O Nissan Qashqai tem sido aquele modelo que, independentemente das tendências, tem demonstrado competência e mostrado ao mercado a sua relevância, aliás, arrisco-me a dizer que será um dos modelos mais emblemáticos da marca nipónica a nível europeu em matéria de vendas e presença. Este que vê chegar a terceira geração que pretende perpetuar este feito da Nissan na Europa e também em território luso.
Nos últimos dias, estivemos a ensaiar o Qashqai 1.3 de 158 cv com transmissão manual (edição Tekna) e o que podemos afirmar logo à partida é que este Nissan se presta amadurecido por uma experiência que tem vindo a ser obtida durante as quase duas décadas e que permite à Nissan não alterar significativamente a fórmula e mesmo assim conseguir superar em alguns aspetos a concorrência, menos na motorização que foi buscar sinergias dos seus parceiros.
Será ainda este modelo que lidera o domínio C-SUV? Em uma altura que a disputa se centra neste segmento — motivado por um aumento dos custos de produção face aos compromissos climáticos — e que para além da concorrência, existe uma quase canibalização de modelos para concorrerem ao mesmo lugar, o Nissan Qashqai enfrenta adversários com o novo Renault Austral, o Hyundai Tucson, o Peugeot 3008 e o Seat Ateca.
Desempenho do Qashqai Tekna
Por baixo da parte frontal do Qashqai, encontramos o seu “coração que pulsa”, o motor 1,3 litros de 158 cv — o mesmo que é usado pela Renault em alguns dos seus modelos e que resulta da parceria Daimler/Renault/Nissan – a gasolina turbo alimentado de injeção direta (DIG-T), sendo capaz de debitar uns aceitáveis 250 Nm de binário (dada a cilindrada), que no automóvel em análise é combinada uma caixa manual de 6 velocidades.
Visto o propósito de coerência entre desempenho e consumo, o Qashqai 1.3 oferece um conforto quer auditivo quer de interior bastante interessante que em muito se deve à motorização e aos acabamentos que permitem uma insonorização bastante gratificante. A propósito, este motor permite ao Qashqai alcançar dos 0 aos 100 km/h em pouco mais de 9 segundos, o que não sendo impressionante (nem em tempo nem em som) pode ser explicado por uma transmissão com marchas mais espaçadas.
Ainda que silencioso e mais conservador na hora de disponibilizar o binário, o Qashqai acaba por surpreender em baixas relações, conseguindo fazer uso do turbo e do facto de ser uma solução híbrida (12V) para guarnecer este Nissan com a potência suficiente para uma reação mais brusca ao acelerador em situações de maior aperto ou ultrapassagem rápida — interessante dado os espaçamento da caixa manual de 6 velocidades!
Este 1.3 DIG-T de 158 cv é capaz de chegar aos 206 km/h, mas em regimes mais modestos, o Qashqai faz-se valer da capacidade de poupança e permite que em torno da velocidade máxima permitida em autoestrada (120 km/h) consiga médias de 5,5/5,7 litros o que para um modelo mild-hybrid a gasolina não é nada desapontante. Aliás, catapultando-o para os 130 km/h os consumos não ultrapassam os 6,5 litros (consumo normal de alguns modelos a 110 km/h). Em cidade é que este Nissan se perde um pouco e chega facilmente aos 8,5/9 litros e que pode ser uma dor de cabeça para a sua carteira e, consequentemente, para si.
Em geral, esta é uma motorização interessante quer no desempenho quanto nos consumos, ainda que sejam desfavoráveis em baixos regimes (os consumos, claro) podem ser interessantes para quem usa o automóvel ao fim-de-semana ou para deslocações mais longas. Ainda para mais, conta com um motor amplamente idealizado e testado pela Daimler e Renault a nível de eficácia e fiabilidade.
Segurança
Confesso que não existe muito que se possa apontar ao Qashqai, sobretudo, em matéria de segurança. Os japoneses da Nissan primam por garantir tanto fiabilidade como segurança aos ocupantes, pelo que, tudo o que referirmos é participado apenas como expositivamente.
Este modelo dispõe do sistema de travagem de emergência com deteção de pedestres e ciclistas — e que tem vindo a mudar a forma de interação entre condutores e transeuntes — bem como, o aviso de saída da faixa de rodagem; assistência ao ponto morto (em mudança de faixa), deteção de fadiga – que tem sido a última aposta do setor automóvel em matéria de prevenção.
Dispõe de sensores e câmara traseira para facilitar o estacionamento, principalmente, na cidade e assistência inteligente ao estacionamento com alerta de trânsito e o sistema ProPILOT, o habitual para um modelo de segmento C e, ainda por cima, um SUV em que todas estas necessidades se tornam ainda mais reais.
