tennis World Tour foi lançado no passado mês de setembro, pelo que o Mais Tecnologia teve a oportunidade de o avaliar durante os últimos dias de modo a chegar a algumas conclusões acerca deste regresso da série — dois anos depois do primeiro título. Esta série conta com a produção da Breakpoint Studio, da responsabilidade da Bigben Interactive — atual produtora da série WRC (que aborda o mundo do Rallye).

O desempenho da Bigben Interactive costuma ser reconhecido no seio da indústria dos videojogos, no entanto, o desenvolvimento do projeto Tennis World Tour nem sempre passou pelos melhores momentos entre a crítica quer da comunicação social, quer entre a comunidade. O primeiro jogo foi lançado originalmente a 22 de maio de 2018 para Xbox One e PlayStation 4; mais tarde, surgiram a 29 de outubro do mesmo ano, versões para Windows e Nintendo Switch.

Esta segunda edição da franquia foi lançada a 24 de setembro de 2020 e procura remediar alguns dos problemas evidenciados no primeiro jogo que foi lançado antes de tempo, como referiu o responsável da Bigben ao Le Monde — “o jogo estava apenas 20% concluído [pouco tempo] antes do seu lançamento”.

Ambientação

Estamos habituados a lidar com videojogos que procuram seguir a realidade a um extremo que, por vezes, se torna difícil distinguir a realidade do virtual. Tennis World Tour 2 procura fazer isso a um nível que peca, muitas vezes, pelo exagero. Somos confrontados com uma realidade que nem sempre transmite a mesma emoção que deveria. Isto não é como um simulador automóvel em que podemos recriar todo um conjunto de aparelhos que componham a experiência de condução, ainda que virtual.

Falamos de um videojogo que pretende recriar a experiência de um jogo de ténis, mas que o coloca a um nível de dificuldade que parece exigir quase mais do que a um verdadeiro jogador de ténis. A experiência não é má, diga-se de passagem. É melhor do que ficar a assistir a um jogo, no entanto, puxa um pouco mais é pela destreza de manuseio do seu rato ou comando (dependendo da plataforma).

Este não é o primeiro jogo que acaba por se tornar um desastre por criar nichos muito específicos de jogadores. Assim como não é qualquer um que sabe conduzir bem, também nos jogos podemos não saber jogá-lo tão bem, mas nunca ao ponto de conseguirmos fazer pouco. Não é que esse tenha sido o meu caso, no entanto, senti essa dificuldade na pele.

Porém, apesar destes pontos menos positivos, o jogo traz alguns locais e eventos interessantes como é o caso do Open da França ou do estádio de Wimbledon em Londres. Tirando isso, este jogo não acrescenta muito mais aquilo que foram jogos do género no passado.

Modo Carreira

O modo carreira de Tennis World Tour 2 não transmite, muito provavelmente, os objetivos da equipa. Não é aquele jogo que vá alegrar os mais puristas nestas andanças. Os objetivos enquanto jogador não são muito enriquecedores. Aprendida a rotina, é mais do mesmo – treinos, torneios, lidar com as lesões dos personagens e pouco mais. Posso parecer um pouco duro, mas a verdade é que bem espremido não existe muito mais a oferecer para além disto, no entanto, o que existe consegue divertir por algum tempo (desde que não comece a entrar demasiado na rotina).

Contudo, mesmo com pouco existem algumas coisas que merecem créditos como a gestão da equipa para as provas que se seguem, garantindo que os seus jogadores estejam prontos para competir — avaliando lesões e possíveis problemas que possam anteceder. Além disto, o modo online parece funcionar bastante bem, sem grandes problemas que sejam notórios. Parece que nisto, a Breakpoint Studio acertou em cheio.

Por fim, gostaria de mencionar que os modos de dificuldade são um pouco “desajeitados”, isso mesmo, desajeitados, na medida em que não é fácil definir um dificuldade equitativa para todas as provas, dado que temos a necessidade de a cada prova estar a definir todos os parâmetros que aplicámos anteriormente, estando sujeita a diferenças (se cair em esquecimento).

