Quer comprar em lojas chinesas? Conheça os Prós e Contras

Não há dúvida que os produtos chineses têm qualidade e por isso tem crescido a procura de smartphones chineses, bem como novas fabricantes. Mas ao comprar online de lojas chinesas, há sempre aspetos positivos e negativos a ter em conta.

Não há dúvida que a fabricante chinesa mais conhecida é a Huawei, mas este é um caso à parte, pois está em vários segmentos de mercado e é líder em alguns deles, tendo subsidiárias e funcionários em centenas de países. Sem dúvida, uma fabricante chinesa integrada no mercado mundial.

Neste artigo referimo-nos a fabricantes menos conhecidas, que têm a sua presença maioritariamente no mercado chinês. Marcas como Xiaomi, Elephone, Ulephone, Bluboo, Vernee, etc. Sem dúvida que se formos à procura de fabricantes de smartphones com sede na China iremos encontrar muitas, provavelmente fabricantes que nós mesmos não conhecemos.

Como estes fabricantes não têm representação fora da China, muito menos em Portugal, apesar de haver algumas lojas com o nome da Xiaomi, a única possibilidade para adquirir produtos destas marcas é possível porque as lojas online chinesas viram aqui uma boa oportunidade de negócio e não há dúvida que o mercado português é um bom cliente.

No entanto, isto de comprar online, principalmente de lojas chinesas, tem muito que se lhe dita. Isto porque na Europa há regras e estando as lojas sediadas na China, infelizmente não seguem as nossas regras. Portanto há fatores a ter em conta e o que publicamos neste artigo são os pontos positivos e negativos de comprar através destas lojas chinesas.

• Afinal vale a pena encomendar nestas lojas?

Preço

A China sempre foi conhecida por ter baixos preços e não é por acaso que todos (ou quase) têm as suas fábricas de produção nesse país. Por isso, como seria de esperar, também estas fabricantes aproveitam a mão de obra barata para conseguir fabricar smartphones a preços baixos.

Mas não é só esta a razão. Não nos podemos esquecer que as patentes são um dos grandes custos que as empresas têm e, neste caso, esse custos são baixos (ou nenhuns). Não é por acaso que a Xiaomi ainda não vende na Europa ou nos EUA.

Para percebermos como as patentes são um elevado custo, há algum tempo atrás alguns analistas estimaram quanto dinheiro é que a Microsoft ganharia com as patentes no mercado mobile, com foco na venda de smartphones Android e chegou-se à conclusão que mesmo assim a Microsoft ganha mais dinheiro com o Android do que com o próprio Windows Mobile. Daqui podemos depreender que os custos com patentes podem ser bem elevados.

E ainda há mais, começando pelo pouco (ou nenhum) marketing que fazem, aliado a vendas exclusivamente online, o que lhe poupa vários custos logísticos, e ainda a falta de atualizações aos dispositivos (que será mais explorado noutro tópico) permite reduzir os custos de produção.

Toda esta explicação, ajuda a entender como é que smartphones topo de gama como o Xiaomi Mi 5, consegue custar metade dos valores de smartphones à venda na Europa, como o Samsung Galaxy S7 ou o LG G5.

Qualidade de Design

Se antes apenas os smartphones de topo tinham designs de topo, hoje não é bem assim. Aliás, dependendo dos gostos, certamente que conseguimos encontrar designs de smartphones “low-cost” bem mais interessantes do que equipamentos de alta gama.

O que temos visto é que os chineses têm designs de grande qualidade, capaz de rivalizar com qualquer grande fabricante. Por vezes, até demasiado igual.

Facilmente conseguimos encontrar designs com acabamentos metálicos de alta qualidade em smartphones que custam pouco mais de 100€.

Assim, e felizmente, os smartphones chineses também evoluíram nesta área e conseguimos equipamentos com grande qualidade de design a baixo preço.

Especificações

Quando os primeiros fabricantes chineses começaram a comercializar os smartphones eram baratos, mas as especificações também, uma coisa que foi se alterando com o tempo e, hoje, a situação está bem diferente.

Primeiro, nasceu um fabricante de processadores chineses, a Mediatek, que começou a criar processadores de qualidade. Com a chegada desta fabricante, o desempenho dos equipamentos melhorou muito, mantendo os preços baixos.

Hoje em dia, já se consegue adquirir um smartphone a rondar os 200€, que um equivalente na Europa, ou em Portugal, custa uns 500€. Mas não é só a Mediatek. O que acontece é que as fabricantes de processadores começaram a disponibilizar os seus processadores às fabricantes chineses.

