Bosch investe em força na atualização das atuais instalações de semicondutores para melhorar a capacidade produtiva de circuitos integrados (chips) para fazer face à crise mundial de semicondutores enfrentada em diversos setores de atividade em todo o mundo. Vários fabricantes automóveis têm suspendido ou diminuído o fluxo de produção para fazer face aos elevados custos e escassez de materiais.
Atualmente, a Bosch conta com instalações em Dresden e Reutlingen, na Alemanha e Penang na Malásia. Estes €400 milhões (£343 milhões) serão aplicados nestas três instalações fabris para potenciar a capacidade de enfrentar o mercado e satisfazer as necessidades de uma procura “que cresce a uma velocidade avassaladora” com um reforço da oferta.
Esta crise apresenta uma explicação única e parte de um conjunto de ocorrências e circunstâncias que dificultam a gestão e comercialização de metais semicondutores — as mais prejudicadas têm sido as construtoras automóveis — que operam com margens muito restritas, onde qualquer flutuação de preço e das quantidades armazenadas, toma proporções muito amplas.
A propósito da crise, a Renault não avança “[…] quaisquer estimativas que possam estar incorretas muito rapidamente” acerca do desenrolar deste fenómeno de escassez. É importante mencionar que as vendas gerais da Renault caíram 1,1% para €8 mil milhões (US $10 bilhões), com perdas na produção de “dezenas de milhares” de automóveis durante o ano de 2020 pela pandemia, mas intensificado pela crise de semicondutores.
A produção de automóveis no Reino Unido regista o seu volume mais baixo desde 1982, segundo o SMMT, e fabricantes como a Jaguar Land Rover, acabaram por ter de estender os prazos de entrega, enquanto outros removeram algumas opções mais tecnológicas (ou eletrónicas) dos seus modelos. Na Alemanha, a Mercedes-Benz já tem encomendas a 6 e 12 meses, algo que se tem refletido por toda a Europa.
O Grupo Volkswagen confirmou ainda no início da semana passada que os lucros caíram no terceiro trimestre de 2021 e que isso se ficou a dever, em grande parte, ao problema da escassez de circuitos integrados usados nos painéis de instrumentos digitais, sistemas de info-entretenimento, ajudas eletrónicas, entre outros. Os resultados têm vindo a melhorar, mas a saturação do mercado continua a pressionar as fabricantes e a isto, junta-se a crise energética.
A propósito disso, o presidente da Bosch, Volkmar Denner, afirma que “a procura por circuitos integrados continua a crescer a uma velocidade vertiginosa, pelo que, à luz dos desenvolvimentos atuais, estamos a expandir sistematicamente a nossa produção de semicondutores para podermos fornecer aos nossos clientes o melhor suporte possível”. Para o devido efeito, os alemães da Bosch vão investir 150 milhões de euros na sua fábrica de testes avançados de Wafer, acrescentando 150 postos de trabalho, enquanto o complexo de Dresden irá aumentar a produção de semicondutores.
Outra parte do investimento segue para a criação de um espaço clean-zone (ou zona limpa) de 4 mil metros quadrados, uma área de ambiente controlado cuja temperatura, presença de organismos vivos, iluminação, ruído e outros fatores da atmosfera são fortemente rigorosamente monitorizados. Isto é importante para a melhoria do controlo de qualidade da produção.
Harald Kroeger afirma que o “nosso objetivo é o aumento da produção de circuitos integrados em Dresden antes do planeado e, em simultâneo, expandir a capacidade da clean-zone em Reutlingen”. A Bosch planeia construir um novo centro de testes automatizado de semicondutores em Penang, na Malásia, com previsão de conclusão em 2023.
Fonte Autocar