A BEEVERYCREATIVE é uma empresa pioneira no mercado nacional de impressão em 3D. O maistecnologia.com conseguiu entrevistar o seu representante e CEO, Diogo Quental, que nos respondeu a várias questões relacionadas com uma nova tecnologia de impressão que tem vindo a impor-se cada vez mais no panorama nacional e internacional.
O facto de terem sido os primeiros a investir neste negocio tem obviamente os seus prós e contras, quais?
Os prós e contras habituais de ser dos primeiros a investir também se aplicam no nosso caso.
Como vantagens, destacamos, por um lado, a maior facilidade em apresentar a nossa impressora, não só em Portugal como um pouco por todo o mundo, conquistando assim um espaço que dificulta a entrada de outros participantes. Por outro lado, ser dos primeiros tem-nos permitido também receber o apoio de uma comunidade de particulares e de empresas, na sua maioria portuguesa, que contribuem para a divulgação da tecnologia de impressão 3D.
O lado negativo reside no facto de ser necessário investir recursos na divulgação da tecnologia 3D e de sermos dos poucos ainda a fazê-lo. As empresas que investirem mais tarde vão poder beneficiar de investimento feito por nós.
Já encontram muita concorrência a nível interno (nacional) ou ainda se trata de um mercado com muitas possibilidades para serem exploradas?
Há outras empresas na área do 3D, como são exemplos a Hello3DPrintingWorld, muito ligada ao projecto RepRap, a Digitalab na área da modelação 3D, a PIP Eco spot e a Think3D que fazem serviços de impressão, e agora mais recentemente a Filkemp, que está a preparar-se para ser uma das maiores empresas do mundo em filamento PLA, só para mencionar algumas.
O ambiente, no entanto, é de colaboração entre todos, pois há complementaridade entre as actividades de cada uma delas e o mercado está todo por criar e explorar.
Entendemos que tal colaboração é tão relevante que estamos mesmo a reunir as entidades relacionadas com a impressão 3D em Portugal para realizarmos projectos conjuntos, nomeadamente no que toca à Educação.
Incentivamos todos os interessados a contactarem-nos para partnerships@beeverycreative.com
Como foi criada a BEEVERYCREATIVE e como é constituída a equipa?
A BEEVERYCREATIVE nasceu do sonho dos engenheiros Francisco Mendes e Jorge Pinto, ambos formados pela Universidade de Aveiro, de desenvolverem uma impressora 3D. O projecto nasceu em 2011 e esteve na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro até Abril de 2013, período que se revelou essencial para os passos seguintes.
Actualmente a equipa conta com cerca de 30 colaboradores, aos quais acrescem cerca de 15 promotores da venda directa.
Quais os obstáculos encontrados na implementação do conceito?
O principal obstáculo à implementação da impressão 3D é o desconhecimento generalizado desta tecnologia. É habitual ser feita uma associação à impressão 2D que todos conhecemos, pensando que o 3D seria a impressão de hologramas. Há, portanto, muito trabalho de divulgação da tecnologia a fazer.
Como está a ser a aceitação do publico a uma tecnologia bastante recente?
A aceitação de público é fantástica, quase sempre com grande surpresa pelo que a tecnologia permite materializar. Curiosamente, os mais novos são os mais rápidos a perceber o potencial de utilização. Talvez porque não conheçam a produção em massa, falam da impressão 3D como se tudo o que os rodeia já fosse feito nesta tecnologia.
O potencial da tecnologia e as reacções a que assistimos mostram-nos que estamos a participar numa verdadeira revolução que irá mudar o paradigma em que vivemos.
A tecnologia em si é acessível ao comum utilizador ou é recomendado algum background prévio?
A tecnologia é facilmente acessível a quem saiba trabalhar com um computador.
No caso da BEEVERYCREATIVE, desenvolvemos a impressora exactamente para que fosse muito fácil de usar, sendo essa uma das suas características diferenciadoras. Na BEETHEFIRST em poucos minutos qualquer pessoa consegue iniciar uma impressão 3D.
