Esta decisão do Equador está destinada a gerar polémica. A embaixada do Equador em Londres decidiu cortar o acesso à internet ao Julian Assange, o líder da Wikileaks, que se encontra “preso” no interior da embaixada hà mais de 6 anos. Este impedimento de acesso à internet acaba também por implicar que as suas comunicações com o mundo exterior, incluindo amigos e familia, se tornam muito limitadas.
O Equador, através de comunicado oficial, confirmou que tinha de facto cortado o acesso de Assange à internet, afirmando que Assange falhou em cumprir o seu compromisso em não se envolver na relação do Equador com outros estados soberanos. O Equador não referiu que situações concretas é que constituíram esta interferência na sua relação com outros Estados, mas de facto não faltam polémicas nas quais o jornalista/activista se tem envolvido. Assange utiliza regularmente o Twitter para emitir opiniões políticas controversas e com potencial de embaraço geopolítico, como por exemplo, apoiar abertamente a causa independentista da Catalunha.
Porém, a situação mais polémica a envolver Assange e a Wikileaks em tempos recentes prende-se com a importância que a Wikileaks teve durante as eleições americanas de 2016. Foi através da Wikileaks que milhares de e-mails privados da Hillary Clinton e da sua campanha vazaram na internet e os especialistas concordam que o seu conteúdo, muitas vezes comprometedor, foi um factor decisivo na eventual derrota da candidata democrata. O nome Wikileaks até foi referido durante os debates televisivos entre Hillary e Trump. Recentemente, descobriu-se que Julian Assange trocou mensagens directas com membros da família de Trump e há quem defenda que a Wikileaks fez parte do circuito de influência da Rússia durante o processo eleitoral americano.
No comunicado oficial do Ecuador pode-se ler: “O Governo do Equador avisou que o comportamento de Assange, com as suas mensagens através das plataformas sociais, colocava em risco as as relações que o país mantém com o Reino Unido, com os restantes estados da União Europeia e com outras nações. Assim sendo, para prevenir potenciais danos, a embaixada em Londres interrompeu a 27 de Março as comunicações a que Assange tem acesso”.
Recorde-se que Assange se encontra em asilo politico na embaixada do Equador desde 2012. Julian Assange, e a Wikileaks, já tinham conquistado fama pelos vazamentos de informação relacionados com a guerra no Iraque. Muitas vozes influentes nos EUA desde então têm pedido que o país deve ter mão dura em Assange e levá-lo a tribunal nos Estados Unidos, apesar da sua nacionalidade ser Australiana. Em 2012 a Suécia abriu uma investigação a Assange na sequência de queixas de duas mulheres em relação a comportamento sexual problemático no qual o líder da Wikileaks terá incorrido. O medo de Julian é que este processo seja um cavalo de tróia para uma extradição para os EUA onde enfrentaria potencialmente penas muito duras.