Tecnologias de Reconhecimento Facial: a evolução na última década

Apesar de ter ganho maior destaque durante os anos noventa e de atualmente serem amplamente utilizadas, as tecnologias de reconhecimento facial (TRF) tiveram os seus primórdios há mais de 50 anos. Nos últimos 10 anos estas tecnologias evoluíram e atualmente são aplicadas em áreas tão complexas como a realidade virtual ou a inteligência artificial, mas também para uso em ações triviais como desbloquear o seu smartphone.

Lembra-se de alguns dos momentos que marcaram a evolução das TRF?  Pois bem, comecemos por 2010!

2010: O Facebook implementou um sistema de reconhecimento facial com o propósito de identificar corretamente os utilizadores nas fotos, tendo inclusive levantado dúvidas sobre a violação da privacidade dos utilizadores. Lembra-se do desafio #10yearchallenge? Há quem coloque a hipótese deste desafio ser a oportunidade perfeita para o Facebook treinar os seus algoritmos de reconhecimento facial.

2011: Uma plataforma de reconhecimento facial foi instalada pela primeira vez num aeroporto Internacional. Um projeto piloto foi estabelecido no Aeroporto Internacional Tocumen, no Panamá, para combater o crime organizado e o contrabando. Atualmente, existem aeroportos chineses onde o check-in é realizado com recurso ao reconhecimento facial de forma a automatizar completamente o processo e agilizar o processamento dos passageiros.

2012: Neste ano as TRF enfrentaram algumas dificuldades devido às novas normas Europeias, tendo  o Facebook suspendido temporariamente a funcionalidade de reconhecimento facial lançada em 2009. Nos Estados Unidos as tecnologias de reconhecimento facial foram avaliadas sob o prisma da privacidade individual, tendo sido igualmente identificada uma menor eficácia no reconhecimento facial em algumas etnias, embora não tenha sido provada qualquer motivação racista na base deste desempenho menos bom.

2013: Neste ano foram instaladas câmaras para reconhecimento facial em painéis que apresentavam publicidades personalizadas aos clientes de 450 bombas de gasolina da empresa Tesco. Este exemplo já foi replicado noutros pontos do globo, inclusive no Brasil, onde são apresentadas publicidades ou informações personalizadas aos utentes de uma das linhas do metro de São Paulo.

2014: Nos Estados Unidos as TRF são aplicadas na área de justiça para identificar indivíduos sem documentos de identificação ou que se recusam a ser identificados. Diversas agências norte-americanas fazem igualmente uso destas tecnologias na verificação da identidade de suspeitos, não se limitando apenas a situações onde a segurança nacional possa estar em risco.

2015: A base de dados do FBI relativa ao reconhecimento facial atinge os 52 milhões de imagens, um aumento de 325% quando comparado com 2013. Atualmente, este número já ascende a 640 milhões de fotos. Se pensa que este tipo de tecnologia está apenas ao serviço do FBI e outras agências secretas, desengane-se, pois em 2016 o reconhecimento facial originou mais de 100 detenções apenas no Departamento de Veículos Motorizados de Nova Iorque.

2016: Neste ano a NtechLab, uma empresa russa, desenvolveu uma tecnologia que utiliza as fotos partilhadas nas redes sociais e compara-as com o rosto que se pretende identificar. Este tipo de solução permite, por exemplo, identificar um indivíduo no meio de uma multidão durante um concerto ou manifestação. Não obstante esta ideia pareça assustadora, a FindFace já se está a ganhar terreno neste ramo, apresentando soluções para entidades governamentais e empresas particulares.

2017: O desbloqueio do seu smartphone através das suas impressões digitais já se tornou uma funcionalidade banal. O iPhone X, lançado em 2017, trouxe uma nova funcionalidade: o desbloqueio através da identificação facial. Numa era em que os nossos smartphones permitem o acesso a informações tão importantes como as nossas contas bancárias, estes mecanismos de segurança são mais valiosos que nunca.

2018: Alguns casinos de Macau começaram a utilizar o reconhecimento facial e a inteligência artificial para manter os jogadores problemáticos fora dos casinos. Esta tecnologia pode ser igualmente utilizada para impedir a entrada a jogadores proibidos de frequentar casinos devido ao seu vício no jogo. Uma das evoluções que se perspetiva para o futuro próximo é a integração desta tecnologia nos websites de casinos online, dado o crescente número de jogadores viciados no jogo online. A elaboração de uma base de dados com os jogadores diagnosticados com problemas de jogo e a utilização da webcam em tempo de real para verificar os utilizadores, poderá ser uma realidade em breve.

2019: A Realeyes concebeu uma aplicação de reconhecimento facial, com recurso à inteligência artificial, capaz de ler as emoções humanas através das expressões faciais recolhidas pelo seu smartphone. Mais uma vez, os agentes publicitários já devem ter posto mãos à obra, pois esta tecnologia pode categorizar as reações às publicidades apresentadas como positivas ou negativas.

Se pensava que o reconhecimento facial era apenas utilizado para identificar suspeitos de terrorismo ou para atos ‘inofensivos’ como o desbloqueio de um smartphone, após ler este artigo já percebeu que estava enganado. Hoje em dia o reconhecimento facial está cada vez mais presente nas nossas vidas e, muitas vezes, não temos a real noção do seu real poder. A questão que se impõe já começa a ser um clássico: o que tem mais valor, a evolução tecnológica ou a privacidade individual?

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