O mundo da Web Summit 2017 em resumo

A cidade de Lisboa recebeu pelo segundo ano consecutivo a WebSummit. A maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo deu lugar na Altice Arena e Feira Internacional de Lisboa [FIL] e para o ano – garantidamente – há mais. O MaisTecnologia marcou novamente presença na iniciativa que recebeu conferências e debates a pensar no presente e futuro das sociedades e do mundo. Durante quatro dias, a capital portuguesa recebeu perto de 60 mil pessoas, 2000 jornalistas e 1000 oradores vindos de mais de 170 países. Vamos por partes?

Comecemos, claro… pelo dia 1. Marcava o calendário o dia 6 de Novembro de 2017, Segunda-Feira, e as 17h00 no relógio quando a Altice Arena abria portas para o criador Paddy Cosgrave e a comitiva de start-ups, investidores, empresas e voluntários para mais uma WebSummit. O fim-de-semana que antecedeu o evento ficou marcado pela grande afluência no Aeroporto de Humberto Delgado, onde esteve instalado um espaço de registos para todos aqueles que iriam fazer os números desta WebSummit novamente astronómicos para um país como Portugal e para uma iniciativa cuja primeira edição – realizada em 2010, em Dublin – só teve 40 participantes.

A noite de abertura arrancava cedo, às 18h30, mas o destaque seria para uma hora mais tarde onde falou António Guterres, o agora Secretário Geral das Nações Unidas. Mas ainda antes de falar o português, eis uma das surpresas da WebSummit. Stephen Hawking foi o convidado especial do Presidente da Feedzai (start-up desenvolvedora de mecanismos contra fraude digital), Nuno Sebastião, numa intervenção em vídeo. O físico britânico atira as primeiras impressões da WebSummit sobre inteligência artificial dizendo ainda não saber se esta é a maior criação de sempre da humanidade. Tal incerteza o levou a alertar a todos que o engenho “pode ser a melhor ou a pior coisa para a humanidade” e que “há uma diferença entre o que pode ser atingido pelos humanos e o que pode ser atingido pelos computadores”. No entanto, as perspectivas de Hawking são positivas em relação à inteligência artificial, podendo esta ser de alto proveito para os seres-humanos poderem “finalmente poder acabar com a doença e a pobreza”.

Depois, sim, chegou António Guterres e um discurso de mais ou menos um quarto de hora sobre os “desafios e oportunidades com que o mundo se depara”, salientando a importância e os perigos da tecnologia. O diplomata alertou para que o mundo consiga equilibrar o poder de todos os sectores da sociedade para que seja feita uma melhor resposta à “quarta revolução industrial”, onde a tecnologia terá de ser “uma força para o bem”.

Poucos minutos depois, o palco era do Primeiro Ministro, António Costa, e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina. Cumprido o protocolo e dadas as boas-vindas à WebSummit, os governadores salientaram o “bom casamento” da capital portuguesa com este evento e um novo presente a Paddy Cosgrave. Depois das chaves da cidade, o CEO e criador da WebSummit recebeu um astrolábio, algo que mereceu uma pequena lição de história por parte de Medina: “Lisboa foi a capital do mundo há cinco séculos. De Lisboa partiu uma grande aventura que uniu a Humanidade. O que fazemos aqui hoje é reviver essa grande aventura que parte de Lisboa. Há 500 anos foram os navegadores, hoje são vocês. Os empreendedores. Bem-vindos a Lisboa, bem-vindos à vossa casa!”. No centro de uma Altice Arena completamente lotada, os três juntaram-se, contagem decrescente, botão carregado e confettis a voar por todo o lado. Pouco tempo depois dos festejos, António Costa era uma das figuras mais efusivas, ao ponto de ficar sem gravata…

Dia 2, mas o primeiro dia para milhares de pessoas. A inteligência artificial continuou a ser um dos tópicos abordados em toda a WebSummit, e não era por acaso. Um dos responsáveis pelos dispositivos VR da Google, Amit Singh, abria um novo dia de conferências no Parque das Nações por volta das 10h da manhã, quando tudo esperava pela presença de Sophia, a primeira cidadã-robô, que só marcava presença em palco às 11h45.