Vemos as restantes marcas ainda muito focadas nos clientes mais técnicos, mas a orientação tenderá a mudar nos próximos anos.
Como se desenrola o processo de impressão na BEETHEFIRST?
A BEETHEFIRST utiliza a tecnologia FFF (Fused Filament Fabrication) que permite que, a partir de um ficheiro electrónico, seja criado um objecto 3D através da deposição sucessiva de material.
O material utilizado pela BEETHEFIRST é PLA, um termo-plástico produzido a partir do amido-de-milho, logo uma fonte renovável.
O processo de impressão passa pelo aquecimento do PLA até que entre em fusão, sendo então extrudido em camadas sucessivas que seguem o desenho do ficheiro electrónico e irão criar o objecto.
Quais as dimensões máximas dos objectos que a BEETHEFIRST permite imprimir?
Na impressão 3D o limite é sempre a nossa imaginação!
A questão do tamanho deve ser vista sempre em conjunto com o tempo de impressão. Se quisermos objectos de grandes dimensões, teremos impressões demoradas, podendo optar por dividir em várias pequenas que se encaixam, e assim reduzir o risco de algo correr mal.
A BEETHEFIRST permite que cada peça tenha até 190 x 135 x 125 mm.
A BEETHEFIRST é compatível com ficheiros “.STL” de modelação 3D que utiliza para proceder à modelagem física dos projectos, na óptica do utilizador quão complexa pode ser a obtenção ou criação de um projecto desse tipo?
A obtenção de modelos 3D é muito simples, visto que existem já inúmeras bibliotecas na internet. Em breve iremos anunciar publicamente uma parceria com uma dessas bibliotecas: a CG Trader.
No que respeita à modelação, há um trabalho de aprendizagem a fazer pelos utilizadores, mas a simplicidade é cada vez maior. Para um utilizador novo, é fácil criar um modelo 3D básico em poucos minutos. Tornar-se um bom designer 3D, no entanto, como em qualquer actividade que requeira criatividade e técnica, pode demorar toda a vida.
Como tem sido a venda do produto? Existe uma boa resposta do mercado em relação ao vosso produto e oferta?
O mercado é ainda pequeno, mas assistimos a um grande crescimento do interesse pela impressão 3D.
De um modo geral, estamos satisfeitos com a reacção do mercado. Percebemos, no entanto, que na fase actual de conhecimento da tecnologia, a demonstração do produto é essencial. Por essa razão decidimos recentemente criar uma rede de venda directa que facilite o contacto directo com os clientes. Queremos ter uma rede com pelo menos 100 promotores, para podermos chegar a todos os pontos do país.
Estamos ainda activamente à procura de pessoas para esta rede, podendo os interessados contactar-nos para careers@beeverycreative.com.
Pretendem criar também outros modelos de impressora 3D para outros utilizadores com outro tipo de necessidades?
O futuro é longo, pelo que é certo que haverá outros modelos.
Actualmente, no entanto, decidimos focar-nos em tornar a BEETHEFIRST tão estável quanto possível e em garantir a sua evolução através de um add-on, o BEEconnect, que está já em desenvolvimento e poderá ser utilizado nas impressoras já vendidas. Entendemos ser uma forma mais ecológica de abordar o desenvolvimento da tecnologia e também de respeitar todos aqueles que já compraram a BEETHEFIRST.
Quais os planos a longo prazo para a BEEVERYCREATIVE? Existe intenção de expansão internacional numa fase mais avançada ou pretendem manter o vosso foco no mercado nacional?
Pela natureza do mercado, desde o primeiro momento que o foco é o mercado internacional e nem poderia ser doutra forma. Trata-se de um bem transaccionável sem barreiras naturais à transacção, pelo que será um mercado globalizado. Acresce que o volume de investimento é tão elevado que o mercado nacional seria insuficiente para permitir o retorno adequado.
Deixo desde já os meus agradecimentos por toda a simpatia e disponibilidade da parte do Diogo Quental, e claro, o link da BEEVERYCREATIVE.
*Se quiser que a sua empresa seja entrevistada, contacte-nos através do nosso formulário com o máximo informação possível. sobre a mesma.
