O recente Grande Prémio de Mónaco reacendeu uma preocupação recorrente na Fórmula 1: a falta de ultrapassagens. Este problema, que deveria ser uma exceção, tem-se tornado uma constante, levantando questões sobre a direção e o interesse do desporto.
No Grande Prémio de Mónaco deste ano, registaram-se apenas quatro ultrapassagens. Este número é alarmante, mas não surpreendente. Em edições anteriores, como em 2021, não houve qualquer ultrapassagem, e em 2019 e 2018, os números foram igualmente baixos. A exceção ocorreu em 2022 e 2023, quando as condições de pista molhada permitiram um ligeiro aumento nas manobras de ultrapassagem.
Novas Regras para 2026: Mais do Mesmo?
Para tentar resolver este problema, a Fórmula 1 introduzirá um novo regulamento em 2026, com o objetivo de facilitar as ultrapassagens e promover mais batalhas em pista. As mudanças incluem a redução do tamanho dos carros em 20 centímetros no comprimento e 10 centímetros na largura, além de pneus mais estreitos. A aerodinâmica ativa será permitida, mas o DRS será eliminado. Espera-se uma redução de 30% na carga aerodinâmica e de 50% na resistência aerodinâmica.
O solo dos carros será parcialmente plano e o difusor será ajustado para reduzir o efeito de solo. O motor híbrido aumentará a potência elétrica para 50%, representando um aumento de 300% na sua presença. O peso total dos carros será reduzido em 30 kg.
Uma das mudanças mais controversas é a redução da potência dos carros quando outro monolugar está em “distância de ultrapassagem”. A partir dos 290 km/h, serão retirados 7 CV de potência por cada km/h excedido, se houver um carro por trás. A 337 km/h, isto significaria uma perda de 340 CV, facilitando a ultrapassagem.
Esta medida não foi bem recebida por todos, com rumores de que equipas como a Red Bull estão a considerar abandonar o desporto.
— Formula 1 (@F1) June 6, 2024
A Fórmula 1 sempre teve períodos de domínio por parte de certas equipas e pilotos. Nos últimos 25 anos, a crítica de que o desporto é aborrecido tem sido uma constante. No entanto, a nostalgia muitas vezes faz-nos esquecer que, mesmo no passado, as ultrapassagens eram raras e os campeonatos eram frequentemente dominados por uma ou duas equipas.
O desporto evoluiu para um nível de profissionalismo extremo, onde equipas gigantescas controlam milhares de parâmetros em tempo real. Esta evolução tecnológica tornou os carros quase perfeitos, e uma pequena vantagem pode traduzir-se em vitórias consistentes ao longo de uma temporada.
Na minha opinião, a Fórmula 1 deve focar-se em melhorar a qualidade das ultrapassagens e não apenas a quantidade. Além disso, deve continuar a promover a inovação tecnológica, permitindo que as equipas experimentem novas ideias que possam trazer de volta a imprevisibilidade e a emoção que muitos fãs anseiam. Afinal, o que torna a Fórmula 1 verdadeiramente cativante é a combinação de talento humano e engenharia de ponta, algo que deve ser preservado e incentivado.