BBC reconhece dificuldades perante empresas como a Netflix ou a Amazon

A cadeira de multimédia BBC reconheceu num relatório oficial que está a sentir dificuldades em competir contra empresas como a Amazon ou a Netflix. O chairman da BBC, Sir Daid Clementi, foi franco na sua análise ao panorama mediático actual, afirmando que “a indústria mediática tem continuado a mudar a um ritmo incrível. Empresas de média globais estão a ser compradas e vendidas numa corrida por tamanho”.

Esta confissão surge no contexto do segundo relatório anual da BBC, onde é delineado o “plano criativo” para 2018, incluindo o orçamento, as principais ideias estruturais e uma análise do mercado, da concorrência e das suas implicações.

O chairman Clementi também fez notar que os hábitos de visualização de média estão a mudar radicalmente de formas distintas em múltiplos públicos conforme variáveis como a idade. Muitos destes hábitos de visualização incluem serviços de streaming como a Netflix e excluem os “canais tradicionais” e os seus hábitos antigos, em particular a noção de “horário nobre” que cada vez mais se dilui num mundo em que os hábitos de consumo de media se fragmentam a uma velocidade alucinante. Além dos serviços de streaming normais, a BBC enfrenta cada vez mais concorrência de novos canais no mercado como o Sky ou o Virgin.

Esta “oferta excessiva” criou aquilo a que Clementi chama “uma superinflação em áreas chave como a produção de drama e comédia, direitos desportivos e custos de talentos”. Ou seja, na perspectiva do chairman, o mercado está inflacionado com oferta de média de qualidade. A acrescentar a este problema, ainda existe a questão de a quantidade de dinheiro que a BBC consegue arrecadar ser cada vez menor – os investimentos diminuíram consideravelmente, e nem esta gigante e prestigiada empresa consegue fugir a um mundo em que os média tradicionais estão a perder força, poder e dinheiro. “À medida que o income financeiro do serviço diminuiu, a nossa habilidade de financiar conteúdo britânico original também diminuiu”.

O horário nobre de um canal de televisão agora compete com youtubers que conseguem chegar a milhões de pessoas com uma simples câmera no seu quarto.

É necessário sublinhar que estes problemas não são exclusivos da BBC. Um pouco por todo o mundo ocidental os canais televisivos tem sentido os efeitos da generalização do uso da internet e dos novos tipos de concorrência que esta multiplicação das esferas mediáticas tem introduzido no mercado. O horário nobre de um canal de televisão agora compete com youtubers que conseguem chegar a milhões de pessoas com uma simples câmera no seu quarto. Os telejornais competem com a multiplicação de plataformas informativas na internet.

Perante este cenário, o director geral da BBC, Tony Hall, diz que a BBC necessita de se “reinventar”. Nessa sequência, 2018 será o ano em que a BBC procurará ramificar-se. Irá introduzir novos esforços no vídeo online, irá criar uma aplicação para o iPlayer, irá tentar focar-se em personalizar a experiência dos seus conteúdos, e tentará aumentar a produção dos mesmos. A nível de rádio, ocorrerá uma maior apostas em podcasts. O relatório sublinha que a criação de mais conteúdo e a melhoria da sua qualidade é o único caminho para cativar as audiências e não as perder para as múltiplas concorrências.

Com menos dinheiro e mais concorrência, o futuro não parece risonho para a BBC. Veremos se o canal se consegue de facto reinventar.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui