A consola de nona geração da PlayStation 5 já se encontra disponível para a generalidade do público tendo sido lançada ontem, dia 19 de novembro, globalmente, uma semana depois de ter sido lançada no Estados Unidos e em mais quatro países. Em Portugal, o volume disponível para compra é tão reduzido que apenas consumidores que adquiriram durante a pré-reserva, tiveram acesso ao produto desde o primeiro dia.
O Mais Tecnologia foi um desses casos, onde nos foi possível chegar ao contacto com a consola através de uma pré-reserva. Em todo o caso, para todos os que conseguiram encomendar a consola ontem a partir da meia noite (até esgotarem em menos de uma hora) na generalidade dos revendedores em Portugal, terão oportunidade de poder colocar as mãos na tão desejada consola entre os dias 15 e 23 de dezembro.
Esta geração está a ter um impacto significativo na expectativa entre a comunidade e os diversos meios de imprensa. Contudo, estes sucessivos lapsos e problemas com o stock são mais do que motivos para durante os próximos meses, se avizinharem tempos difíceis para a Sony. A ser igual em outros países, só irá dar mais motivos àqueles jogadores que nem fazem questão de jogar exclusivos, optarem pela concorrência, a Xbox Series X.
O verdadeiro salto geracional
O processamento desta geração é um salto incrível quando comparado com atual geração PlayStation 4 — contando agora com um AMD Zen 2 de 8 cores e 16 threads de 3.5 GHz de frequência variável (que permite que a PS5 comece a alternar potência e frequências entre o CPU e GPU dependendo da tarefa a realizar). A consola consegue isto em conjunto com uma GPU AMD Radeon RDNA 2 de 10.28 teraflops com clock até aos 2.23 GHz.
Contudo, a verdadeira diferença entre gerações é o abandono do disco rígido HDD, para fazer uso de um SSD — mas não é um simples SSD, falamos de um M.2 onboard que permite velocidades dignas de um M.2 SSD de quarta geração (que existem em pouca quantidade) —, para computador, a grande maioria das motherboards ainda não têm compatibilidade com a quarta geração, pelo que, mesmo que compre um SSD com esta potência de leitura ou de escrita, não irá conseguir resultados, nem de perto aos da PlayStation 5 ou Xbox Series X e S.
Os 16GB GDDR6 (com 256-bit) asseguram uma estabilidade impressionante quer dentro de jogo, quer na operação da consola, não tendo presenciado qualquer falta de memória na grande maioria dos jogos (algo que já acontecia com a PS4 de primeira geração). Pelo menos, nos primeiros tempos, não iremos sentir falta de mais memória, visto que estamos no início da geração (e ainda poucos jogos tiram partido da potência disponível).
O software é mais complexo mas bastante funcional
A interface da PlayStation 5 integra um conjunto de melhorias funcionais que a colocam um nível mais acima daquilo que foi a atual geração. É notória a procura de soluções para problemas de acessibilidade — este levantados, muitas vezes, pela comunidade — a determinadas funções dentro da consola.
Por exemplo, o botão “PS” trocou a ordem de prioridades dos menus, enquanto joga — ao pressionar o botão tem acesso a um menu rápido que o põe ocorrente de alguns desafios ou oportunidades de conversa em grupo, bem como, juntar-se a partidas em outros jogos (com os seus amigos), conversas rápidas com respostas como: “Bom dia”, “Vamos jogar?” e “Obrigado” ou simplesmente aceder a todas as suas conversas, poderá colocar uma música no Spotify, ou criar um grupo de conversação, ou até desligar, reiniciar ou colocar em suspensão a consola.
Em alternativa, se pressionar o botão “PS” durante mais tempo (que abre o menu rápido da PS4) permite agora que se estiver no menu rápido, volte para a página inicial da consola para que possa aceder à sua biblioteca de jogos ou ao perfil e definições da consola, entre muitas outras coisas. Fica patente através destas alterações uma facilidade de multitasking e de mudança de jogo rapidamente (sobretudo se forem jogos digitais, em que não necessita de inserir um DVD).
Para além de tudo isto, até a própria música ambiente se tornou mesmo ambiente, substituindo o sonoro som bem conhecido da PS4, mas que de música ambiente tinha pouco (sendo algo irritante se ouvida durante muito tempo). A música presente na PS5 oferece um momento de maior acalmia, enquanto navegamos pelos menus. A navegação, devidamente legendada, oferece agora uma maior facilidade e intuitivade no seu manuseio, o que é mais um ponto a favor.
Experiência e desempenho in-game
Ainda foram poucos os jogos que testámos nesta nova geração, pelo que por enquanto não nos podemos manifestar categoricamente em relação a uma experiência dita, acabada, sobretudo quando temos um produto final que se está a iniciar nesta nona geração de consolas.
O jogo que mais nos impressionou é, sem dúvida, o Call of Duty Black Ops: Cold War que se já na PlayStation 4 dava cartas (em termos de desempenho), agora na PlayStation 5 é ainda mais rápido. Este título consegue períodos de carregamento tão baixos, graças à sua reestruturação que permite agora instalar o jogo em partes (algo bastante ambicionado pela PlayStation e atendido pela Activision) neste novo Black Ops.
