O misterioso caso do Google X Labs

Imagine um lugar secreto, escondido dos olhares do mundo e onde algumas das pessoas mais inteligentes do planeta trabalham para criar produtos megalómanos. Senhores e senhoras, bem vindos ao Google X Labs.

O nome é da autoria de Claire Cain Miller e Nick Bilton, repórteres do New York Times e responsáveis por esta história que mais parece retirada de um livro de ficção científica. Mas segundo o relato e declarações recolhidas pelos dois jornalistas, essa ficção pode já estar a acontecer e a Google é quem tem segredos a esconder.

São dois os laboratórios misteriosos que aparentemente nem os próprios empregados da empresa norte-americana sonham com a sua existência. Lá dentro são quase cem as ideias que estão a ser trabalhadas, algumas ainda em fase de conceito, outras bem mais perto de ver a luz do dia. E quando se fala em ideias loucas, é loucura com aplicação positiva nas futuras vidas das pessoas. Frigoríficos com ligação à Internet e que conseguem sozinhos encomendar os produtos que estão em falta. Pratos que actualizam automaticamente o estado de um utilizador numa rede social dizendo qual a refeição e receita que está a ser devorada por algum esfomeado.

Tudo muito trivial até agora? Talvez o elevador que transporte pessoas até o “outer space” como é descrito no NYT chame a sua atenção para o tipo de projectos que estão a ser desenvolvidos, teoricamente, nos Laboratórios X da Google. Com tantos conceitos para produzir percebe-se o porquê de dois laboratórios, um mais dedicado à logística, outro dedicado à robótica. Não se esqueçam os mais descrentes do logaritmo usado nas buscas de informação ou no carro sem condutor que a gigante de Mountain View já andou a testar.

Uma das grandes apostas da Google parece ser a “Teia de Coisas” onde não são só os computadores estão ligados à rede, mas tudo está ligado a tudo através da rede, o que só ia dar ao monstruoso logaritmo mais informação para indexar. A outra passa mesmo pela robótica, em que os pequenos «homenzinhos» de ferro iam substituir os verdadeiros homens nas tarefas mais chatas “como fotografar as ruas para o Google Maps” por exemplo.

Para o efeito foram recrutados engenheiros à Microsoft, Nokia Labs, M.I.T., Universidade de Stanford e Nova Iorque. Um dos supostos líderes dos laboratórios secretos é Sebastian Thrun “um dos melhores experts de robótica e inteligência artificial a nível mundial” e que está por detrás do projecto do carro que é capaz de andar por aí sozinho nas estradas.

Olhar para o percurso da Google pode ajudar a transformar esta história suportada por fontes não reveladas num verdadeiro conto de fadas. A gigante das pesquisas já teve um Google Labs onde experimentava pequenos conceitos desenvolvidos pelos seus funcionários durante os maravilhosos 20 por cento do horário de trabalho que podem dedicar a projectos próprios. E a Google já passou vergonhas às custas desses projectos, não é Buzz e Wave? Tanto que o Google Labs acabou por «ser fechado».. ou será que apenas foi escondido?

O segredo dos projectos pode ter algumas explicações. Uma será o facto de tentar manter-se à frente da concorrência sem que esta descubra o que se prepara nos X Labs, um pouco à imagem de CIA e KGB em tempos de Guerra Fria. Outra possibilidade avançada pelo NYT é a vontade da Google esconder os projectos dos próprios investidores. O descrédito de alguns e as cabeças pouco abertas às ideias de outros podiam fazer cair por terra qualquer ideia que mostrasse fracos sinais de lucro. Jill Hazelbaker, porta-voz da Google que se recusou a comentar a especulação em torno dos laboratórios secretos, disse no entanto que “investir em pequenos projectos está no código genético da empresa mas as quantias envolvidas são muito pequenas quando comparadas com os investimentos feitos nos principais núcleos de negócio”.

No meio desta história toda faltam duas das personagens principais: Sergey Brin e Larry Page. O primeiro diz-se que está fortemente envolvido nos projectos secretos e que em conjunto com Page, foi o mentor de algumas das ideias em desenvolvimento. O segundo parece já ter trabalhado no Google X Labs antes de se ter tornado chefe executivo da empresa. “O meu tempo é gasto sobretudo em projectos mais laterais, que esperamos que  se possam tornar em importantes chaves de negócio no futuro” disse Sergey Brin à relativamente pouco tempo, segundo o NYT. Então Sergey, querias desabafar sobre alguma coisa?

Isto pouco passa de uma tradução dramática e conspiraciosa da investigação publicada no New York Times. Agora a sério, Google X Labs? Até a Scully e o Molder deviam fazer parte desta suposta história de ficção científica da vida real.

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