Entre Invernos e Verões, a Bitcoin Celebra 16 Primaveras

O moeda introduzida em 2008 por Satoshi Nakamoto, tornou-se o maior fenómeno disruptor do setor financeiro a seguir à abertura da primeira bolsa de valores em Amesterdão em 1602.

A crise do subprime em 2009 levou grandes bancos à falência, deixou milhares de pessoas desempregadas e gerou uma crise económica prolongada.

Enquanto se formavam movimentos sociais de protesto como o Occupy Wall Street (OWS) nos EUA, os indignado em Espanha ou a geração à rasca em Portugal, surgia na Internet aquilo que seria a forma mais eficiente de protesto contra o sistema de bancos centrais e governos – a Bitcoin.

Entre cripto invernos e verões, cada Bitcoin chegou a valer $65 000 em Novembro de 2021. Os fiascos astronómicos de 2022 abalaram o mercado e o preço da moeda têm sido incapaz de superar o limite de $28 000. No entanto, com aproximar do halving, que terá lugar em 2024, a Bitcoin começa a valorizar.

A Primeira Revolução Foi Financeira

Em Outubro de 2008 surgia online o white paper da Bitcoin.

Nele estavam elencados os princípios cripto-anárquicos de soberania financeira individual e uma descrição dos meios tecnológicos para a fazer acontecer. Através da junção de várias tecnologias, sendo as mais relevantes a encriptação e as blockchain tornava-se possível criar uma forma de trocar valor de forma segura, imediata e transparente sem que para isso fosse necessário recorrer a intermediários ou depender de autoridades centrais.

O primeiro bloco é minerado em Janeiro de 2009 e cria 50 moedas.

Em Julho de 2010 as moedas começam a ser diretamente trocadas entre pares por $0.0008. No espaço de um mês o preço cresceu 100%, marcando o ínicio da viagem mais impressionante do valor de um bem financeiro da história.

A cripto moeda começou a ser utilizada para transações imediatas entre pessoas de países diferentes, para fazer face à inflação em geografias com a Venezuela, e para comprar produtos online.

Bitcoin: Adoção Veloz, Processo Lento

As Bitcoin existem numa rede descentralizada que é mantida por nodes, ou computadores, que, de forma a validar os blocos de informação que contém os dados sobre as transações feitas na rede, competem entre si para resolverem equações matemáticas complexas.

A este processo de validação chama-se mecanismo de consenso, ele implica um gasto de energia enorme que, para além de consequências ambientais devastadoras, significa ainda um custo inicial elevado para mineração.

Os sistemas de pagamentos regulares, como as redes multibanco, conseguem processar cerca de 6 mil transações por segundo, no entanto, a rede blockchain da Bitcoin é muito lenta, já que no mesmo espaço de tempo processa apenas 3 a 7 transações e demora uma média de 10 minutos para formar cada bloco.

Estes dois problemas fazem de que o maior desafio desta nova tecnologia seja a escalabilidade. Estes obstáculos são impeditivos a que a Bitcoin cumpra o maior objetivo para o qual foi criada – ser um meio de pagamento generalizado.

De forma a responder aos desafios da cripto original, surgiram projetos com um objetivo comum mas estrutura que, apesar de descentralizada, é ligeiramente diferente.

Em 2011 surge a Litecoin, considerada a primeira alt-coin (denominação dada a todas as cripto que não são Bitcoin) e depois dela um enchente de outras moedas.

Em 2017 surge a Lightening Network, uma solução de layer 2, que permite fazer transações fora da blockchain da Bitcoin, e assim diminuir os custos de transação e aumentar a rapidez com que são executados.

A Segunda Revolução Foi Tecnológica

Quando em 2013, depois de subir a pique até $1 000 o preço da Bitcoin caiu para apenas $300, muitos julgavam ser o final das cripto.

Mas a inovação da tecnologia foi para além dos usos financeiros e o aparecimento de novas blockchains deram aso ao desenvolvimento de uma nova iteração da internet, a web3, cujo valor e relevância aumentam de dia para dia.

Porque a informação nas blockchains é imutável, a web3 cativou imediatamente o interesse de artistas à procura de confirmar a autoria das sua criações. A febre dos non-fungible tokens (NFTs) abalou o mundo artístico e manteve-se em alta mesmo durante o cripto-inverno de 2022.

De todos os setores de atividade, foi o universo do jogo que mais prosperou com as tecnologias descentralizadas. Motivados por uma forma de jogo sem intermediários, os jogadores optam cada vez mais por jogos de play-and-earn e casinos cripto, o que tem levado a um crescimento de popularidade astronómico de jogos de blackjack bitcoin ou o Town Star.

2024 é Ano de Halving

As custo das transações em blockchain é automaticamente usado para pagar ao mineiros pelo poder de computação que lhes permite manter a rede em funcionamento. Neste momento, por cada bloco um node recebe 6.25 BTC.

Por forma a controlar a inflação e, dado que a Bitcoin tem uma quantidade finita de 21 mil moedas, a cada quatro anos acontece um halving, ou seja, a recompensa por blocos passa para metade.

Como nesses momentos a oferta reduz, ele resulta sempre num aumento do valor das Bitcoin. Em 2019, o preço aumentou 19% a seguir ao halving, o que intensifica a especulação nos momentos precedentes.

O próximo halving vai acontecer entre Maio e Abril de 2024. Um evento para o qual os grandes investidores já se começaram a preparar.

Apesar de existirem centenas de outras moedas, apenas a Bitcoin é considerada ouro digital. Em parte por ser a primeira, mas também pelos mecanismos de politica monetária como o halving garantirem uma padronização do comportamento que agrada ao investidores.

Depois da maturação do mercado nestes primeiros 16 anos, os próximos serão de mudança de toda a economia para incorporar as Bitcoin e todas as moedas e tecnologias descentralizadas.

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