O aumento exponencial da procura por tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) trouxe desafios significativos para o setor energético, especialmente no que concerne aos centros de dados.
Estes infraestruturas, essenciais para o armazenamento e processamento de grandes quantidades de informação, têm enfrentado críticas devido ao seu elevado consumo energético e consequente impacto ambiental. Neste contexto, surgem iniciativas inovadoras, como a da Google que noticiou estar a tentar aliar a tecnologia à sustentabilidade.
O crescimento do uso de IA implica uma necessidade crescente de recursos energéticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, os centros de dados têm conduzido a uma procura de energia que supera a de países inteiros, como a França.
Este consumo não se limita apenas à eletricidade; inclui também o uso intensivo de água e a emissão de gases de efeito estufa. Com a crescente pressão para reduzir as emissões de carbono, gigantes tecnológicas como a Google estão a repensar a forma como alimentam os seus centros de dados e por isso anunciou planos ambiciosos para construir centros de dados alimentados exclusivamente por energias renováveis geradas localmente.
A empresa estabeleceu uma parceria estratégica com a Intersect Power e a TPG Rise Climate, com o objetivo de investir cerca de 20 mil milhões de euros em parques solares e eólicos nos Estados Unidos. Este projeto pretende não apenas suprir a procura energética dos centros de dados, mas também minimizar a pegada de carbono da empresa.
A implementação de tais projetos deverá iniciar-se em 2026, com uma conclusão prevista para o ano seguinte. A escolha de locais para estes novos centros de dados é estratégica, centrando-se em áreas históricas como o “Data Center Alley” na Virgínia, apesar dos desafios relacionados com a disponibilidade de terrenos adequados para energias renováveis.
Além das energias solar e eólica, a Google está a explorar outras fontes de energia limpa. Recentemente, anunciou a construção de sete pequenos reatores nucleares modulares (SMR) em parceria com a Kairos Power. Estes reatores, que deverão estar operacionais até 2030, fornecerão 500 MW de eletricidade sem emissões de carbono, oferecendo uma alternativa viável e sustentável para alimentar os centros de dados.
Para além da inovação na geração de energia, a Google está a implementar a estratégia das “quatro M”: desenvolvimento de modelos mais eficientes, utilização de máquinas especializadas em IA, mecanização otimizada do uso energético e mapeamento detalhado dos centros de dados. Estas medidas visam reduzir ainda mais o impacto ambiental do consumo energético associado à IA.
Apesar dos avanços tecnológicos e das estratégias sustentáveis, o futuro destes projetos não está isento de desafios. A política energética dos Estados Unidos, que pode ser influenciada por mudanças na liderança política, como a vitória de Donald Trump, que favorece fontes de energia tradicionais como o carvão e o gás, pode afetar o progresso das iniciativas de energia limpa.