Ensaio do Nissan Leaf E+ N-Connecta (62 kWh): Análise

O Leaf está de regresso com algumas novidades que não irão passar despercebidos aos mais saudosos da nipónica — Nissan — sobretudo em matéria de autonomia. Quase 12 anos depois do lançamento do primeiro Nissan Leaf que se revelou um dos pioneiros na mobilidade elétrica e que a longo prazo se revelou um sucesso de vendas com quase meio milhão de unidades vendidas em todo o mundo (com todas as edições).

Essencialmente, o Leaf está categorizado pela capacidade de bateria em duas grandes edições, a de 40 kWh e a de 62 kWh que recebe o prenome de “E+” que identifica claramente a unidade de maior potência. Associada esta capacidade também as motorizações elétricas têm maior potência ao passar dos 150 cv (das versões base) para 217 cv. Estaremos perante um game-changer ou mais uma alternativa com poucas alterações?

Estivemos ao volante do Nissan Leaf E+ N-Connecta, pelo que todo o conteúdo deste ensaio se irá centrar essencialmente neste modelo, mas sempre com objetividade para a edição base e edição “E+” que destaca esta versão de outras gamas. Fique desse lado e acompanhe-nos ao longo de mais um ensaio para o site do MaisTecnologia.

Desempenho do Leaf N-Connecta

É um facto que os veículos elétricos são, regra geral, mais pesados que os homólogos a combustão. O Nissan Leaf não é diferente, sobretudo nesta edição mais equipada. Se para os veículos exclusivamente a combustão ou híbridos, o peso pode não ser um fator relevante — visto que se “faz magia com a potência” — no caso de um elétrico pode fazer toda a diferença num automóvel convencional.

O Leaf E+ N-Connecta pode chegar aos 1790 kg se considerarmos o peso bruto do automóvel com os passageiros e carga. Isto fica-se a dever, entre outros fatores, ao peso de maiores baterias — que permite maior autonomia e desempenho exclusivo da gama “E+”. Para um modelo com características mais citadinas, isto poderia ser problemático para o comportamento dinâmico e manobralidade, porém, este Leaf faz uso de um diferencial para tração integral que permite um melhor comportamento em curva.

Dispondo de uma motorização de 217 cv e um binário (sempre disponível) de 340 Nm que permite chegar aos 100 km/h em pouco mais 7,9s — um marco para um citadino — mas sobretudo por, ao contrário do seu antecessor, passar de 240 km de autonomia para 358 km — que se dissipam se não tiver cuidado com o pé ou se entusiasmar pelo ambiente silencioso.

É justo dizer que o diferencial a este nível é a categoria que antecede a gama (N-Connecta, neste caso) que distingue unidade de potência e capacidade de bateria. Este fator é importante na categorização da experiência a bordo deste automóvel. Para 1790 kg (carregado), 217 cv são mais do que suficientes para para uma experiência agradável que se encerra nos 157 km/h (que para o estilo de automóvel são suficientes) não comprometendo a segurança dependendo naturalmente das condições do piso (ignorando no caso a velocidade máxima obrigatória de 120 km/h em autoestrada).

Em termos de especificações, nenhuma das outras gamas altera esta dualidade, senão ao nível do conforto, dos acabamentos e dos extras, pelo que as nossas considerações poderão varia de modelo para modelo. Porém, julgamos que esta talvez seja a proposta mais equilibrada de todas as ofertas disponíveis (das três gamas: Acenta, Connecta ou Tekna).

Autonomia

A este ponto, já mencionamos a questão da autonomia assegurada com o E+ N-Connecta ser de 358 km. Porém, a pergunta que se impõe: é suficiente? Sim, mas depende — e perdoem-me a redundância — pois se procura um automóvel para o dia-a-dia, mas que procura passeios ocasionais ou viagens mais longas nas férias, saiba que estes mais de 300 km se dissiparão em um percurso mais longo (mais rápido do que o anunciado). Tem tempo? Pode precisar!

Aquando do surgimento no mercado, o Leaf, mostrava a sua irreverência ao ter a coragem de entrar naquele que deixaria de ser um nicho para passar a mercado massificado. As condições não são as mesmas e julgo que a Nissan não conseguiu acompanhar a tendência. Deixo este juízo de opinião ao critério dos leitores, mas realçando o facto de que o Leaf está dentro do esperado para o segmento.

A isto, junta-se o facto de este Leaf conseguir manter consumos em tornos dos 15,5 kWh/100 km, uma eficiência bastante satisfatória e que tem em mente os circuitos mais urbanos — foco deste modelo — sobretudo com a regeneração das baterias, ainda mais para quem usa o e-pedal (o pedal do acelerador inteligente que inicia a travagem regenerativa ao alívio da pressão).

Segurança e conforto de condução

A seguir ao desempenho, o que se espera de um automóvel citadino é a segurança ou o conforto (se preferir). Porém, acho que prefere um veículo seguro a um confortável… talvez? Claro que é uma brincadeira, mas se pensar que este automóvel é citadino pode ver as coisas de duas perspetivas: ou pensa que sendo um automóvel que usa para o dia-a-dia é mais importante que assegure o maior conforto possível ou pense mais na segurança. Andarem de mãos dadas seria o ideal.