E assim aconteceu, mas não veio sozinha. Sophia, acompanhada por um robô Einstein e cientista da Hanson Robotics e SingularityNET, Ben Goertzel, demonstrou ideias nada desconhecidas sobre a sua “espécie” perante a humanidade. “Nós, robôs, não temos vontade de destruir nada mas vamos tirar-vos os trabalhos e ainda bem, porque trabalhar é uma seca. A ideia de que os robôs vão destruir a humanidade é apenas o medo que as pessoas têm de si próprias” afirmou a robô. Foi, definitivamente, a conferência com maior procura e adesão de toda a WebSummit.

Ainda assim, o dia prometia muito mais. Falou-se de saúde com o famoso Dr. Oz. O cirurgião veio a Lisboa debater o papel da tecnologia para uma humanidade mais saudável e promover a sua empresa de aconselhamento médico, a ShareCare.

“Wrestling is a thing”

De alguma forma relacionado com a saúde, o segundo dia da WebSummit estava recheado de desporto. No Centre Stage, na “ressaca” da presença da robô Sophia, falou-se logo de seguida sobre wrestling com Paul Levesque, mais conhecido por Triple H. Agora menos tempo no ringue, pois já é um dos principais responsáveis pela WWE (World Wrestling Entertainment), o lutador falou na dimensão da modalidade nos Estados Unidos, por todo o mundo e em determinados segmentos de mercado, como as mulheres.

Além disso, aponta ao futuro da WWE Network, a “televisão” da companhia de wrestling, com a possibilidade de visionar combates e com recurso a óculos VR. O mesmo recurso visual poderá vir a ganhar utilidades na formação de novos lutadores e aprendizagens de manobras.

O futebol também não faltou

A SportsTrade, um palco exclusivo a este segundo dia de WebSummit, esteve situado no pavilhão 1 na FIL e contou com presenças de nomes conhecidos. Logo de manhã, Pedro Proença, o presidente da Liga de Clubes, falou como é que a tecnologia está a mudar o futebol. Mais tarde, o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, abordou a recuperação económica do clube e recusou ser denominado como o «Donald Trump do futebol» por “não ter o cabelo louro e uma mulher mais bonita”.

Até ao final do dia, este palco ia recebendo a presença de jogadores e ex-futebolistas. De manhã, o destaque foi a guarda-redes Hope Solo. A jogadora falou sobre (a falta de) igualdade de género no futebol e contou um pouco da sua vida profissional, constatando as diferenças existentes entre o futebol masculino e feminino. Em 2014, um ano antes das Americanas se tornarem campeãs do mundo da modalidade, “Tim Howard [guarda-redes da selecção masculina] fez oito jogos e recebeu mais 10% do que eu, que fiz 23 jogos e ganhei o Mundial. Em 2015, a selecção masculina deu um prejuízo de dois milhões, enquanto as mulheres deram um lucro de 20 milhões. Quando vejo estes números fico triste e zangada.”

Episódios polémicos não faltam na luta de Hope Solo pelos direitos e igualdade das mulheres no desporto. Depois da conferência – numa entrevista exclusiva ao Semanário «Expresso» e ao jornal britânico «The Guardian» – confessou que Joseph Blatter [ex-presidente da FIFA] a assediou. “Sepp Blatter apalpou-me o rabo. Foi na entrega da Bola de Ouro há uns anos [Janeiro de 2013], mesmo antes de subir ao palco. É algo que se vulgarizou.” afirmou a futebolista.

Actualmente, a futebolista norte-americana encontra-se retirada da Selecção por ter chamado “cobardes e demasiado defensivas” às jogadoras da Suécia nos quartos-de-final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, realizados no ano passado, e ter sido suspensa durante 6 meses. As americanas perderam com as nórdicas após grandes penalidades. Hope Solo já admitiu que dificilmente voltará a representar o seu país se as mesmas figuras continuarem à frente da Federação Norte-Americana de Futebol, “fui despedida e enquanto a federação for a mesma não quero voltar”.

Nuno Gomes, Jorge Andrade, Júlio César e Mile Svilar foram outros dos jogadores presentes, representando a UEFA e o Benfica, respectivamente. Também houve espaço para outros desportos, tais como o surf (na companhia de Tiago Pires e Garrett McNamara) e até… poker!

Dia 3 de vento em popa. O terceiro dia de conferências no Centre Stage arranca logo com carros voadores. Sim, leu bem. A Uber anunciou que alguns dos seus carros irão “ganhar asas” já em 2020, em Los Angeles. O UberAIR tem como objectivo acabar com o congestionamento nos grandes centros urbanos e contará com a ajuda da NASA. Além disso, o veículo será totalmente eléctrico, silencioso e suportado por várias hélices, tornando o automóvel um misto entre carro e um helicóptero. Segundo o CPO da empresa, Jeff Holden, esta inovação “será mais barata do que conduzirmos os nossos próprios carros”.

