A indústria cinematográfica está em constante evolução, e a tecnologia desempenha um papel crucial nessa transformação. Um exemplo recente dessa mudança é o filme “The Brutalist”, uma obra épica que se destaca não apenas pela sua narrativa envolvente, mas também pela forma inovadora como a inteligência artificial (IA) foi utilizada na sua produção.
Distribuído pela A24 e considerado um potencial candidato ao Oscar, este filme oferece uma visão fascinante sobre como a IA pode ser integrada no processo criativo cinematográfico.
O Desafio da Autenticidade Linguística
“The Brutalist” narra a história de um arquiteto húngaro fictício, interpretado por Adrien Brody, que enfrenta os desafios do capitalismo americano. Para garantir a autenticidade das performances, especialmente na pronúncia do húngaro, a produção recorreu à tecnologia da Respeecher, uma empresa especializada em modificação vocal através de IA. Esta decisão foi tomada para acelerar o processo de edição de diálogos, que seria moroso e dispendioso se feito manualmente.
Segundo Dávid Jancsó, editor do filme, a utilização da IA permitiu ajustar as vozes dos atores para que soassem como falantes nativos de húngaro. Embora este processo pudesse ser realizado com ferramentas tradicionais de edição de som, como o ProTools, a quantidade de diálogo em húngaro exigia uma solução mais eficiente.
Assim, a IA não apenas preservou a autenticidade das performances de Adrien Brody e Felicity Jones, mas também respeitou a essência do seu trabalho artístico.
IA na Criação de Imagens e Desenhos Arquitetónicos
Além da modificação vocal, a IA foi também utilizada para criar desenhos arquitetónicos que aparecem no epílogo do filme. Esta escolha foi motivada por restrições orçamentais, já que “The Brutalist” foi produzido com um orçamento inferior a 10 milhões de dólares.
A utilização de IA para gerar imagens permitiu à equipa de produção manter a qualidade visual do filme sem comprometer os seus recursos financeiros.
Controvérsia e Ética na Utilização de IA
A utilização de IA na indústria cinematográfica não é isenta de controvérsias. Nos últimos anos, vários sindicatos de Hollywood manifestaram preocupações sobre a possibilidade de a IA substituir trabalhadores humanos. No entanto, como sublinha Brady Corbet, diretor de “The Brutalist”, o objetivo ao utilizar IA não foi substituir os atores, mas sim preservar a autenticidade das suas performances numa língua estrangeira.
Esta abordagem levanta questões éticas importantes sobre o papel da IA na arte e no entretenimento. Enquanto alguns veem a tecnologia como uma ferramenta valiosa para superar limitações orçamentais e logísticas, outros temem que possa desvalorizar o trabalho humano e a criatividade.
O Futuro da IA no Cinema
A utilização de IA em “The Brutalist” é um exemplo de como a tecnologia pode ser integrada de forma criativa e respeitosa no cinema. À medida que a indústria continua a explorar novas formas de utilizar IA, é provável que vejamos mais produções a adotarem estas ferramentas para melhorar a eficiência e a qualidade dos seus projetos.
No entanto, é crucial que esta integração seja feita com consideração pelas implicações éticas e pelo impacto no trabalho humano. A IA tem o potencial de revolucionar o cinema, mas deve ser utilizada como uma aliada, e não como uma substituta, do talento humano.
Fonte: Engadget