A Luz ao Fundo do Túnel: Europa e a Crise Energética

A Europa respira aliviada. Depois de um período de incertezas e preços exorbitantes, o continente parece emergir de uma das mais graves crises energéticas dos últimos cinquenta anos. A invasão da Ucrânia por parte da Rússia, ocorrida há mais de dois anos, desencadeou uma série de eventos que culminaram em recordes de preços no mercado de gás natural. No entanto, o cenário atual é de estabilização e retorno a valores pré-crise.

Recordemos que o preço do gás natural chegou a atingir os 225€/MWh, um valor sem precedentes que colocou em risco a indústria europeia e a estabilidade económica do continente. Hoje, o mercado de gás natural apresenta cotações inferiores a 25€/MWh, um patamar que remete à normalidade vivida em 2021, antes de toda a turbulência.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no 50º aniversário da Agência Internacional de Energia, destacou a resiliência europeia. A diversificação de fornecedores, a intervenção dos Estados Unidos com GNL (Gás Natural Liquefeito), a pronta resposta da Noruega e a colaboração de países como Japão e Coreia do Sul foram fundamentais. Além disso, em 2023, pela primeira vez na história, a Europa produziu mais eletricidade a partir do vento do que do gás.

O clima também jogou a favor. Este inverno foi um dos mais quentes dos últimos anos. Essa anomalia climática reduziu a necessidade de aquecimento e, consequentemente, o consumo de energia. Menos procura por gás facilitou o aumento do uso de energias renováveis e contribuiu para a queda dos preços.

Com os preços mais baixos, a Europa aproveita para reabastecer os seus inventários de gás, antecipando-se a possíveis mudanças no cenário energético. O índice Henry Hub do gás natural sinaliza preços que não se viam desde 2020, criando uma oportunidade para fortalecer as reservas.

No entanto, nem todos estão convencidos de que a crise está completamente superada. Analistas da Goldman Sachs alertam que a crise energética europeia ainda não terminou e que um inverno mais frio do que a média poderia aumentar a demanda e pressionar os preços novamente. A Europa ainda não realizou mudanças estruturais significativas que garantam a segurança energética a longo prazo.

Olhando para o futuro, a Deloitte prevê que não haverá um excedente real de gás natural até o inverno de 2026. Espera-se que em 2025 a produção global de GNL aumente, o que poderia facilitar o acesso da Europa a gás natural a preços mais baixos. Até lá, a estrutura de acesso ao gás é suficiente, mas não robusta o suficiente para permitir complacência.

Fonte: markets.businessinsider

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