Destacamos alguns que são os mais importantes (à parte dos óbvios), sistemas ABS e EBD (sistema eletrónico de distribuição de força de travagem) — que se revelou importante no segmento para aplicar a travagem às rodas certas numa travagem mais brusca ou de emergência — e também aquele que a Nissan chama “Chassis Control” que é um controlo inteligente da trajetória do automóvel com vista a atuar em caso de perda de controlo do veículo (conjugado com o ESP e VDC).

Além disto, o veículo inclui sistema anti-colisão com deteção de peões — perfeito para a cidade por razões óbvias —, além de alerta de manutenção da faixa, identificador de sinais de trânsito, assistência de ângulo morto, e sobretudo, um detetor de fadiga — que irá notificá-lo sempre que percecionar que o condutor não está nas melhores condições para conduzir.

Em termos de conforto, tenho a destacar o conforto dos bancos que me impressionou favoravelmente (algo que já estamos habituados por marcas nipónicas), já para não falar dos acabamentos interiores — suaves ao toque ao nível superior (no raio de ação dos braços e mãos) — e do próprio volante (confortável e com os principais comandos à mão). Ainda neste âmbito, é relevante mencionar que este Leaf inclui duas portas USB na consola central para que possa carregar os seus dispositivos nos bancos traseiros.

Para além disso, e por primazia da Renault (quando introduziu esta tecnologia pela primeira vez no mercado), faz-se acompanhar do verdadeiro sistema “Start&Stop”… mas do botão… sim, a chave/cartão (no caso da Nissan, a I-Key) que não necessitava de rodar a chave para ligar a ignição do automóvel. Para isso (na altura tinha de meter a chave numa ranhura) basta deixar a chave perto do local do botão e pressionar o botão. Hoje, o conceito Start&Stop está ligado às motorizações a combustão que desligam o motor quando o veículo fica imobilizado por algum tempo retomando o funcionamento aquando do reinício da marcha.

Ao nível do tabliê, o modelo faz-se acompanhar de um sistema de info-entretenimento com ecrã de 8″ que se socorre da “Home to Car” da Alexa, Nissan Connect Services (que incluem tudo aquilo que precisa) para se ligar ao mundo dentro do habitáculo, assim como, Apple Car Play e Android Auto. Mas se olhar para a parte central do interior (onde outrora estava a manete da transmissão), encontra-se um seletor eletrónico que permite determinar a marcha, neutro e de parque do automóvel — um detalhe bastante interessante!

Design e dimensões do veículo

Este é um modelo que não deixa ninguém indiferente à passagem, seja porque desgostam ou pela sua irreverência que gera um forte apreço pela identidade e imagem de marca da gama Leaf. É por isso, na nossa opinião um forte candidato em matéria de design — e se sabemos que é discutível — no entanto, por essas posições mais ou menos controversas que acordamos em selecionar este veículo como um candidato a estilo irreverente.

No interior, a irreverência desvanece — não que seja negativo porque não o é — mas notamos menor entusiasmo na hora de idealizar o habitáculo. Alguns apontamentos distinguem-se entre a sobriedade deste Nissan, sobretudo ao nível do seletor mas também ao nível do quadrante e do enquadramento do sistema de info-entretenimento e o tabliê no automóvel.

Em termos de dimensões, este Leaf aufere uns 4,49 metros de comprimento (bastante generoso para o segmento), 1,80 de largura e uma altura que chega aos 1,54 metros. De qualquer forma, tirando em situações de estacionamento, o comportamento do veículo mantem-se impecável, mas sobretudo silencioso graças ao sistema de suspensão que consegue fazer milagres a absorver os ruídos do pavimento.

Veredito

A iniciar-se nos quase 35 mil euros, a versão com 40 kWh de capacidade do N-Connecta traduz-se numa opção sóbria que privilegia o conforto e a segurança acima de tudo. Este Leaf E+ (62 kWh) N-Connecta que começa nos 42.500€ (ou, preço promocional, nos 40 mil) joga com o prazer de condução aliado a tudo aquilo que já era garantido com a edição de menor capacidade e potência elétrica. Ainda que mais de 40 mil euros começar a ser um preço um tanto quanto alarmante, pode ser uma boa opção se está a procurar um modelo para a cidade mais entusiasmante (menos letárgico, se é que um elétrico consegue sê-lo).

A nossa opinião é que para a maior parte das pessoas, a edição E+ Acenta ou N-Connecta de 40 kWh poderão satisfazer grande parte das famílias por um preço mais acessível — o vulgo preço-qualidade — não comprometendo o orçamento familiar, sobretudo em tempos conturbados e que aquisição de um carro novo se pode traduzir num problema complicado se não for bem planeado. Como se costuma dizer: é fazer as contas; perceber se é aquilo que procura para as suas necessidades.

Para nós, fica a promessa de um veículo inovador, seguro e confortável no seu segmento, mas com a certeza de que existem opções bastante competitivas que poderão fazer frente a este Nissan Leaf E+ N-Connecta. Até que ponto a edição E+ se conseguirá distanciar da edição de 40 kWh fazendo valer o diferencial do custo e valor acrescentado para a experiência de condução. Fica a interrogação.

REVER GERAL
Veredito: Nissan Leaf E+ N-Connecta (62 kWh)
ensaio-do-nissan-leaf-e-n-connecta-62-kwh-analiseEste Leaf E+ (62 kWh) N-Connecta que começa nos 42.500€ (ou, preço promocional, nos 40 mil) joga com o prazer de condução aliado a tudo aquilo que já era garantido com a edição de menor capacidade e potência elétrica.

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