Design e dimensões do veículo
Este Nissan Qashqai 1.3 Tekna não difere muito de versões anteriores, contando com um comprimento de 4,43 metros (aproximadamente), uma largura que chega aos 1,85 metros e altura de 1,63 metros, em que incorpora uma bagageira de 504 litros (e se rebater os bancos traseiros, pode chegar aos 1450 litros), incluindo um depósito de combustível de 55 litros.
Porém, se nas dimensões, as alterações foram poucas, já no design há algumas coisas a apontar nesta nova geração. A adoção de linhas mais progressistas, diga-se modernas, e um estilo mais desportivo “caíram bem” neste novo modelo mostrando que a Nissan está mais do que cientes daquelas que são as necessidades do mercado, mas sobretudo, dos seus clientes habituais. Todo o contraste do automóvel é chamativo o suficiente para não se deixar passar despercebido. A assinatura luminosa é, talvez, a que mais se destaca a seguir aos contornos (e curvas) do veículo.
Exteriormente, a Nissan apresentou algumas melhorias, no entanto, é no interior que se dá a revolução deste novo Qashqai. O habitáculo deste 1.3 Tekna oferece todo um espaço (ou pelo menos, a sensação de um) em que sentimos que tudo aquilo que temos à disposição quer do condutor quer dos restantes ocupantes tem a devida ergonomia e suavidade ao toque desejada. Os bancos são em Nappa com ajuste eletrónico, para além de termos acesso a um generoso painel de instrumentos digital de 12,3″ que simula um painel analógico — eu, especialmente, adoro — e que pretende agradar de tal forma a ponto de por vezes nos baralharmos em toda a vasta panóplia de opções.
Estamos a falar de japoneses e, como não podia deixar de ser, a construtora nipónica não deixa os seus materiais e qualidade de assemblagem por mãos alheias, pelo que os putativos compradores não irão ficar nada insatisfeitos com a insonorização e qualidade dos materiais que o rodeiam pelo habitáculo, sobretudo quando tem tudo aquilo que precisa em matéria de conforto para se sentir como em casa (ao volante).
Conforto de condução
No domínio do conforto — como já tivemos oportunidade de mencionar um cem número de vezes — o Nissan Qashqai cumpre com aquelas que sãos as expetativas de quem já conhece o modelo. Esta terceira geração adota uma suspensão confortável, mas nem por isso pouco acutilante. Frontalmente, McPherson, e na traseira, o sistema Multi-link como acontece em quase todos os concorrentes, permitindo um jogo de chassis e suspensão bastante interessante sobretudo em curva.
Ainda que não faltem equipamentos para a distração dos ocupantes (menos do condutor para não haver acidentes) e ajudas à condução. Algo que notámos foi que a Nissan optou por incluir 20″ de jante para este Qashqai que não sendo descabido, pode revelar-se desconfortável (apesar do trabalho de suspensão) para algumas pessoas em pisos mais acidentados. Se por um lado, as melhorias no comportamento dinâmico são uma realidade, existe um antagonismo com relação ao conforto nestas situações.
Excluindo este último aspeto, só podemos congratular-nos por mais uma proposta interessante para quem procura aquele modelo para viagens um pouco mais longas em que se exige não apenas conforto, mas competência para lidar com as situações mais agrestes ou embaraços que ocorrem na estrada. Acima de tudo, é um modelo seguro e que inspira bastante confiança.
Veredito: Nissan Qashqai 1.3 DIG-T Tekna
Em suma, o Qashqai 1.3 DIG-T Tekna (158 cv) oferece-nos uma boa proposta em termos de preço-qualidade, apesar de considerarmos que a opção que inclui a caixa X-Tronic que se revela sempre bem otimizada para este tipo de modelo. Esta edição com transmissão manual começa em 40.200,00€ (mas com jantes de 19″ de série).
Para efeitos de comparação, o Peugeot 3008 GT 1.2 de 130 cv (cx. Manual) é a proposta mais próxima deste modelo e ronda os 37.929,99€ que é mais barata por razões óbvias em termos de potência, mas rivalizando em equipamentos, porém conta com jantes de 17″ (18″ acrescem ao preço) e não rivalizam com as 19″ ou 20″ do Nissan.
Este Qashqai é um modelo que agrada e não é estranho que ao longo dos anos tem liderado o segmento dos SUV — sendo um dos mais vendidos em território nacional na sua categoria — oferecendo condições interessantes para famílias e entusiastas da categoria. É bastante versátil, mas pelas razões que já mencionámos tem os seus inconvenientes para regimes mais baixos (em cidade). Para quem aprecia passeios mais longos, garanto-vos que este Nissan proporciona ótimos momentos de condução (como já é uma tradição da marca nipónica parceira da Renault).