Ensaio do Volkswagen Taigo R-Line 1.0l TSI 110 cv: Análise

Depois de definida a estratégia de transição para a mobilidade elétrica da Volkswagen — no seguimento do escândalo diesel-gate (que afetou milhares de automóveis do grupo) — tem sido importante pois tem permitido à fabricante alemã reorganizar o seu posicionamento estratégico nos vários segmentos automóveis, à margem dos já reconhecidos modelos em vigor.

Pensado para se afirmar como um crossover ou SUV ligeiro, o Volkswagen Taigo, combina a expertise obtida com modelos como o T-Cross (e até o ID.4) e com o Volkswagen Polo para a criação de um novo coupé — o Taigo — que em tudo se assemelha a um Polo mais elevado (e confortável). Este é um modelo que é novo na Europa, mas que no Brasil já tinha adotado a designação de Volkswagen Nivus. Será esta uma proposta suficientemente competitiva?

Influenciado por uma tendência muito presente no parque automóvel europeu, o Taigo adota a característica SUV para mergulhar naquilo que tem sido a crescente procura dos consumidores — que olham para o automóvel como uma solução versátil para se deslocar em todo o tipo de espaços — e que para isso, exige alguma altura para se movimentar confortavelmente.

Desempenho do Taigo R-Line

O Taigo — apesar do aspeto exterior — não é elétrico nem híbrido, afigurando-se como uma solução mais acessível no seu segmento, disponibilizando apenas motorizações térmicas a gasolina. Existem três opções, duas motorizações tricilindricas 1.0l e uma motorização 1.5l (4 cilindros). Dependendo da solução térmica, a potência é enviada para o eixo traseiro por via de uma caixa manual de 5/6 velocidades ou de uma automática de dupla embraiagem de 7 velocidades.

Para este modelo, a solução menos potente começa com 95 cv (1.0l TSI) e uma caixa manual de 5 marchas (para as edições ‘Life’ e ‘Urban Style’). Ao migrarmos para uma solução de 110 cv da mesma motorização, a oferta permite configurar com uma transmissão de 6 velocidades (manual) e automática de dupla embraiagem de 7 marchas (nas edições ‘Life’, ‘Urban Style’, ‘Style’ e ‘R-Line’). Por sua vez, no caso da motorização 1.5l de 150 cv, a única opção é integrar a caixa automática de 7 marchas (tanto na versão ‘Style’ como ‘R-Line’).

Segundo a Volkswagen, o modelo equipado com 150 cv do Taigo permite alcançar 212 km/h de velocidade máxima, seguindo-se performances um pouco inferiores à medida que descemos na potência da motorização. É provável que a versão de 95 cv não deva ultrapassar os 180/190 km/h e a edição de 110 cv deverá situar-se nos 195/200 km/h. Claro está que não pudemos, por razões óbvias testar este tipo de capacidades dinâmicas do Taigo. Para o caso do modelo com a DSG de 7 velocidades, a marca do 0 aos 100 km/h é cumprida em 10,9s.

O Taigo, de acordo com a Volkswagen, reivindica um consumo de 5,9L aos 100 km, no entanto, durante o nosso ensaio foi possível exceder um pouco o regime WLTP chegando a um consumo médio de 6,5L, acreditando que será este o justo consumo para um utilizar menos comedido. Porém, não negamos que seja possível alcançar os 5,9 se tiver muita atenção ao pedal do acelerador. “O pezinho conta muito neste aspeto”.

Estas motorizações térmicas oferecem prestações interessantes e uma agradabilidade interessante tanto para o condutor como para os restantes ocupantes, permitindo desempenhos interessantes aliado a deslocações mais silenciosas – que demonstram bem o conhecimento e a experiência que a Volkswagen já tem com estes motores 1.0l tricilindricos e, sobretudo, dos já velhinhos 1.5l de quatro cilindros. Porém, no caso do ‘R-Line’ de 110 cv, a falta de força é notória em alguns cenários. O facto de estar equipada com uma DSG de 7 marchas ajuda os consumos, mas causa alguma letargia (é provável que os 150 cv façam diferença).

Ajudas e segurança do automóvel

Em matéria de segurança, o Taigo traz consigo algumas das melhores ofertas do segmento. Enquadrado no segmento B/C, o modelo alemão oferece as comodidades necessárias para que não tenha de se preocupar com o seu dia-a-dia atrás do volante. Existem outras propostas mais interessantes no mercado (em outras marcas), no entanto, não sentimos falta.

Entre ‘Monitorização de peões e ciclistas’, o sistema ‘eCall’ (para chamadas de emergência em caso de acidente grave como imobilização da viatura, o sistema ‘Front Assist’ com ‘City Emergency Brake’ e ‘Lane Assist’ para garantir que o seu caminho — sobretudo em estrada e autoestrada (fora da cidade) configurando uma tipologia de condução semiautónoma. Para além disso, conta com o mais recente sistema de deteção de fadiga que tem como objetivo monitorizar o comportamento do condutor a fim de evitar acidentes.

O Cruise Control Adaptativo garante uma condução autónoma de nível 2, onde é possível controlar a velocidade eletronicamente com paragens Stop & Go sem que tenha de abdicar do conforto até aos 200 km/h — interessante para o segmento em questão, quer na velocidade admitida, quer na segurança proporcionada ao condutor em velocidades tão elevadas.

Ainda que — felizmente — não tenhamos tido nem oportunidade nem necessidade de recorrer a grande parte destas soluções, as câmeras multifunções garantiram que a circulação e estacionamento em cidade se afigurou facilitada. O Volkswagen Taigo não desiludiu e cumpre com aquilo a que se compromete. É o habitual numa marca alemã (ainda que feito em Espanha, sem desprestígio).

