Surpresa é a palavra de ordem. Quando pensamos em elétrico pensamos em pouca autonomia e pouca potência. Quanto ao primeiro é verdade, mas potência é o que não falta ao Nissan Leaf.
Índice:
Características
Design interior e exterior
Condução e conforto
Equipamento tecnológico
Vídeo
Veredito: Nissan Leaf (2014)
Já há muito que se tem falado que os carros elétricos são o futuro e tivemos o prazer de ensaiar o novo Nissan Leaf, que já vai na segunda geração com várias melhorias, apesar do design se manter o mesmo.
O Nissan Leaf é o carro elétrico mais vendido na Europa, sendo que em Portugal também ostenta o mesmo “prémio” e não é para menos, o seu design interior e conforto de condução são de alta qualidade, e até a Polícia de Segurança Pública tem alguns destes exemplares ao seu dispor. Tudo isto aliado ao pouco consumo energético, são companheiros ideais para muitos utilizadores.
Não é perfeito e está mesmo longe disso, mas temos de admitir que o futuro é bastante interessante e que há apenas um fator que ainda nos impede de chegar a estes carros, e não é o preço. O problema continua a ser a autonomia destes veículos, que nos impede de fazer longas viagens. Quer saber mais, continue a ler ao ensaio.
Características
- Comprimento: 4445 m
- Largura: 1770 m
- Altura: 1550 m
- Peso: 1945 kg
- Potência: 80 kW/109 CV
- Binário: 254 Nm
- Caixa: quatro opções D, B, N, R
- Travões: Discos dianteiros regenerativos e ventilados / traseiros ventilados
- Pneus: 215/50 R17 95W, Jantes em liga leve de 17 polegadas
- Capac. mala: 355 litros
- Velocidade máxima: 144 km/h
- Aceleração 0 a 100 km/h: 11,5s
- Emissões de CO2: 0 (zero)
- Autonomia da bateria: 200km
- Controlo eletrónico de estabilidade (ESP), ABS e Controlo de tração
- Ajuda ao arranque em subida
- Vidros elétricos
- Ar condicionado
- Rádio/CD com MP3+ Bluetooth com ficha USB
- Sistema de som Bose
- Comandos no volante
- Computador de bordo
- Sensor de chuva
- Sensor de luminosidade
- Faróis de nevoeiro dianteiros
- Câmara de ajuda em todo o carro
A versão testada foi a Tekna, a mais bem equipada do Leaf, sendo que há três versões à venda em Portugal, com bateria incluída ou de aluguer. As especificações são referentes à versão testada.
Das especificações devemos referir a “caixa de velocidades”, que apenas tem quatro opções, Ponto Morto (N), uma de condução normal (D), uma de condução que regenera mais bateria (B) e a marcha atrás (R). Um típico carro automático que permite atingir velocidades altas muito rapidamente.
Uma novidade que ainda não tinha visto em carros é a possibilidade de termos câmaras que cobrem todo o veículo, a 360 graus, permitindo um estacionamento sem problemas.
O preço do carro tem com e sem bateria, que a meu ver atingem valores demasiado altos e ao nível de bons carros a gasóleo. O preço é de 25.200€ (Visia), 39.000€ (Acenta) e 31.400€ (Tekna), sem bateria incluída. Mas o aluguer da bateria varia entre os 79€ e os 142€ por mês dependendo da quilometragem por ano. Os preços com bateria são um pouco mais altos, 31.100€ (Visia), 34.900€ (Acenta) e 37.300€ (Tekna), mas a meu ver acabam por compensar, até porque as baterias também têm garantia.
Design interior e exterior
Com interiores escuros, o Nissan Leaf tem um design bonito e que lhe dá um toque premium. Em comparação com o anterior modelo, ganhou mais espaço e está muito bom para o condutor e acompanhante, o que permite que as pessoas no banco de trás não estejam “em sardinhas”, no entanto este carro é um familiar compacto e a parte de trás continua a não ser perfeita para pessoas grandes.