Os processadores da Qualcomm e da Samsung já estão presentes em smartphones de fabricantes chinesas, como a Xiaomi, que usa Qualcomm, ou a Meizu, que usa os Exynos. Até o Kirin, da Huawei, começou a ser utilizado pela Bluboo. Portanto os processadores de grande desempenho também começaram a ser utilizadores por estas fabricantes. Mas não é só de processadores.

Os smartphones chineses também já têm RAM de 3/4GB e, principalmente, as câmaras. A maioria das fabricantes já utiliza os sensores da Sony. Por exemplo, a Xiaomi já utiliza os sensores de 16MP e 20MP nos seus smartphones, os mesmos sensores utilizados nos topos de gama da Sony ou da LG.

Portanto, atualmente já não se pode dizer que os smartphones chineses são fracos, porque não é verdade.

Variedade de escolha

Se quando vamos comprar um smartphone de média-gama a uma loja achamos que há demasiada variedade, então é porque ainda não olhou para os smartphones chineses. Se antes apenas havia umas 3 ou 4 marcas com equipamentos topo de gama, hoje há muita variedade.

Mas prefere uma cor berrante? Um rosa dourado? Ou um smartphones simples com design em plástico? É esta a variedade que estas lojas e as fabricantes chinesas conseguem oferecer, já que na China fabrica-se tudo e de toda a variedade.

Mas não é isto que quer? Se é uma pessoa que deixa escorregar o equipamento em qualquer sítio e a possibilidade de quebra é grande, não se preocupe. Também consegue encontrar smartphones concorrentes da CAT, preparados para todo o tipo de queda.

Armazéns Europeus

As lojas chinesas começaram a perceber que as alfandegas começaram a apertar o cerco, adicionando mais custos aos consumidores, o que fez com que os clientes deixassem de comprar nas lojas chinesas. Além disso, o tempo de entrega também é muito elevado, o que é mais um factor limitativo, por isso as lojas tiveram de procurar soluções.

Assim, algumas lojas começaram a procurar forma de colocar os seus produtos na Europa, de forma a que chegassem aos clientes sem custos adicionais e mais rápida, portanto arranjaram armazéns na Europa para isso.

Os armazéns europeus estão em varios países, como Reino Unido, Espanha e até temos algumas com armazém em Portugal. Assim, desta forma conseguem estar mais perto dos clientes.

O que os consumidores ganham? Logo para começar o produto chega aos clientes em poucos dias, no máximo uma semana, o que é uma vantagem em comparação com os mais de 30 dias de espera (normalmente). Mas também evita pagar os custos alfandegários, além do tempo de espera até recebermos a carta da alfandega e dirigirmos às entidades, que também causa algum transtorno.

No entanto, os armazéns europeus também fizeram com que os produtos ficassem um pouco mais caros, já que há custos logísticos adicionais. Além disso, também é imputado custos de envio, que encarem um pouco mais mas, no final, vale a pena.

Garantia

Este é um dos grandes contras da importação deste tipo de equipamentos e é, normalmente, no suporte pós-venda que se difere as grandes empresas. Que aqui é quase zero.

Começando na garantia dos produtos, não, não são dois anos de garantia. Segundo o que investigámos, na China os produtos eletrónicos têm uma garantia mínima de 6 meses. Sim, apenas 6 meses.

“Mas estou em Portugal”, dizem vocês, ou então, “encomendei de um armazém europeu, portanto comprei na Europa”, também não é bem assim. Na verdade, eles não têm qualquer representação na Europa, para que as instituições europeias possam aplicar as coimas e obrigar as empresas a resolver o problema. Mesmo que o armazém esteja na Europa, na verdade nós compramos ao site chinês, sedeado na China, apenas com um armazém na Europa onde armazena alguns produtos para facilitar o envio aos seus clientes.

Mas imaginemos que o produto se avaria dentro dos 6 meses, será fácil? Duvido. Felizmente, nunca nos aconteceu, mas há diversas queixas pela internet fora. Primeiro, eles indicam que somos nós que temos de acartar com os custos de envio para a China. Depois, o envio para um país como a China, com a complexidade que conseguimos imaginar, também vejo uma boa probabilidade de o produto se perder no caminho. Tal como por vezes acontece quando vem para cá. Basicamente, todo este processo não é fácil.

Agora, imagine todo este processo num produto de 300€. Vale a pena o risco? É, sem dúvida, uma situação que deve ponderar antes de decidir comprar desta forma.

Felizmente, também já vemos garantias das lojas que chegam a 2 anos, quando as mesmas são enviadas dos armazéns europeus, o que é uma mais valia para o consumidor.