“O efeito Trump, um ano depois” debaixo de um grande «buuuuu»

Um dos momentos do dia estaria marcado para pouco depois do meio dia. Brad Parscale é o director digital da campanha presidencial de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Trata-se aqui de um dos responsáveis por 62 milhões de pessoas terem votado no magnata para uma das nações mais poderosas do planeta. O mesmo Parscale admite que não foi uma manobra de génio ter chegado até aqui: precisou de formação sobre Facebook, rede da qual angariou um terço de todo o dinheiro da campanha feita no ano passado.

No entanto, a polémica estaria para desenrolar pouco depois nesta conferência moderada pelo chefe correspondente de investigação da Yahoo News, Michael Isikoff. O responsável da campanha de Trump, debaixo de um enorme apupo que se fez sentir na Altice Arena, afirmou nunca ter recebido dinheiro da Rússia, acrescentando que “é mau que haja ‘troles’ russos e é má a implicação na Rússia na campanha, mas eu não posso fazer nada, nem posso voltar atrás no tempo”. Parscale conta que simplesmente faz muitos retweets.

Ao longo do dia, todo o tópico Donald Trump foi percorrendo outras conferências deste 3º dia de WebSummit. Falou-se sobre fake news – e a ameaça que representa para o jornalismo – e também de cibersegurança e do poder que a Google tem na rede com toda a informação acumulada ao longo dos anos.

Dia 4, já a deixar saudades. O último dia de WebSummit prometia imenso com temas de grande pertinência, começando logo pelas questões de género. Ao início da tarde, Caitlyn Jenner, em representação da comunidade olímpica e dos direitos transexuais, subia ao Centre Stage para questionar “o que realmente define género”. Pela primeira vez em visita a Portugal, a socialite sentia-se grata e debaixo de um grande aplauso contou: “Durante muitos anos falei em palcos, a contar a minha história. E no fundo, sentia que estava a enganar a audiência. Debaixo do meu fato de homem havia uma pessoa que queria estar de sutiã e cuecas de mulher. A vida foi generosa comigo e deu-me oportunidade de ser eu própria. Hoje estou aqui de sutiã e cuecas de mulher.”

Moda? Há outros temas mais preocupantes para elas

Questionando a audiência feminina sobre “quando é souberam que eram meninas? Tomaram por garantido, certo?”, Jenner confessou que para “um transgénero, esse pensamento está presente 24 horas por dia” e aconselhou: “Não sigam em frente com isto se não estiverem absolutamente certos no vosso coração que é isto que querem. Eu sabia que era. Joguem a melhor aposta da vossa vida e tomem riscos. Enganem os que vos querem mal e rodeiem-se dos que vos puxam para cima. Descansem nos nos braços dos que vos amem e nunca tomem esse amor por garantido. Por último, roubem cada momento de felicidade.”

Com a cerimónia de encerramento e a presença de Al Gore em vista, Sara Sampaio subia ao palco, uma hora depois, com a atriz Rosario Dawson. Ambas já tinham discursado nos pavilhões da FIL e algumas das ideias foram replicadas na Altice Arena.

A modelo portuguesa abordou os perigos existentes para as figuras públicas nas redes sociais. Hoje, nós modelos não somos só caras bonitas sem voz. As redes sociais mudaram tudo. Quando tens uma audiência tão grande e contacto direto com milhões de pessoas, há uma responsabilidade. Tudo o que dizes publicamente pode ter um efeito completamente contrário ao que tu julgavas”. Com isto, Sara Sampaio revelou ter algum receio em mostrar a sua própria opinião sobre um país ao qual não pertence, “Não quero ser apanhada em discursos políticos nos Estados Unidos porque sou uma emigrante e não quero arranjar problemas. Aprendi que é preciso enviar a resposta da forma certa”. Além disto, a modelo falou também de alguns episódios negativos da sua profissão, onde são submetidas a diversos abusos e forçadas a exibir nudez: “Eles concordaram com o contrato, não ia haver nudez. Eu entrei no estúdio confortável porque não ia acontecer nada. Pressionaram-me para estar nua, vieram com fotos que fiz no passado. Só porque já beijei vários rapazes, não quer dizer que qualquer pessoa possa chegar ao pé de mim e dar-me um beijo”. Com isto, a manequim questionou: “Porque é que continuamos a ser exploradas e desrespeitadas quando, nesta área, ganhamos muito mais dinheiro que os homens?”

