Há mais de três anos, a indústria da tecnologia foi abalada por um evento inesperado: tanto a Apple como a Google decidiram retirar o popular jogo Fortnite das suas respectivas lojas de aplicações para iOS e Android. O motivo? A Epic Games, empresa responsável pelo Fortnite, decidiu incluir duas opções de pagamento no Launcher do jogo para ambas as plataformas.
Uma através dos sistemas de pagamento de ambas as tecnológicas e outra, mais económica, de pagamento directo, na qual os responsáveis da plataforma não receberiam a sua comissão por compras na app. Esta última opção violava as condições das lojas.
Apesar da reação conjunta de ambas as gigantes tecnológicas, rapidamente se tornou claro que Apple e Google não iriam unir forças contra a Epic Games. A Google, embora crítica da atitude da Epic Games, também se mostrou crítica do modelo da Apple. A empresa reforçou o seu compromisso com um ecossistema aberto, permitindo aos desenvolvedores distribuir as suas aplicações através de múltiplas lojas de aplicações.
Desde então, a batalha legal entre a Apple e a Epic Games tem sido amplamente divulgada, com o processo judicial iniciado no verão de 2021 ainda em curso. Contudo, a outra parte deste conflito, a disputa entre a Epic Games e a Google, só agora começou a ser julgada.
A Epic Games, na sua argumentação contra a Google, tenta demonstrar que o Android não é um ecossistema tão aberto como a Google afirma. A empresa alega que a Google utiliza várias medidas para restringir o desenvolvimento de lojas de terceiros no Android. A Epic Games descreve o processo de instalação de aplicações a partir de lojas de terceiros como uma experiência terrível, alegando que os avisos de segurança do sistema operativo são concebidos para assustar os utilizadores e dissuadi-los de instalar aplicações de fontes externas.
Na minha opinião, o primeiro argumento da Epic Games é bastante fraco. Os avisos de segurança são uma medida necessária para proteger os utilizadores de potenciais ameaças. A Epic Games tem recursos suficientes para informar os seus utilizadores de que esses avisos são normais e que, se recorrerem à fonte apropriada, não há nada a temer.
Ao contrário da Apple, a Google sempre permitiu lojas de terceiros no Android. Em vez de violar as regras da Google Play e forçar a sua expulsão, a Epic Games poderia ter criado a sua própria loja. No entanto, a sua verdadeira aspiração parece ser permanecer na loja da Google, mas impondo as suas próprias condições.
Embora a Epic Games possa ter razões válidas para desafiar as práticas da Apple e da Google, a sua abordagem e argumentos parecem ser mais uma tentativa de ganhar poder do que de promover um ecossistema de aplicações mais justo e aberto. Afinal, a sua proposta de uma única loja de jogos universal não é menos monopolista do que as práticas que critica.
Fonte: Theverge