Netflix cada vez mais próxima de franquias de jogos populares

No final de outubro, a Netflix anunciou uma parceria com a Ubisoft para adaptar a franquia “Assassin’s Creed” da editora de jogos em uma série live action. A franquia se desenvolve ao redor da história de uma sociedade secreta de assassinos com “memória genética” e sua batalha de séculos contra os cavaleiros templários.

A franquia da Ubisoft já vendeu 155 milhões de jogos em todo o mundo e também foi transformado em um filme de 2016 estrelado por Michael Fassbender e Marion Cotillard, mas que teve um desempenho aquém do esperado nas bilheterias.

Recentemente, a gigante das séries fez um pedido de oito episódios para “Resident Evil”, outra franquia de jogo que foi previamente adaptada para a tela. Ademais, a Netflix hoje já faz grande sucesso com a adaptação de “The Witcher”, uma série baseada em livros de fantasia popularizados por meio dos videogames.

Uma tendência semelhante aos jogos de apostas

A aposta da Netflix não é algo inédito no mundo dos negócios virtuais. A aproximação com franquias de jogos já é uma tendência observada em empresas de jogos de caça-níquel e roletas. Ao aproximar a jogatina de clássicos do videogame, é mais fácil conseguir que o usuário invista cada vez mais dinheiro nos jogos de apostas online.

De forma ainda mais perspicaz, é comum que os próprios sites de caça-níquel ofereçam ao usuário de suas plataformas um guia completo sobre como funciona máquina caça níquel, de forma a instruir o jogador para que ele se sinta mais seguro em apostar. No contexto dos streamers, a Netflix certamente ganharia a atenção de seus espectadores se apostasse em guias e tutoriais em vídeo sobre os jogos que serviram de base para a criação de suas séries.

O novo sempre chama atenção, e o espectador está sempre a procura de algo inusitado. A expansão para o novo nicho dos games populares é reflexo de um período conturbado para a Netflix. À medida que o mercado de streaming se torna cada vez mais saturado e o crescimento desacelera, a empresa deve encontrar outras maneiras viáveis de ganhar dinheiro. Entre elas, uma particularmente promissora é justamente essa aproximação com os jogos.

Concorrentes para todos os lados

Nada torna essa necessidade de expansão mais óbvia do que o lançamento da plataforma de streaming Disney + em dezembro de 2019, que fez com que as ações da Netflix flutuassem violentamente. Ao longo de nove meses desde o anúncio até o eventual lançamento do Disney +, as ações da Netflix caíram 29%.

No universo dos videogames, a Netflix considera o Fortnite como seu maior concorrente, e ambos competem pelo mesmo tempo de tela e carteira do cliente. Os videogames continuam a ser uma das maiores fontes de entretenimento no mundo, com receitas superiores a US $150 bilhões (R$ 806 bilhões) em 2019.

A sobreposição demográfica entre jogadores e assinantes da Netflix é notável. Mas, na batalha pelo tempo de tela, a Netflix possui apenas 10%. Como tal, precisa reconhecer a importância dos videogames e começar a buscar incorporá-los ao seu modelo de negócios. Dessa forma, a empresa poderá competir por mais tempo e atenção de seu público.

The Witcher: um exemplo a ser seguido

A série The Witcher foi o maior programa original da Netflix lançado em 2019. Baseado em uma série de romances de fantasia polonesa, ele se tornou um nome familiar graças a três videogames que antecederam o lançamento da série. Na verdade, o criador do jogo, CD Projekt Red, viu recentemente suas ações atingirem US$ 8 bilhões (R$ 43 bilhões) graças ao aumento nas vendas de Witcher impulsionado pela estreia do programa.

Esses efeitos indiretos são raros e não devem ser considerados de forma leviana. O olho da Netflix para conteúdos de alta qualidade e conceitos de TV, bem como suas notáveis percepções do usuário, podem ser transportados para o mundo dos videogames. Não dá para esquecer que a Netflix deixou de ser um agregador de conteúdo de terceiros para fornecer os melhores filmes e programas de TV, tudo isso em pouco menos de sete anos.

Com essa experiência em seu currículo, a empresa pode construir estúdios de jogos próprios, agregar conteúdo de outros estúdios e usar fusões e aquisições para acelerar a entrada da empresa no espaço dos videogames. Essa manobra também dá à Netflix acesso a marcas populares de jogos que podem ajudar a direcionar seu conteúdo para mais sucessos como The Witcher.

Perspectivas futuras

O streaming de séries e filmes pode não ser o suficiente para a empresa, que agora também visa ao streaming de jogos – e isso se deve às novas tecnologias. No passado, estabelecer uma plataforma de videogame consumia muito tempo e dinheiro, pois exigia uma máquina poderosa instalada localmente na casa de um jogador.

Isso mudou graças ao Stadia do Google e ao xCloud da Microsoft. Semelhante ao modelo de negócios vencedor da própria Netflix, os videogames não precisam mais de hardware físico e podem ser reproduzidos por streaming direto na tela.

Neste cenário competitivo em constante mudança, onde ter um modelo de negócios conforme supracitado pode ser a diferença entre ganhar e perder, a entrada da Netflix se encaixa muito bem. Na verdade, a profunda parceria tecnológica da Netflix com a Amazon também pode desempenhar um papel significativo.

Com a plataforma de streaming de videogame da Amazon a caminho, não seria surpreendente ver a Netflix colaborando com a Amazon para ajudar a lançar seu próprio serviço de streaming de videogame com o suporte tecnológico da Amazon.

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