Blizzard e o Gigante Adormecido: O Retorno ao Mercado Chinês

A indústria dos videojogos é um colosso que não para de crescer, e um dos seus episódios mais recentes envolve a Blizzard Entertainment, uma das suas mais emblemáticas empresas, e o gigantesco mercado chinês.

No início do ano passado, a Blizzard viu-se forçada a retirar os seus jogos da China, um golpe considerável dada a magnitude do mercado chinês, que conta com quase 700 milhões de jogadores, superando largamente os Estados Unidos e o Japão, com 209 e 73 milhões de jogadores, respetivamente.

Os jogadores chineses ficaram, assim, privados de jogos como ‘World of Warcraft’ e ‘StarCraft 2’. Após um ano e quatro meses de ausência, a Blizzard está de volta, pronta para reconquistar o seu espaço num dos mercados mais lucrativos do mundo.

Para entender o que aconteceu, é preciso olhar para as regulamentações governamentais chinesas, que indiretamente forçam as empresas estrangeiras a colaborarem com parceiros locais para distribuir os seus jogos. Durante 14 anos, a Blizzard teve como parceiro a NetEase, que também distribui jogos como ‘Minecraft’ e ‘EVE Online’ na China. No entanto, no início de 2023, a relação entre as duas empresas desmoronou-se quando não conseguiram chegar a um acordo para estender a sua colaboração.

A Blizzard expressou a sua tristeza, enquanto a NetEase considerou a proposta de extensão de seis meses da Blizzard como “comercialmente sem lógica”, acusando-a ainda de “falta de reciprocidade” e de cometer uma “injustiça”. O que desencadeou a ruptura não é claro, mas o resultado foi a saída dos jogos da Blizzard do mercado chinês.

Passado mais de um ano, Blizzard e NetEase conseguiram finalmente chegar a um entendimento. A Microsoft também entrou na jogada, expandindo a colaboração. Segundo um comunicado da NetEase, após contínuas conversações ao longo do último ano, ambas as empresas estão entusiasmadas por apoiar novamente os jogadores da China continental e reafirmam o seu compromisso de oferecer experiências de jogo excepcionais.

Os jogos começarão a estar disponíveis a partir deste verão, incluindo os jogos previamente disponíveis como ‘World of Warcraft’, ‘Heartstone’, e outros jogos dos universos ‘Warcraft’, ‘Overwatch’, ‘Diablo’, e ‘StarCraft’. Sem dúvida, uma boa notícia para os jogadores chineses e para a Microsoft, que vê alguns dos seus jogos mais influentes regressarem ao maior mercado de videojogos do mundo.

A consultora Newzoo coloca a China como o mercado maior do mundo por volume de jogadores, com 696,5 milhões de utilizadores, e o segundo por receitas com 44.000 milhões de dólares. Embora os Estados Unidos liderem em receitas com 46.400 milhões de dólares, ficam muito atrás em número de jogadores.

Na minha opinião, este episódio sublinha a complexidade das relações comerciais internacionais e a necessidade de adaptação e flexibilidade nas negociações. A Blizzard, ao regressar à China, não só recupera uma fonte significativa de receitas como também reafirma a sua posição como uma das gigantes do setor. Para os jogadores chineses, é a oportunidade de se reconectarem com alguns dos seus jogos favoritos, e para a indústria global, é um lembrete de que, no xadrez dos videojogos, a China é uma peça que não pode ser ignorada.

Fonte: NetEase

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