Temos um ecrã de 7 polegadas com várias funcionalidades, desde navegação até ao sistema de Carwings, sistema esse que permite termos uma ligação à internet através do carro e um cartão SIM, com a possibilidade de controlarmos algumas funcionalidades do veículo a partir de um dispositivo móvel.
Com os botões onde devem estar, o ecrã de 7 polegadas, além da navegação, também tem vários pontos de interesse, acesso aos pontos de carregamento de rua mais próximos, além da câmara traseira para estacionamento. A Nissan oferece câmaras que cobrem a totalidade do carro, o que é uma mais-valia nos estacionamentos para que não risquemos as nossas excelentes jantes de 17 polegadas.
Ainda nos interiores, temos de referir que o Porta Bagagens ganhou espaço, já que as baterias que, no modelo anterior, estavam nessa zona do carro, mudaram de sítio, o que aumentou o tamanho do espaço. No entanto, este modelo topo de gama tem uma caixa para o sistema de som da Bose. Sem dúvida que o som é de excelente qualidade, mas aquele espaço ocupado pelo sistema, que pode não parecer muito, fica numa zona onde costumamos meter coisas pesadas e ficamos com medo de as colocar por cima da caixa.
Vamos para o exterior e o Nissan Leaf mantêm o estilo protagonizado pela fabricante. A minha opinião não é muito favorável a este estilo, nomeadamente nos faróis dianteiros que dá um aspeto de nave espacial, mas gostos são gostos e também conheço muito boa gente que gosta deste estilo.
Para carregar o carro é à frente e o compartimento pode ser aberto através da chave. De notar que a Nissan adicionou uma luz led nesse compartimento porque, segundo a própria, os utilizadores queixavam-se de que, quando em zonas de pouca visibilidade, era complicado a colocação dos cabos para carregar.
A Nissan ainda adicionou um pequeno painel solar na parte de cima do carro, na zona do aileron, que permite alimentar algumas funções elétricas do veículo, ajudando a aumentar a autonomia do carro até aos estimados 200km.
Condução e conforto
Foi na condução que tive as principais alegrias e chatices. Chatice devido ao tempo que demorei para retirar o travão de mão, que só passado vários minutos a procurar, reparei que era um travão de pé localizado no lado esquerdo dos pedais, totalmente fora de visão, dificultada pela pouca luminosidade. Minha nossa que perda de tempo nisto.
No entanto, é quando começamos a conduzir o Leaf que percebemos que o elétrico tem de ser o futuro. A condução de um elétrico é única e praticamente inexplicável, sendo que aconselhamos a uma pequena experiência para poder perceber realmente o que afirmamos.
O que começa por ser assustador é o som emitido pelo veículo: praticamente nenhum. Se gosta de ouvir o motor a “roncar”, este carro não é mesmo para si, pois as emissões de som são quase zero e mesmo comparando com o Renault Zoe, também elétrico, é notável a diferença na emissão de som (a favor do Nissan).
Para começar, ficámos surpreendidos pela potência. Com um binário de 254 Nm e “prego a fundo”, conseguimos chegar a altas velocidades tão rapidamente que até colamos o nosso corpo ao banco. A Nissan indica que é necessário 11,5 segundos para atingir os 100km/h, mas a força deste motor é tanta que o tempo parece bem menor que o indicado.
Após a condução deste carro, surpreende-nos que a velocidade máxima indicada pela marca seja de 145 km/h. Não esquecer que o limite nas autoestradas é de 120 km/h, mas o desenvolvimento que faz e a sua potência quando o pé direito está prego a fundo, promete ultrapassar este limite.