Envio

O envio destes produtos é outro dos problemas, já que todos sabemos que produtos importados fora da Europa pode trazer problemas. Além disso, o produto vem do outro lado do mundo, portanto sabemos que, pelo menos, um mês deverá demorar até chegar a nossa casa. Pode sempre vir por DHL ou outro tipo de entrega rápida, no entanto como há que pagar taxas alfandegárias, ainda temos de acrescer as várias taxas cobradas por estas empresas que acresce, e muito, o valor final.

Portanto, ao mandar vir da China, já se sabe que demora muito tempo (+ de 1 mês) além de que aumenta a probabilidade de o produto se perder pelo caminho. Se for um produto caro, recomendo, vivamente, que peça com tracking number, para saber onde o produto está e ser mais fácil de reclamar com a loja.

Normalmente, as lojas online chinesas estão habituadas a este tipo de problemas e costumam resolver as situações de forma célere, mas nunca é demais ter em conta o problema que as encomendas vindas da China podem causar.

Atualizações

Este é um dos grandes problemas dos produtos chineses, a pouca aposta na atualização de software dos seus equipamentos. Sejamos sinceros, para comprarmos barato, tem de haver cortes por parte das empresas e, sem dúvida, que esta área é uma delas.

À exceção da Xiaomi, que até tem feito um excelente trabalho na área das atualizações dos seus produtos, a grande maioria das fabricantes chineses não se preocupa com as atualizações do Android.

Além disso, também tem surgido várias fabricantes que ainda não nos permite termos uma opinião definida, já que têm lançado produtos mas ainda estão no mercado há pouco tempo para perceber como funcionam.

Mas, generalizando, para manter os produtos com preços baixos, as empresas têm apenas o necessário e funcionários para tratarem das atualizações de software acabam por ser descartáveis.

Taxas Alfandegárias

Aqui está outro problema, o custo adicional que nos é imputado pela alfandega. Segundo as regras, todos os produtos adquiridos fora da Europa com valor comercial (mais custos de envio) superior a 22€, têm de pagar as taxas alfandegárias. Ora, smartphones por menos de 22€? Era bom era.

Hoje em dia, é raro o produto que não pare na alfandega ou que não seja verificado pela entidade. Não sabemos quais os procedimentos deles, mas já há algum tempo que os smartphones que recebemos param sempre na alfandega, quando ainda me lembro há alguns anos havia a possibilidade de passarem “ao lado”.

Portanto, se receber por vias normais (CTT), prepare-se para pagar. Se enviar por DHL ou similares, prepare-se para pagar ainda mais, já que as taxas cobradas pelas empresas são bem maiores.

Num cálculo rápido feito pela nossa experiência no envio através dos CTT, se o produto custar acima dos 22€, temos de pagar 23% de IVA do valor declarado, mais 12€ cobrados pelos CTT por apresentação à alfandega e mais 2,49€ de “urgência”, uma taxa recente que os correios criaram para quem vai levantar presencialmente a Cabo Ruivo. Portanto se quiser evitar este último custo, envio por email os dados necessários.

Resumindo, se o produto parar na alfândega, o valor a pagar é: 22% do valor total +14,49€ para os CTT. Assim, tem de ter em conta que o valor total do smartphone poderá ser bem mais elevado.

Mas, felizmente para os utilizadores, as lojas chinesas perceberam que estas taxas eram limitativas para os consumidores optarem pelas suas lojas, portanto procuraram soluções, os armazéns europeus que já falamos anteriormente. Assim, permite receber o produto de forma mais rápida e sem custos alfandegários, apesar de o produto se tornar um pouco mais caro, mas que acaba por compensar. Neste caso, é normal que tenha de pagar os custos de envio, normalmente inferiores a 10€.

As lojas chinesas também encontraram outras soluções, como a GearBest, que permite encomendar através da China, mas não passam na Alfandega. Como? O método chama-se “Priority Line” e o produto vem da China para um país da União Europeia, acho que é Espanha (mas também já ouvi falar no Reino Unido) e depois vem via terrestre para Portugal, o que permite não passar na alfândega e não pagar as taxas adicionais.

Afinal vale a pena encomendar nestas lojas?

Se o objetivo é adquirir um smartphone de grande qualidade a um preço baixo, sem dúvida que esta pode ser a melhor opção, já que é possível comprar smartphones de fabricantes chineses por preços muito competitivos. Portanto, se o preço é imperativo para optar por estas lojas.

Agora há riscos que tem de estar preparado para correr, como possíveis custos extra na alfandega do seu país, possíveis problemas quando quiser reclamar da garantia de produtos.

Assim, acreditamos que esclarecemos os nossos leitores sobre os pontos a favor e pontos contra na encomenda deste tipo de produtos a partir de lojas chinesas. Se acha que falta alguma referência, tanto positiva como negativa sobre este tipo de compras, indique-nos nos comentários.