Cummins desenvolve um motor de 1.000 cv com dois pistões por cilindro

Ao contrário da grande maioria dos construtores, a Cummins, especializada no desenvolvimento de motores a gasóleo — um combustível que, na Europa, parece ter um fim à vista —, desenvolveu uma motorização turbo-diesel que pode revolucionar os motores de combustão interna a gasóleo, nomeadamente, no setor do transporte pesado de mercadorias.

A ideia não é nova, dado que desde a sua primeira aparição ocorreu nos aviões Junkers durante os anos 1920 a 1930 e, mais tarde, em veículos “Commer Knocker” que recorriam ao motor de três cilindros e seis pistões, Commer TS3. Contudo, com a presença do controlo eletrónico da injeção e hibridização das motorizações o conceito passa da ideia à prática com melhorias no consumo e potência.

O novo motor turbo-diesel foi co-produzido pela Cummins e Achates Power apelidado de “Advanced Combat Engine“, ou “Motor de Combate Avançado“, em português literal, com vista a ser introduzido no exército norte-americano. Até aqui tudo bem, mas o que tem a ver um equipamento de uso militar com veículos comerciais? O mesmo que a tecnologia da F1 pode ter num qualquer veículo comercializado.

Como funciona este motor?

Ao contrário dos motores de combustão interna convencionais, o novo Cummins ACE recorre a motor de 4 cilindros 14,3l a gasóleo que possuí o mesmo número de pistões de um motor de 8 cilindros — mas com a vantagem de partilharem a mesma mistura de ar e combustível e respetiva combustão.

Ao trabalharem opostos, um ao outro, os pistões eliminam a necessidade de existir uma “cabeça do cilindro”, logo, um menor esforço por parte de cada um dos pistões e a possibilidade de trabalharem com duas cambotas conectadas por meio de engrenagens que as convertem num único eixo de saída.

Prescinde da árvore de cames? Sim e não.

Face à estrutura do motor, a inclusão de uma árvore de cames não é uma realidade, no entanto, a entrada de ar para a combustão continua a ser necessária, pelo que a fabricante optou por incluir um sistema de válvulas que são acionadas pela movimentação do pistão na parede do cilindro “puxando” o ar através do seu movimento — ar esse que acaba por ser encaminhado para o meio dos dois pistões do cilindro.

Os quatro cilindros com mais de 14 litros, auxiliados por um compressor (acionado por força mecânica do motor), sobrealimenta este monstro a gasóleo, para além de contar com mais dois turbos compressores que permitem uma potência combinada de mais de 1000 cv às 2.600 rpm. Como é que isto é possível? Dada a necessidade de remover a árvore de cames, prescinde-se de um motor a quatro tempos, recorrendo apenas a dois tempos para a queima e expulsão dos gases gerados pelo motor. Segundo a fabricante, este novo motor quando agrupado com uma transmissão mais eficiente (no caso dos veículos pesados de combate, pelo menos) garante uma eficiência em até 90% no que a perda de potência diz respeito.

Hibridização das motorizações a gasóleo

Este novo motor incluí um pequeno gerador elétrico que permitirá colocar a força motriz a diesel a funcionar, estando a conectar a transmissão ao motor de 1.000 cv a gasóleo. Este gerador deve ser capaz de ter uma potência de 160 kW alimentado por 600 volts de baterias de iões de lítio.

O motor ACE é mais compacto e em forma de caixa, apresentando-se como uma solução mais compacta quando comparado com motores em V ou em linha, especialmente em termos de altura total, crucial neste caso para um veículo de combate — mas também pode contribuir no espaço ocupado em outro tipo de veículos.

Fonte CarAdvice

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