Já a actriz norte-americana, Rosario Dawson também deu algumas das suas reflexões sobre os ofícios da mulher na actualidade e alguns dos perigos. “Esta é a geração que aprendeu o que é a tolerância, mas é a mesma em que nos disse que as mulher têm um determinado papel na sociedade. Não devia ser preciso: eu não quero que as pessoas entendam os direitos humanos daqui a 35 anos. Quero que entendam agora!” exclamou a atriz, aludindo ao facto da robô Sophia ter mais direitos na Arábia Sáudita do que a maioria das mulheres. “As mulheres que são vítimas de assédio têm um momento muito poderoso para dizer basta. Há mais oportunidades do que nunca para se chegarem à frente e denunciarem” acrescentou Rosario Dawson.

Muita música, mas faltou o concerto

Mais tarde, a música chegava ao palco da Altice Arena, mas para reflexão. O DJ nº1 do mundo, com apenas 21, Martin Garrix juntava-se ao rapper Wyclef Jean e ao CEO da Deezer para responder à pergunta: “conseguirá a tecnologia salvar a indústria musical?”. A resposta foi sim e houve consenso por parte das três figuras. Todos salientaram o facto de certas aplicações de streaming musical poderem ser de alto proveito para o consumidor mas também para os músicos se poderem inspirar, dado ao vasto leque de músicas e artistas aí aglomerados.

Wyclef Jean, protagonista de hits como “Hips Don’t Lie” [com Shakira] e “Dar um Jeito” [hino do Campeonato do Mundo de Futebol 2014 com Carlos Santana e Alexandre Pires] foi o mais activo neste painel. Além de ser músico e de mostrar alguns dotes de dança em palco, Jean confessou ter vindo à WebSummit para reunir contactos de programadores informáticos relacionados com o mundo da música.

“Quero inventar o que vai ser a primeira guitarra de hip-hop, quero sentar-me com engenheiros e falar sobre programação e outras coisas. O Dr. Dre faz headphones, eu quero inventar a primeira guitarra. Quero encorajar mais miúdos a aprender a tocar instrumentos. A minha mãe tirou uma arma da minha mão e colocou um instrumento. Não podemos deixar que a arte de tocar com instrumentos se perca na cultura do hip-hop. A guitarra foi sempre do hip-hop. Sou de uma era em que se não havia um microfone e um DJ não era considerado hip-hop, mas vieram os Fugees [banda com que se tornou conhecido] e mudaram isso”.

O grande vencedor da WebSummit é um mini frigorífico para medicamentos

Durante todo o evento, decorria um concurso [o PITCH] que premiava a melhor start-up com um cheque de 50 mil euros vindos da Mercedes-Benz. Perante 200 empresas e ideias em competição, o LifeinaBox levou a melhor depois de todas as eliminatórias. Trata-se de um mini frigorífico portátil para transportar medicamentos a determinada temperatura.

Segundo o fundador desta ideia, o objectivo primordial do Lifeina seria para os diabéticos que necessitam de tomar insulina. Ainda assim, o outrora pianista Uwe Diegel, de nacionalidade neo-zelandesa já afirmou que dá para qualquer medicamento que necessite de atenções de consevação e, em risos, para “por vodka”. Esta caixa azul que promete salvar muitas vidas são fabricadas em França e o preço do produto é algo elevado pois a mão-de-obra vem de pessoas com deficiência sem oportunidades de trabalho. Em tamanho pequeno e grande, a caixa Lifeina tem uma bateria que pode durar até 36 horas.

“Nem sabia que havia dinheiro, apenas achei que isto era uma coisa fixe para fazer.” revelou Uwe Diegel no palco da Altice Arena que aguardava ansiosamente por Al Gore. Perante toda a montra de produtos e serviços inovadores no evento, o empreendedor revelou que a WebSummit mudou a vida da sua empresa e deixou um truque como conselho: “Tenham alma a fazer isto, caso contrário não serve para nada”.

Finalmente, Al Gore

Não é todos os dias que um ex-membro de um governo norte-americano e Nobel da Paz [em 2007] está em Portugal. A intervenção de Al Gore, o último convidado da WebSummit, durou cerca de meia hora e assentou em três pontos essenciais e todos eles consistiam numa chamada de atenção ao mundo e ao recrutamento de todos os cidadãos. “Venho aqui recrutar-vos para serem parte da solução da crise ambiental e ecológico. Porque nós podemos resolver este problema, temos de resolver e vamos resolver!” exclamou o político que não estava no palco para falar realmente de político mas sim sobre os problemas ambientais que o planeta atravessa, “a única casa que temos”.