Como seria de esperar de um carro desta qualidade, a condução é excelente, sendo acompanhado de tecnologia de ponta, tanto para ajudar na condução, como na nossa interação com o veículo. O desempenho em curva é bom, tendo em conta a potência deste carro quase incontrolável, já que não há a necessidade de alterar as mudanças, o que nos obriga a estar atentos à velocidade nas curvas numa fase inicial, não vá perdermos um pouco a noção da velocidade a que circulamos.
É no ramo da condução deste carro que nos lembramos porque os automóveis elétricos ainda não são tão utilizados como deveriam: a autonomia. Este Nissan Leaf até recebeu um bom upgrade em relação ao anterior modelo, agora a marca estabelece os 200kms como autonomia, mas daremos um prémio a quem o conseguir fazer.
Em termos de autonomia, estabelecemos uma média real entre os 140 e os 160kms, mas que certamente não conseguirá atingir nas primeiras conduções. Felizmente, o carro tenta corrigir-nos na nossa condução para que a bateria dure o mais tempo possível, bem como em termos de regenerar a mesma.
Em termos de conforto, o Nissan Leaf oferece-nos o que já estamos habituados a encontrar em carros da marca. Com uma cor escura, o conforto é de grande nível, com os bancos em pele bastante confortáveis. Também temos um apoio de braço, no entanto, tendo em conta que raramente alteramos a mudança, a não ser para fazer marcha atrás, o que é importante é a arrumação por baixo do mesmo.
No entanto, como costuma acontecer neste tipo de carros, três passageiros atrás será complicado para longas viagens. Mas, também é verdade que longas viagens com este carro é uma ida a pouco mais de Setúbal, já que não nos podemos esquecer que temos de voltar para Lisboa. Então imagine uma cadeirinha a ocupar um dos lugares, até Setúbal será bem complicado.
Em termos de segurança o carro tem bastante oferta. Tem aviso de cinto de segurança, bem como a câmara a 360 graus, que é excelente para o estacionamento. Na parte interior do carro, também há airbags por todo o lado, o que é uma mais-valia em caso de acidente.
Equipamento tecnológico
Um carro elétrico tem de vir bem carregado de tecnologia e isso não falta, com vários pormenores muito interessante. Como já referimos, a câmara a 360 graus é excelente para o estacionamento, melhor que os sensores de estacionamento.
O painel de bordo é muito interessante com uma animação muito boa quando se liga o carro. Ao olharmos para o painel, é tudo digital, desde a temperatura até à quantidade de bateria. Podemos ver do lado esquerdo a temperatura da bateria e do lado direito a autonomia e os quilómetros que podemos fazer. Na parte de cima, temos a potência e a regeneração de bateria, basicamente do lado direito tem a ver com a força que colocamos no pé do acelerador e se travarmos ou deixarmos o acelerador, o carro trava automaticamente para regenerar e aumentar a autonomia do automóvel.
O computador de bordo, ao centro, tem várias informações, como a quilometragem já efetuada e a mudança colocada. Relembrando que há três opções nas mudanças, a D, que é uma condução normal, a B, que permite uma maior regeneração e ainda poderemos considerar a opção ECO, que faz uma gestão correta da bateria, não permitindo aceleramentos bruscos ao pisarmos o pé a fundo, por exemplo.
Além do painel de controlo, na parte de cima, ao nível do olhos e da estrada, temos a velocidade a que circulamos, o relógio, a temperatura, e a árvore ecológica que indica que estamos a ter uma condução económica. Conforme a nossa condução, vamos ganhando “partes da árvore” e podemos ganhar até três árvores ecológicas. Não é que ganhemos mesmo alguma coisa, mas dá para percebermos se estamos a fazer uma condução económica ou não, bem como partilhar na internet.
Do lado direito encontra-se o painel de controlo, onde temos um ecrã tátil de 7 polegadas. Aqui podemos ter acesso ao GPS e às mais variadas informações do carro, desde os consumos, até à aplicação Carwings, que é um dos grandes destaques deste veículo. Temos de referir que o sistema de navegação indica-lhe até onde consegue deslocar-se com a quantidade de bateria, bem como os carregamentos exteriores. Além disso, assim que chegar aos 15% de bateria, o sistema de navegação encaminha-o para o sistema de carregamento exterior mais próximo.