GTA 5, por exemplo, foi outro dos jogos que resolvemos experimentar, mas cujo resultado foi mediano. Afinal, falamos de um jogo baseado ainda na arquitetura de PS4 (apesar da Rockstar Games estar a desenvolver uma edição para PS5), os tempos de carregamento ainda são elevados: apenas diminui naquelas alturas em que um HDD ficaria em stress, mas que não acontece num SSD deste tipo. A alteração mais evidente é na estabilidade dentro de jogo. Para quem joga GTA 5 numa PS4 Standard ou PS4 Slim sabe que já existem limitações físicas do processador ou da RAM em alguns momentos, levando a que o jogo trave quando nos deslocamos muito rápido pelo mapa, com a PS5, esse problema desaparece completamente.
Até à data deste artigo, ainda não tínhamos tido oportunidade de jogar o novo Marvel’s Spider-Man: Miles Morales na PS5, pelo que ainda só temos algum feedback da versão de PS4. Até ao momento, ainda não publicámos nenhuma análise dos referidos jogos acima (exceto GTA, que não se aplica), mas tencionamos fazê-lo brevemente.
Aproveitamos também para realçar a existência de três tipos de resolução que podem ser exportados da PS5: 1080i, 1080p e 4K nativo. Posto isto, para todos aqueles que esperavam usufruir de 1440p, saiba que poderá exportar numa resolução superior ou inferior, mas tudo isto sujeito a upscaling ou downscaling, dependo do que o seu monitor suportar. A nova consola está focada no televisores (com vista a “vender” as suas própria televisões). A título de exemplo, testámos a consola num monitor com resolução de 1920×1080 com suporte a 144 Hz, no entanto, a consola exporta na mesma resolução, mas apenas a uma taxa de atualização de 60 Hz (ou seja, não conseguimos mais de 60 fps).
A PlayStation 5 tem suporte a 4K a 120 Hz (de taxa de atualização), o que permitirá no futuro suportar alguns jogos em 4K a 120 fps, mas para isso, irá precisar de uma televisão com suporte a HDMI 2.1 para o fazer. É imprescindível ter suporte a HDMI 2.1 para conseguir suportar mais do que 60 Hz.
O comando Dual-Sense é simplesmente incrível!
Decididamente, se dúvidas houvessem, quer pela menor potência (em teraflops) face à Xbox Series X, a PlayStation 5 presenteia-nos com algo incrivelmente surpreendente. Não é apenas mais um comando. O novo Dual-Sense transmite-nos basicamente o significado do seu nome, uma “Dupla-Sensação”, mas que em boa verdade, até são múltiplas sensações. O facto de ter acompanho os primórdios do Dual-Shock desde a PS2 até ao último lançado com a PS4, vejo toda uma melhoria incrível.
Não é fácil descrever as sensações que temos abordo deste comando, aliás, devo dizer que quando foi anunciado, estava um pouco cético quanto à funcionalidade deste novo feedback háptico, no entanto, a primeira vez que tive oportunidade de o testar, fiquei deslumbrado. Só o simples facto de sentir um força contrária aquela que tendo fazer quando disparo uma arma em, por exemplo, Call of Duty, me fez sentir duas coisas, a dificuldade de a disparar, em coordenação com toda a técnica inerente para matar e não ser morto. Por muito mórbido que isto possa parecer, foi este o sentimento transmitido num primeiro contacto.
Até em GTA 5, o feeling da tração de um carro consegue ser sentida (quando aceleramos um pouco mais a fundo), ou quando entramos em derrapagem ou até quando recarregamos uma arma — isto num jogo que ainda não está otimizado para a nova geração. Estamos perante um grande trabalho de desenvolvimento por parte da Sony, em particular, pelo departamento gaming da fabricante, a PlayStation.
A juntar a tudo isto, a excelente ergonomia do comando, transmite-nos uma sensação de robustez e aderência como nenhum outro em toda a série de comandos lançados pela Sony ao longos dos tempos. Este é sem dúvida o comando da geração e de todas as gerações ao longo do tempo. O design, em conjunto, com todos os outros fatores mencionados fazem deste comando algo simplesmente inimaginável até o termos na nossa mão. Este, tem tudo aquilo que podia imaginar, só falta falar, porque até “pensar” já ele consegue, graças ao software com que se faz acompanhar.
Veredito
A PlayStation 5 consegue conciliar de uma forma muito habilidosa: potência, preço, design e até o ruído. Falamos de uma geração mais madura do que em outros tempos, mais próximo daquilo que vemos em um computador, mas associado a um preço muito competitivo (dentro daquilo que pode ser esperado pelo mercado) — sobretudo lançando uma consola com a mesma potência a 399,99€ e outra, mais completa (a edição standard) por mais cem euros. O design “astético” foge ao padrão seguido no passado, mas emerge num sentido revolucionário e de inovação que associado a uma atenção muito especial aos problemas da anterior geração, consegue reduzir até o ruído da ventilação da consola (recorrendo a uma ventoinha pouco comum, mas com um resultado extraordinário. Além disso, ao contar com um SSD e diversos jogos no lançamento, é capaz de destronar facilmente a concorrência.