A pensar na saúde e bem-estar dos animais foi inaugurada a primeira Câmara Hiperbárica veterinária com capacidade terapêutica (Atmosfera absoluta > 1.4) . Instalada no novo Centro de Reabilitação e Regeneração Animal de Lisboa (CR2AL), situado em Odivelas, esta é a primeira Câmara Hiperbárica (HBOT) totalmente direcionada para medicina veterinária, em Portugal, e a segunda em toda a Europa. A notícia foi dada em comunicado enviado à imprensa.
A implementação desta Câmara Hiperbárica para reabilitação funcional, especialmente para cães e gatos, poderá, também, ser utilizada noutras espécies animais. Ângela Martins, médica veterinária responsável por este novo projeto e diretora do Hospital Veterinário da Arrábida, realça os benefícios da medicina hiperbárica para a medicina veterinária, sendo estes inerentes a uma panóplia de etiologias possíveis de tratamento primário ou tratamento adjuvante.
Simplificando, a terapêutica hiperbárica (HBOT) pode ser aplicada na inflamação, isquemia e aptose celular do tecido nervoso, com utilidade nos doentes neurológicos (mielopatias degenerativas e vasculares). A sua utilidade é demonstrada ao nível de cicatrização em feridas extensas/infetadas/necrosadas, sendo prescrita no pós-cirúrgico de medicina reconstrutiva, queimaduras profundas, abcessos, entre outros. Do mesmo modo, aplica-se a osteomielites, disco espondilites, cistites recorrentes, sendo nestes casos como terapêutica adjuvante. Tem um papel fundamental ainda, em quadros de anemia não regenerativa (insuficiência renal crónica em cães e gatos, hipoplasias medulares, entre outras.
Por fim, tem uma ação, também, na medicina de urgências em quadros de abdómen agudo, especificamente quando nos referimos a pancreatites no cão e gato.
Atualmente existem apenas dois equipamentos em toda a Europa, estando o outro instalado no Reino Unido, no Fitz Patrick Referrals, centro bastante reconhecido pela sua ligação ao programa televisivo do médico veterinário Noel Fitzpatrick, apelidado de veterinário “biónico”.
Ângela Martins é uma referência na área da reabilitação funcional em Portugal e internacionalmente, tendo aberto o primeiro centro de reabilitação funcional no Hospital Veterinário da Arrábida há quatro anos. O novo centro, instalado nas Colinas do Cruzeiro, em Odivelas, contará ainda com laboratório de medicina regenerativa para aplicação de células estaminais e plasma rico em plaquetas, permitindo a existência de um banco para este tipo de medicina e sendo um ponto de ligação com a Universidade do ICBAS através da Professora Doutora Ana Colette.
A oxigenoterapia hiperbárica consiste na inalação de uma alta dose de oxigénio dentro de uma câmara hiperbárica pressurizada. O mecanismo fisiológico da oxigenoterapia hiperbárica (OTH) baseia-se na elevação do conteúdo plasmático em oxigénio que é proporcional à pressão de oxigénio inspirado. A OTH é usada como um medicamento e, por isso, tem uma dose específica, efeitos secundários e contraindicações.
Na medicina humana é normalmente usada para o tratamento do barotrauma que ocorre por alterações bruscas de pressão na subida (descompressão) ou descida (compressão) sendo mais comum no mergulho profissional.