Nos últimos anos, a tecnologia de videoconferência tem sido um pilar essencial para a comunicação empresarial e pessoal, especialmente durante a pandemia. Empresas como Zoom, liderada pelo seu fundador e CEO Eric Yuan, tornaram-se nomes familiares. No entanto, Yuan tem uma visão ousada para o futuro: a substituição de humanos por avatares de Inteligência Artificial (IA) em reuniões.
Numa entrevista recente com o site The Verge, Yuan mencionou a ideia de criar um “gémeo digital” que pudesse representar uma pessoa em reuniões. Este conceito baseia-se na utilização de Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLMs) personalizados para cada indivíduo. Yuan argumenta que, em vez de todos partilharem o mesmo LLM, cada pessoa deveria ter o seu próprio modelo, adaptado às suas necessidades e características específicas.
Yuan descreve um cenário onde, ao acordar, uma IA informaria sobre as reuniões do dia e sugeriria quais poderiam ser assistidas por um avatar digital em vez do próprio indivíduo. A IA não só participaria nas reuniões, mas também forneceria resumos detalhados para aqueles que não puderam comparecer. Esta visão inclui a IA como assistente pessoal, ajudando a gerir o tempo e a aumentar a eficiência.
Embora a ideia de Yuan seja inovadora, a realidade é que muitas das funcionalidades que ele descreve já existem em várias formas. Por exemplo, o software Copilot da Microsoft e o próprio Zoom já utilizam IA para resumir reuniões. No entanto, a adição de um avatar digital que represente uma pessoa em reuniões ainda não é uma prática comum e levanta várias questões éticas e práticas, apesar de ser algo que a Microsoft e a Meta já têm.
A proposta de Yuan não está isenta de críticas. A ideia de manipular avatares de IA para melhorar habilidades de negociação ou para exibir emoções específicas pode ser vista como uma forma de engano. A utilização de um avatar digital para substituir a presença humana em reuniões pode criar uma distância ainda maior entre executivos e consumidores, tornando as interações menos autênticas e mais mecanizadas.
Para os consumidores, a ideia de interagir com avatares de IA em vez de pessoas reais pode ser desconcertante. A autenticidade nas comunicações é crucial, especialmente em contextos empresariais onde a confiança é um fator chave. A utilização de avatares de IA pode minar essa confiança, tornando as interações mais impessoais e menos transparentes.
Na minha opinião, embora a tecnologia de IA tenha um potencial enorme para transformar a forma como trabalhamos e comunicamos, é crucial abordar estas inovações com cautela. A implementação de avatares de IA deve ser feita de forma transparente e ética, garantindo que as interações humanas não sejam desvalorizadas. A tecnologia deve servir para melhorar a experiência humana, não para a substituir.
Portanto, enquanto a visão de Yuan é interessante e abre novas possibilidades, é essencial considerar as consequências a longo prazo e garantir que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e ética. Afinal, a verdadeira inovação deve sempre colocar as pessoas em primeiro lugar.
Fonte: Theverge