Há duas décadas, o asteroide Apofis emergiu das sombras do espaço, impondo-se como uma potencial ameaça à nossa existência. Batizado em homenagem à entidade mitológica egípcia que personifica o caos, Apofis foi considerado um dos asteroides mais perigosos devido ao risco de colisão com a Terra previsto para 2029. No entanto, a ciência avança, e o que antes era temor, hoje se transforma em expectativa e fascínio.
Apofis é um relicário cósmico, um sobrevivente dos primórdios do nosso sistema solar. Este corpo celeste, originário do cinturão principal de asteroides, faz parte dos objetos próximos à Terra.
A mudança na percepção do perigo que Apofis representa deve-se a um meticuloso trabalho de observação e análise orbital. Em 2004, as probabilidades de um impacto catastrófico eram de 2,7%. Contudo, estudos recentes em 2021 descartaram qualquer risco de colisão com o nosso planeta pelo menos durante o próximo século. Este resultado é um testemunho do progresso contínuo na capacidade de monitorização e compreensão dos movimentos celestes.
A aproximação de Apofis em 2029 é agora aguardada com entusiasmo pela comunidade científica e astronómica. Segundo a NASA, no dia 13 de abril de 2029, Apofis passará a uma distância de apenas 32.000 quilómetros da superfície terrestre, mais perto do que os satélites geoestacionários. Esta proximidade permitirá que seja visível a olho nu no hemisfério oriental, brilhando com uma magnitude de 3,1, similar às estrelas da constelação da Ursa Menor.
Após a passagem de 2029, a Terra exercerá uma influência gravitacional sobre Apofis, alterando a sua trajetória. Atualmente, Apofis é classificado como um asteroide completando uma órbita ao redor do Sol em menos de um ano terrestre. No entanto, após a aproximação, a sua órbita se expandirá, passando a ser classificado como um asteroide Apolo, que possui órbitas mais largas que a da Terra.
A missão OSIRIS-APEX da NASA, anteriormente conhecida como OSIRIS-REx, que já realizou a recolha de amostras no asteroide Bennu, agora prepara-se para um novo desafio. A sonda, renomeada e com um novo destino, dirige-se a Apofis, onde chegará após a sua passagem próxima à Terra. Durante 18 meses, OSIRIS-APEX estudará o asteroide, realizando manobras para analisar sua composição, similar ao que foi feito em Bennu.
A passagem de Apofis em 2029 será um espetáculo astronômico sem precedentes, proporcionando não apenas um show visual, mas também uma chance de aprofundar nosso entendimento sobre esses viajantes antigos do espaço. A missão OSIRIS-APEX é um testemunho da nossa curiosidade insaciável e do nosso desejo de explorar e compreender o cosmos.
Fonte: Nasa