Euro Coin ($EUROC) é a nova stablecoin com paridade para o Euro

Ontem, o universo dos criptoativos ganhou um novo parente após concretizada uma nova operação de implementação de mais uma criptomoeda estável — diga-se com volatilidade muito reduzida e controlada por reservas financeiras que permitam manter o seu valor — que chega pelas mãos da Circle, a empresa por detrás do desenvolvimento da famosa stablecoin USD Coin ($USDC) (que resultou de um consórcio entre a Circle e a exchange, Coinbase).

“[Foram estabelecidos] padrões líderes do setor para movimentar valor financeiro pela internet com o USDC. Há uma clara procura por parte do mercado de uma moeda digital com paridade em euros, a segunda moeda mais negociada no mundo a seguir ao dólar americano. Com USDC e Euro Coin, a Circle está a ajudar a desbloquear uma nova era de troca de valor rápida, barata, segura e interoperável em todo o mundo […]” refere a Circle.

E re-afirma que “[…] juntos, a Euro Coin e o USDC visam trazer transações mais rápidas e baratas para o comércio global e desbloquear novas oportunidades para finanças digitais em várias moedas e trocas cambiais on-chain (FX), onde o volume diário nos mercados tradicionais pode chegar a 6,6 biliões* em todo o mundo” o que demonstra o empenho do consórcio no lançamento deste novo criptoativo que pode melhorar e muito este mercado com crescente procura.

  • *(6,6 biliões em português de Portugal significa 6,6 trilion em inglês americano)

Este tipo de informação é relevante para todos, no entanto, sabemos que existe uma facilidade na compreensão de quem já está por dentro deste mercado, pelo que, para quem está por dentro da matéria, os próximos parágrafos não serão uma novidade. Convidamos a ler quem não percebe ou desconhece as mais-valias, potencialidades e até riscos dos criptoativos cujo valor pressupõe um bem ou moeda subjacente (as “stablecoins”), iremos resumir o melhor que soubermos e pudermos para conseguir perceber.

O que é uma stablecoin?

Para compreender este termo, vale contextualizar uma parte considerável do mercado de criptoativos. Este é um mercado que pressupõe a descentralização de alguns dos ativos (tokens, moedas tokenizadas e outros ativos digitais) dispondo-os no mercado (através das famosas “exchange” sendo nada mais nada menos que bolsas de valores e corretoras que possibilitam a aquisição ou alienação (venda) destes ativos).

O caso mais famoso — um token que é considerado e adotado como uma moeda criptográfica — o Bitcoin, é um exemplo de um ativo com alguma volatilidade e que viu ao longo dos últimos 6 anos um crescimento impressionante (e que tem resistido mesmo a “bear markets” diga-se, mercados em baixa). Este ativo digital opera de forma autónoma num algoritmo a que chamamos blockchain (rede em blocos) que traduzido por miúdos se trata de uma espécie de diário ou extrato digital de elevada segurança salvaguardado em mais do que um dispositivo (pelos famosos mineradores que verificam a integridade da rede através de processamento computacional) e que garantem a origem e o destino da moeda.

Ao dispensar a necessidade de entidades financeira para efetuar transações, este tipo de rede é apelidada de rede “peer-to-peer” ou “ponto a ponto”, pois consagra a possibilidade de transferir os seus ativos para outra entidade (destinatário) em alguns segundos sem quaisquer intermediários como acontece numa transferência interbancária. Interessante, não acha?

As criptomoedas, pela sua popularidade têm sido adotadas para comercialização em diversas plataformas, indústrias ou serviços como método de pagamento (substituindo ou oferecendo a possibilidade de não recorrer a moedas fiduciárias controladas por bancos centrais), no entanto, face à volatilidade normal de qualquer ativo financeiro, a larga maioria das criptomoedas, apesar de se revelarem mais seguras em matéria de transferências (confira o nosso artigo sobre este facto), dificultam a atribuição de valor por parte de comerciantes e consumidores na hora de adquirir bens e serviços.

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A pensar nisto, surgiram as moedas estáveis (stablecoins) que atuam fazendo o “pegging” (termo financeiro para “atrelado” ou “em paridade com”) com o ativo subjacente por forma a manter o seu valor praticamente inalterado. Qual o objetivo primordial? Ao contrário de uma moeda fiduciária, a stablecoin opera também através da blockchain com as vantagens óbvias — excluindo intermediários, contribuindo para uma velocidade maior e para um aumento da privacidade das transferências — e que permitem aos investidores ou detentores (que detenham ligação à internet) garantir o seu valor patrimonial ou carteira de investimentos mais estabilizada.