Infelizmente, como precisa de um registo próprio, não podemos testar o Carwings, mas o que promete foi confirmado pelos vários detentores destes carros em Portugal. Permite-nos controlar o carro remotamente, através de telemóvel, o que obriga a que o carro também tenha um cartão SIM integrado, mas que é uma funcionalidade muito interessante. Imagine só, em pleno inverno poder indicar ao carro para ligar o ar condicionado e quando chegamos entramos já está ele quente. Isto é possível com o Carwings, mas há mais.
Podemos verificar o nível de carga atual, iniciar o carregamento, ver quando este estiver concluído, ligar/desligar a climatização, programar automaticamente e verificar a autonomia estimada. Tudo isto a partir do seu smartphone, mas em casa e num computador temos mais umas opções.
Mas no site conseguimos ver a energia consumida e o tipo de condução, tudo com o objetivo de melhorar a sua condução ao perceber o que faz diariamente. Também indica o dinheiro que gastou no carregamento após a introdução do tipo de tarifa. Num estilo competitivo, também pode ver quantas árvores ecológicas conseguiu e ver a estatística por continente e por país.
Opcional, mas que estava presente neste carro, é um conjunto de som da Bose, que oferece um som de alta qualidade e, mesmo estando no máximo, não se verificou qualquer distorção, o que é excelente e uma mais-valia se gosta de som de qualidade.
Nesta versão deste ano, a Nissan criou a possibilidade de carregar o carro em quatro horas, ao contrário das mais de oito horas “normais”. Mas isso só é possível comprando o adaptador próprio para ser instalado, o que só tem lógica se o mesmo for feito numa garagem própria. É mesmo aconselhável que tenha garagem para poder carregar este carro.
Vídeo
Temos um pequeno vídeo que fizemos sobre o carro.
httpv://youtu.be/dGRyvsAZ3fU
Veredito: Nissan Leaf (2014)
O Nissan Leaf surpreendeu pela positiva, tanta potência num automóvel elétrico, bem acompanhado de tecnologia e conforto, é difícil querer-se mais de um carro. Temos tecnologia de ponta, várias funcionalidades e a câmara a 360 graus é excelente e permite um estacionamento sem qualquer problema.
Mas não são só notas positivas já que, com esta autonomia, obriga a que seja um segundo carro, uma vez que não pode ir muito mais longe do que num raio de 70km, ou então tem de encontrar um carregador exterior. Há ainda o preço do carro com e sem bateria, que a meu ver atinge valores demasiado altos e ao nível de bons carros a gasóleo, o que limita o interesse dos compradores.
Além disso, ainda temos de olhar à limitação do sítio onde carregamos, portanto é um carro ainda a pensar em consumidores com garagem, para um carregamento mais facilitado. É verdade que cada 140/160 kms sai barato, 2,5€ segundo a marca, no entanto, enquanto não conseguir substituir um carro a gasolina/gasóleo, nunca ganhará a importância que merece.
Portanto, se quer comprar este carro, deve perceber que o Leaf irá ser um segundo carro e não se pode esquecer que precisa de uma garagem para o carregar, ou então viver perto dos carregadores exteriores. Sem dúvida que, após o preço inicial, o carro elétrico é muito mais económico que os normais.
Pontos a Favor:
- Conforto
- Poupança por km
- Condução em elétrico
- Muito económico
Pontos Contra:
- Preço
- Autonomia ainda limitada
- Sem garagem é complicado de carregar
Desde já agradecemos à Nissan o empréstimo do Nissan Leaf ao Tecnologia para este ensaio/análise. Fique com a nossa galeria de fotos.