Design e dimensões do Taigo

As proporções deste Taigo situam-se nos 4,27 metros de comprimento, 1,76 de comprimento e uma altura (sem contar com as barras do tejadilho) de 1,50 metros. Ainda que conte com dimensões aliciantes, a bagageira tem capacidade 438l (sem rebatimento dos bancos traseiros). Ao contrário do ‘T-Cross’ — que oferece a possibilidade de deslizar os bancos traseiros — o Volkswagen Taigo não permite aumentar ou diminuir a capacidade do espaço da bagagem.

Este novo modelo alemão mantém a assinatura luminosa que tem vindo a ser adotada no seio da Volkswagen, tanto na dianteira, como na traseira. Ainda que este modelo seja integralmente a gasolina, o farol traseiro assemelha-se em quase tudo aos modelos elétricos da fabricante. A Volkswagen é uma marca que preza a identidade e o Taigo não é diferente, com uma frente com ar dinâmico (mais agressiva), pronunciada ao nível do capô e dos faróis de nevoeiro.

Progredindo para a lateral, o aspeto do Taigo não desilude e “casa bem” com a proposta do modelo e com a parte da frente do Taigo (mantendo as linhas pronunciadas). Já na traseira, o novo Volkswagen Taigo, seguindo as pisadas do T-Cross vai buscar as linhas mais retilíneas para os grupos óticos traseiros e para a conceção do para-choques perfurado por ponteiras de escape falsas.

No interior, o Taigo premeia o condutor no sentido em que oferece uma orientação para modernidade e auxílio à condução (ou seja, à experiência de condução), contando logo de caras (dentro do cockpit) com um painel de instrumentos digital de 8″ (de série no Taigo), podendo ser complementado por um ecrã tátil de info-entretenimento de 6,5″ ou 9,2″ (este último impressionante) encastrados num tabliê de matérias de qualidade suaves ao toque. Em linhas com ajudas à condução já mencionadas, destacamos o ‘IQ-DRIVE Travel Assist’ que permite um modelo de condução semiautomática.

Conforto do habitáculo e de condução

Em matéria de conforto, destacamos os assentos em tecido de alta qualidade (e bastante confortáveis). Além disso, o sistema de info-entretenimento que proporciona um tipo de conforto diferenciado — destaca-se o ‘Digital Cockpit’ que permite aceder às principais funcionalidades do veículo, o ar condicionado ‘Climatic’ que já é uma marca da Volkswagen para a climatização — e a ‘app connect wireless’ para poder atualizar o seu Taigo over-the-air.

Para reforçar o conforto deste crossover, a Volkswagen adotou, na traseira, um sistema de suspensão semi-independente com molas helicoidais (minimiza o balanceio da carroceria em desníveis, ainda que nunca como suspensões 100% independentes). Por sua vez, na dianteira, o Taigo conta com suspensão do tipo McPherson independentes (com molas helicoidais) unidas por barra estabilizadora (‘anti-roll bar’).

Ajudando a tudo isto, a escolha entre a jante de 16″ e 17″ (opcional) deve ser considerada tendo em consideração ‘performance’ (comportamento dinâmico) sobre ‘conforto’ na medida em que uma jante de 16″ dá lugar a um pneu mais flexível e que permite maior conforto em terrenos acidentados e protuberâncias no piso (asfaltado ou térreo), no entanto, uma jante 17″ permite um pneu com um perfil mais baixo e mais apto a comportamento em curva (e velocidades mais altas) mais dinâmico.

Veredito

Este Volkswagen Taigo tem um preço a começar em 23.526,85 € na versão ‘Life’ 1.0l TSI 95 cv e com menos equipamento. Tivemos oportunidade de analisar a versão ‘R-Line’ 1.0l TSI 110 cv com transmissão DSG (com um preço de 30.525,02€) que oferece mais alguns equipamentos — que se comparada com a versão de introdução, faz-nos pensar a ausência de algumas coisas que já deviam vir de série — e até considerar outros modelos. O Taigo tem sido comparado com o Arkana da Renault ou até o T-Cross da própria Volkswagen.

Em matéria de preço, o Taigo destaca-se nas especificações face ao Arkana (híbrido), no entanto, em matéria de comportamento dinâmico, as opiniões divergem. O estilo de veículo é diferente e o seu comportamento em estrada e conforto no habitáculo tem-se favorecido o Arkana… e com mérito! Talvez devesse a Volkswagen considerar olhar para os equipamentos de série do Arkana (logo nas versões mais acessíveis).

Este é um modelo pensado tanto para o dia-a-dia como para alguns fins-de-semana em família sendo, por isso, um modelo versátil e que não o deixará na mão, não estaríamos nós a falar de um veículo alemão e com tanta experiência como é o grupo Volkswagen. É sem dúvida um modelo que recomendamos para o mercado português na versão Taigo (melhor que a brasileira (Nivus) e a europeia). No caso do mercado brasileiro, o Volkswagen Nivus também foi bem sucedido.

2 COMENTÁRIOS

  1. Nestes ensaios tudo parece maravilhoso, ou as versões que testam são as melhores, mas não se esqueçam de referir que o Taigo é algo duro nas nossas estradas, tudo são opções e bem pagas… A versão Life que tenho nem uma luz no porta luvas tem. O cruise control ACC, é pago á parte, GPS etc etc o que vai encarecer bastante a viatura.

    • Olá Joaquim.
      Agradecemos o seu comentário que mereceu a nossa maior atenção.

      Em boa verdade, nunca no período que temos acesso aos veículos conseguimos ter a percepção suficiente e apropriada para um ensaio livre de reparos.

      Agradecemos a partilha da sua experiência connosco.

      Continue a acompanhar-nos por aqui e nas nossas redes sociais.

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