Existem três formas de garantir a estabilidade desse valor. “Alguns métodos provaram ser mais eficientes do que outros, mas ainda não existe um mecanismo de paridade 100% garantido” refere a Binance Academy. Stablecoins com paridade (“pegged”) a moedas fiduciárias (fiat-backed) são, provavelmente, o método que tem demonstrado maior segurança na manutenção do valor estabilizado, como, por exemplo, é o caso da $USDC da Circle (e da Coinbase) e a $BUSD da Binance que garantem a paridade através de reservas de valor correspondentes (garantindo uma relação de 1:1 na paridade com USD americano).

Porém, existem outros métodos que têm revelado algumas ineficiências como no caso de Stablecoins com paridade em criptomoedas (crypto-backed) e que por razões óbvias têm algumas implicações como recorrer a DAOs (Organizações Autónomas Descentralizadas) controladas pela comunidade (que detém a moeda, ou seja, qualquer um de nós que detenha a stablecoin em questão) que atrasam na tomada de decisão em situações de emergência e a colateralização (uma quantidade extra é solicitada como medida de proteção contra oscilações de preços).

Por fim, existem as stablecoins algorítmicas que têm dado que falar depois do crash da rede Terra que dispunha da stablecoin UST alicerçada numa moeda tokenizada, a LUNA (sujeita a volatilidade), quando o UST perdeu a paridade com o dólar americano e o sistema de contratos inteligentes não conseguiu lidar com a retirada massiva de grandes investidores (baleias) e o sistema que fazia a queima ou emissão (mint) de novas moedas ficou instável. Em poucas horas, investidores de UST e LUNA perderam entre 90% a 99% do seu investimento pela queda abrupta dos preços de ambas as moedas. Até hoje, a UST, agora $USTC ainda não recuperou a paridade com o dólar. Este tipo de moeda detém poucas reservas de valor, pois o seu valor é decido sobre a forma de uma espécie de política monetária da rede e através dos algoritmos e contratos inteligentes.

Euro Coin ($EUROC) a proximidade das criptomoedas ao Euro

Uma vez explicado de forma muito sucinta o que são as stablecoins e as três principais tipologias circulantes, voltamos ao tema do artigo, o lançamento por parte da Circle da Euro Coin ($EUROC) uma stablecoin que ao contrários das outras mencionadas não está atrelada ao USD americano, mas sim ao euro da União Europeia, ou seja, o seu ativo subjacente é a moeda europeia, recorrendo para isso a reservas monetárias que serão mantidas em instituições financeiras como garante de 1:1 do valor da moeda e dos depósitos dos investidores.

“O Euro Coin é assegurado em 100% por euros mantidos em contas bancárias em euros, de modo que é sempre resgatável (numa relação de) 1:1 por euros. As empresas podem usar uma conta Circle gratuita para cunhar e resgatar Euro Coin sem nenhum custo adicional. A Circle visa trazer a Euro Coin para muitas das principais blockchains do mundo para amplo suporte e interoperabilidade do ecossistema. Os parceiros existentes do ecossistema blockchain que construíram e se integraram ao Circle e ao USDC devem achar fácil adotar e usar o Euro Coin” refere a Circle na sua página oficial.

Para quem conhece o funcionamento da $USDC, é fácil compreender os fundamentos da $EUROC que usa o mesmo modelo de garantia de reserva de valor que o seu parente próximo já existente e visa garantir uma proximidade para os investidores e utilizadores europeus, dispensando a necessidade de fazer câmbios de EUR/USD, numa clara procura pelo mercado europeu para a popularização dos criptoativos.

Por agora, a $EUROC usa a mesma blockchain da Ethereum (rede que sustenta a moeda tokenizada $ETHER) e que logo a seguir ao Bitcoin é uma das moedas com maior aceitação e credibilidade no mercado dos criptoativos. É aceite em exchanges como a “Bitpanda“, “Bitget” e “Huobi Global” (futuramente, também a “Binance” e a “Bybit” aceitarão esta moeda) e instituições financeiras descentralizadas como “Compound“, “Curve“, “DFX” e “Uniswap Protocol” já oferecem rendimentos para a Euro Coin. Quando falamos de carteiras, a moeda pode ser guardada em “Ledger” e “MetaMask Institutional“.

O $EUROC verá as suas reservas garantidas pelo banco californianoSilvergate“. Esta moeda irá fornecer às entidades e empresas outras opções de pagamento e também uma opção de negociação (“trading”), cedência (“lending”) e a possibilidade de pedir emprestado (“borrowing”) como se de uma instituição financeira centralizada se tratasse. A stablecoin em paridade com o euro será inicialmente disponibilizada como token ERC-20 (protocolo da blockchain Ethereum). Ainda este ano, esta stablecoin irá chegar a outras redes para maior acessibilidade e disponibilidade a mais utilizadores.

Fonte MaisTecnologia, Watcher.Guru, Circle e Binance Academy

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