Há algumas semanas, o Google anunciou uma série de despedimentos que afetaria quase mil funcionários numa estratégia para reduzir o tamanho da sua equipa e reorganizar a empresa, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento da sua inteligência artificial. Esta medida gerou uma série de questões e preocupações entre os funcionários, que foram expressas numa reunião geral com os executivos da empresa.
Durante a reunião, os funcionários questionaram o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, sobre a política de despedimentos da empresa e a crescente lacuna entre a liderança e os funcionários. Pichai foi questionado sobre a perspectiva da liderança sobre esta lacuna e se algo estava a ser feito para restaurar uma relação de confiança mútua.
Numa resposta que se manteve alinhada com a narrativa do Google, Pichai afirmou que a empresa estava a simplificar áreas onde havia camadas desnecessárias e a eliminar burocracia para garantir que a empresa funcionasse melhor. No entanto, a questão de se algum executivo tinha sido despedido ou se a sua remuneração anual tinha sido afetada de alguma forma por esta reestruturação da empresa, permaneceu em aberto.
A questão dos salários dos executivos é um tema que tem gerado bastante discussão. Chris Williams, ex-vice-presidente de Recursos Humanos da Microsoft e agora consultor executivo, esclarece que as remunerações do CEO são “gratuitas” para a empresa. Isto deve-se ao facto de a maior parte do salário do CEO ser convertida em ações da própria empresa, o que, a nível contabilístico, não representa um custo para a empresa.
No entanto, esta prática tem levantado questões sobre a solidariedade e o compromisso dos executivos para com os seus funcionários. Embora a redução do salário do CEO possa não ter um impacto significativo nas finanças da empresa, a questão é se os executivos deveriam partilhar o sofrimento dos seus funcionários, mesmo que seja apenas simbólico.
Embora a empresa defenda que estas medidas são necessárias para a sua eficiência e inovação, é evidente que existe uma desconexão entre a liderança e os funcionários. Além disso, a questão dos salários dos executivos destaca a necessidade de uma maior transparência e equidade na remuneração dentro das empresas. Na minha opinião, é essencial que as empresas não só se esforcem por ser eficientes e inovadoras, mas também por criar um ambiente de trabalho que valorize e respeite todos os seus funcionários.
Fonte: theverge