Nos dias de hoje, a inteligência artificial (IA) tem-se tornado uma ferramenta indispensável em várias indústrias, desde a saúde até ao entretenimento. Contudo, o crescimento exponencial da IA traz consigo um desafio significativo: o consumo de energia.
Este artigo explora como a IA está a impactar o consumo energético global e as medidas que gigantes tecnológicos como Google e Microsoft estão a adotar para mitigar este problema.
A inteligência artificial generativa, que inclui modelos avançados como GPT-3 e DALL-E, consome aproximadamente 10 vezes mais energia do que os algoritmos tradicionais. Este aumento no consumo energético é alarmante, especialmente quando se considera que empresas como Google e Microsoft reportaram um consumo energético de 24 TWh cada uma em 2023. Para colocar isto em perspectiva, este valor é superior ao consumo energético de mais de 100 países, incluindo Jordânia, Islândia, Gana, República Dominicana e Tunísia.
A Defesa das Empresas Tecnológicas
Apesar do elevado consumo energético, é importante considerar o contexto económico. Em 2023, Google reportou receitas de 307 mil milhões de dólares, enquanto a Microsoft alcançou 211 mil milhões de dólares. Estes valores são superiores ao PIB de muitos países, incluindo a Nigéria, que teve um consumo energético de 32 TWh e um PIB de 473 mil milhões de dólares no mesmo ano.
Bill Gates argumenta que o aumento do consumo energético pelas grandes empresas tecnológicas é uma boa notícia, pois estas estão a investir significativamente em energias renováveis, acelerando assim a transição energética global. No entanto, a realidade atual é mais complexa.
Desafios e Realidade
Apesar dos esforços para compensar as emissões de carbono com energias renováveis, a IA está a complicar os compromissos de sustentabilidade destas empresas. Desde 2020, a Microsoft revelou um aumento de 31% nas suas emissões, enquanto a Google reportou um incremento de 48% nos últimos cinco anos. Ambas as empresas têm como objetivo alcançar zero emissões líquidas até ao final desta década, mas a crescente demanda energética da IA coloca este objetivo em risco.
O consumo de água também é uma preocupação. A Microsoft aspira a reduzir o seu consumo de água em 95% e a Google pretende repor mais água do que utiliza até 2030. No entanto, as necessidades de refrigeração dos centros de dados aumentaram tanto com a IA que, em 2023, a redução foi de apenas 18%.
Soluções Propostas
Para enfrentar estes desafios, Google e Microsoft estão a investir em novas fontes de energia limpa e renovável. Bill Gates, por exemplo, está a explorar a fusão nuclear como uma solução potencial. Além disso, a Google desenvolveu um plano denominado “as quatro M” para melhorar a eficiência energética da IA. Este plano inclui:
- Melhoria da eficiência do hardware: Utilização de arquiteturas mais eficientes que requerem menos computação.
- Otimização dos modelos de aprendizagem automática: Redução da complexidade dos modelos para diminuir o consumo energético.
- Localização estratégica dos centros de dados: Instalação de centros de dados em locais com abundante energia renovável e água para refrigeração.
- Investimento em novas tecnologias: Desenvolvimento de novas tecnologias que possam reduzir o consumo energético da IA.