À primeira vista, parece um vidro comum, igual ao que vemos nas janelas de qualquer edifício. No entanto, este vidro desenvolvido pela Universidade de Aveiro (UA) esconde uma inovação que pode transformar a forma como geramos e utilizamos energia.
Com uma fina camada de material transparente capaz de captar luz solar invisível e convertê-la em radiação visível, este vidro é uma revolução no aproveitamento energético, tornando os edifícios mais sustentáveis.
Tecnologia Inovadora
Desenvolvido nos laboratórios do Departamento de Física e do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, este vidro é revestido por uma película contendo conversores fotónicos. Coordenado pela investigadora Rute Ferreira, o projeto PLANETa criou um protótipo de janela em tamanho real que, além de gerar eletricidade, funciona como um sensor de temperatura ótico. Este projeto conta com a colaboração do Instituto de Telecomunicações (IT), do Instituto Superior Técnico (IST) e da empresa Lightenjin.
Como Funciona
A janela inovadora não apenas gera eletricidade, mas também é um dispositivo inteligente de dupla função. O revestimento do vidro capta a luz solar ultravioleta, convertendo-a em radiação visível. Esta luz é aprisionada no vidro e guiada até células fotovoltaicas escondidas na caixilharia. Estas pequenas células geram eletricidade suficiente para alimentar dispositivos de baixo consumo, como routers e sensores USB. Além disso, o vidro é sensível à temperatura, permitindo medir a temperatura interior e exterior simultaneamente.
Energia Ininterrupta
Um dos fatores diferenciadores deste protótipo é a capacidade de funcionar tanto com iluminação solar quanto artificial. Sistemas de iluminação LED foram incluídos na caixilharia da janela, garantindo operação contínua, mesmo na ausência de luz solar. Esta característica é essencial para assegurar uma fonte de energia constante e confiável.
Sustentabilidade e Inovação
O objetivo final do projeto PLANETa é integrar a energia gerada e os dados de temperatura no sistema de automação residencial do edifício, contribuindo para uma gestão mais eficiente dos sistemas de aquecimento e arrefecimento. Esta inovação tecnológica promove uma maior eficiência energética e é um passo importante para o futuro dos edifícios inteligentes.
Aplicações Futuras
Além da construção civil, o projeto tem potencial para aplicações mais visionárias, como no ambiente aeroespacial. A investigadora Sandra Correia, do Instituto de Telecomunicações da UA, prevê que os materiais e dispositivos desenvolvidos poderão aumentar a eficiência dos conversores fotovoltaicos em satélites, reduzindo os custos energéticos.
Comunicação Avançada
Os conversores fotónicos também podem ser usados em sistemas de comunicação por luz visível, complementando e até substituindo os atuais sistemas de Wi-Fi. Esta solução poderá melhorar a conectividade em cidades inteligentes, utilizando sinais óticos para comunicar com dispositivos móveis.
Conclusão
O vidro desenvolvido pela UA representa uma fusão perfeita entre inovação tecnológica e sustentabilidade. Com a capacidade de gerar energia e funcionar como um sensor de temperatura, este vidro é um exemplo claro de como a ciência e a engenharia podem contribuir para um futuro mais eficiente e conectado. A aplicabilidade deste material vai além da construção civil, prometendo revolucionar áreas como o aeroespacial e as comunicações. Este é, sem dúvida, um passo significativo para a criação de cidades mais inteligentes e sustentáveis.