Qualidade Gráfica

Este jogo — Tennis World Tour 2 — foi analisado em PlayStation 4, onde o desempenho não foi surpreendente, mas também não desiludiu, provavelmente pela franca mediana qualidade das texturas. Por acaso, esperava mais para um jogo deste tipo, em ambiente fechado. Olhamos para jogos como NBA, PES ou FIFA e vemos mudanças mais drásticas quando comparados com os seus antecessores.

Não é que seja um caso perdido, é perfeitamente jogável e não compromete ao nível da caracterização dos personagens, mas é um pouco frustrante ver uma produtora como a Bigben não resolver problemas como este de um dos seus estúdios parceiros, dado que já tem alguma experiência nestas andanças. Por muitas dificuldades que tenha, estes tipos de situações não ajudam a melhorar, mas apenas a prejudicar a imagem do estúdio. O potencial está todo lá, mas é mal aproveitado.

De resto, o jogo oferece alguma estabilidade, sem nunca termos experienciado qualquer tipo de problema de performance, ou de delay no carregamento de texturas que acontece frequentemente em jogos como os supracitados (NBA, etc…). Resumindo, não tenha grandes expetativas em relação a este quesito, mas também não fique receoso, pois está dentro do aceitável para a geração em que se enquadra.

Jogabilidade

O ritmo de jogo é moderado, face ao seu estilo mais realista. Não é frequente vermos ações muito espaçadas, pois todas elas são muito ponderadas pelo motor gráfico, motor este que é um pouco restritivo a fim de não abdicar de algum do realismo. Se consideramos o sprint uma corrida um pouco mais rápida que a normal deslocação, podemos olhar para Tennis World Tour 2 — sim, pode parecer que isto deixa de ser realista, mas se tivermos em conta que estamos a jogar com um comando, podemos passar de algo banal para algo irreal ao mínimo deslize, logo faz sentido restringir um pouco a velocidade.

Contudo, estas restrições também trazem alguns problemas ao impedir aqueles movimentos mais bruscos que podem acontecer, um pouco remotamente, numa partida de ténis (numa tentativa de defender aquela bola mais bem colocada, por exemplo). Tirando isso, estamos perante o motor gráfico com bastantes pontos positivos e será muito provavelmente aqui que o jogo recupera do abismo. Enquanto para muitos este jogo se torna demasiado complicado, para aqueles que idealizam este tipo de dificuldade, estamos perante um jogo com mecânicas muito sólidas.

Por fim, gostaria apenas de realçar que existem “algumas ajudas” que poderão ajudar a melhor a sua performance em campo: entre elas, barras de força e de precisão que à distância de um botão poderão fazer toda a diferença na abordagem à bola e à sua direção em campo. É facilmente confundida a estratégia de colocar a bola no campo adversário, uma vez que, aqui a direção a que coloca a câmera pouco influência a trajetória da bola (que parece ser um exclusivo do personagem e não do jogador). Excetuando isso, oferece bons momentos aqueles mais conhecedores do desporto.

Veredito

Em geral, a proposta do jogo é interessante, mas peca por inconsistências técnicas e ideológicas, que passam muito pela abordagem em termos de conteúdo, gráfica e de gameplay, com decisões muito contraditórias, no entanto, é uma oferta até a considerar mesmo com uma forte concorrência. Veremos onde nos leva Nacon com os estúdios Bigben Interactive. Espero sinceramente que isto melhore no futuro para bem da Breakpoint Studio.

Aprecia jogos de ténis? Então deve ponderar experimentar este jogo (se tiver oportunidade), especialmente, porque este se encontra disponível por um preço muito mais em conta que a maioria dos jogos disponíveis neste momento no mercado. Ainda para mais oferecendo uma experiência online realmente vantajosa. Poderá adquiri-lo diretamente na loja da Nacom por um preço de 39,99€.

Finalmente, espero que esta análise possa ter ajuda o leitor a decidir-se em relação à compra ou não deste título. Muitas vezes, a severidade da análise parte de um ponto de vista muito estreito que poderá não corresponder à opinião de alguns dos jogadores (pelo que esperamos sempre algum ceticismo da parte do leitor contra alguns dos argumentos traçados). Gostaria, uma vez mais, a agradecer o código para testar este jogo fornecido pela Upload Distribution permitindo assim ao Mais Tecnologia a oportunidade de o avaliar.

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