A China, com a sua aposta decisiva no carro elétrico, tornou-se o maior mercado mundial para estes veículos. No segmento das motas elétricas, a história não é muito diferente, com o gigante asiático liderando as vendas globais. No entanto, a maioria das motos elétricas disponíveis até agora foram projetadas para uso urbano, onde as limitações de autonomia são menos problemáticas devido à proximidade de pontos de recarga e à natureza dos percursos.
A indústria das duas rodas tem mostrado um interesse crescente pelas motas elétricas, mas ainda com uma aposta menos intensa do que a indústria automobilística. Isso pode ser parcialmente atribuído à maior flexibilidade das políticas europeias e às restrições de circulação nos centros urbanos, que favorecem o uso de veículos menos poluentes e mais adequados para o ambiente urbano.
As scooters elétricas têm sido as preferidas até ao momento, principalmente devido à adequação das baterias para percursos curtos e a facilidade de recarga em ambientes urbanos. Contudo, quando se trata de motocicletas com maior potência e autonomia, os desafios se tornam mais evidentes, especialmente se o condutor for mais exigente com o acelerador.
Modelos como a Kawasaki e-1 e a Zero SR/S enfrentam o desafio de oferecer uma autonomia limitada que pode ser ainda mais restrita em condições de condução mais intensas, como em percursos montanhosos. A Kawasaki e-1, por exemplo, promete 72 quilômetros de autonomia, um número que pode diminuir consideravelmente em uso real.
No entanto, um segmento que poderia se beneficiar significativamente da eletrificação é o das motos mais esportivas. A CFMoto, uma fabricante chinesa, está a explorar essa possibilidade com a CFMoto 450SR S elétrica. A estratégia da empresa é simples: reutilizar o chassi de uma moto desportiva a combustão e adaptá-lo para acomodar o motor elétrico e a bateria. Essa abordagem permite partilhar componentes e reduzir custos de produção, tornando a moto elétrica mais acessível.
A CFMoto sugere que a ideia é escalável e pode ser aplicada a outros modelos. Isso pode ser particularmente vantajoso para motocicletas esportivas usadas em circuitos, onde a disponibilidade de pontos de recarga e a possibilidade de aproveitar as vantagens da tecnologia elétrica são mais viáveis.
O futuro das motos elétricas desportivas pode ser influenciado pelo sucesso do campeonato Moto E, que procura promover o desenvolvimento e a popularização dessas máquinas. Ainda que tenhamos que nos despedir do barulho característico dos motores a combustão, as motos elétricas prometem oferecer uma experiência de condução igualmente emocionante.
Pessoalmente, vejo um grande potencial nas motos elétricas, especialmente para uso urbano e em circuitos. A autonomia, embora ainda seja uma barreira, está a melhorar com o avanço da tecnologia de baterias. A experiência de condução sem emissões e com torque instantâneo é algo que os entusiastas de motos, novos e antigos, certamente apreciarão. A chave para o sucesso será equilibrar o desempenho, a acessibilidade e a infraestrutura de recarga, algo que a China parece estar liderando e que o resto do mundo faria bem em observar e aprender.