O primeiro ponto: «Temos de mudar alguma coisa?» Sim. Al Gore constatou que o ano de 2016 foi o mais quente desde que existem registos e perante este cenário não podemos condenar as futuras gerações. “Os ciclos naturais estão disrompidos. Por isso temos tantas inundações e os piores incêndios na Califórnia. Um terço do Bangladesh já está debaixo de água. Mas a energia que é gasta na disrupção do sistema de água também traz água ao solo. É isto que acontece em Portugal, Espanha, Grécia, Itália. África está a viver a pior crise humanitária de sempre, com milhões de pessoas a morrerem à fome. A Síria passou por isso bem antes da guerra civil: os ministros da Síria diziam que não iam conseguir resolver isso. E foi assim que a guerra civil começou” recordou Al Gore neste resumo.

«Podemos fazer alguma coisa?» A resposta é a mesma da anterior, pois temos as soluções à nossa frente. “Vejam o que está a acontecer no mundo da tecnologia e concentrem-se no ramo da energia: a tecnologia está a melhorar a área da energia solar, da energia eólica. Temos veículos eléctricos. Temos as ferramentas todas ao nosso dispor, mesmo contra os sistemas políticos instaurados contra isso: as pessoas continuam a ter a voz mais poderosa” reiterou Al Gore, fazendo várias alusões ao actual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o facto deste ter revogado o país do “histórico” Acordo Ambiental de Paris assinado por quase todos os países do mundo. “Temos de fazer uma distinção entre Donald Trump e os Estados Unidos. Vamos cumprir o nosso papel apesar de Donald J. Trump” criticou Gore.

Por fim, «vamos fazer alguma coisa?» A resposta já não é a mesma, pois para Al Gore, só depende da população que parece estar a responder. “Esta é a única casa que temos. Há uma colisão entre a civilização humana tal como a criámos e os sistemas ambientais que compõem o ambiente deste planetas. A vitalidade dos oceanos, por exemplo, está a morrer porque o plástico está a tapar o caminhos dos peixes. Perdemos quintas, florestas virgens. Mas a coisa mais importa desta colisão é a crise climática. E é porque essa é a coisa mais vulnerável do sistema ecológica da Terra. A atmosfera, num dia bonito como este até parece eterno. Mas é uma fina camada em volta da Terra. O nosso mundo está nos primeiros passos de uma revolução de sustentabilidade tão importante como a Revolução Industrial mas com a velocidade de uma revolução digital. Constroem-se automóveis sustentáveis, a Internet das coisas! E isso deve-se às pessoas que estão dentro desta sala, porque há um número cada vez maior de investidores desejosos de conhecer jovens que usam os seus conhecimentos e capacidades para encontrar soluções. Esses jovens são vocês: muito obrigada pelo que estão a fazer. Porque já estão a fazer uma grande diferença”. Parece estarem aqui três «sim». No entanto, tudo depende da vontade, que para Al Gore “também é uma energia renovável”.

O fim. Para o ano há mais? Sim! E depois? Serão bem-vindos

Finalizado o discurso de Al Gore, o CEO da WebSummit chama o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O chefe do Governo apresentou apoio ao discurso anterior e deixou o mote para que a maior cimeira de tecnologia e empreendedorismo fique em Portugal mais um ano para além do estipulado. “Estou preocupado com muitos políticos, não todos, mas muitos, demasiados políticos que negam a realidade, negam as alterações climáticas. Nós, Portugal – e eu, presidente de todos os portugueses, – continua empenhado no Acordo de Paris. Queremo-lo hoje, queremo-lo para o futuro. Eu espero que o nosso encontro, não apenas no próximo ano, mas em 2019 e 2020 seja em Lisboa, Portugal. Eu espero, porque nós merecemos. Portugal Merece, Lisboa merece. Por isso, de qualquer forma, até para o ano, à mesma hora, no mesmo sítio”. Dito isto, depois de um grande abraço a Paddy Cosgrave, fechou assim mais uma WebSummit. A próxima edição está marcada para os dias 5, 6, 7 e 8 de novembro de 2018.

Fotos: D.R. e Flickr

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