Numa era onde a tecnologia avança a passos largos, a Apple decidiu recentemente quebrar o molde com uma campanha publicitária para o seu iPad Pro que não deixou ninguém indiferente. Sob o lema “Vamos esmaga-los”, a gigante tecnológica lançou um vídeo intitulado “Crush!”, onde uma prensa gigante esmaga uma variedade de objetos. A mensagem é clara e audaciosa: o iPad Pro está aqui para substituir todos esses objetos.
Esta abordagem agressiva é uma novidade para a Apple, conhecida pela sua publicidade geralmente asseada e cuidadosa. O risco tomado com este vídeo resultou numa consequência notável: a indignação de muitos utilizadores. A analogia usada não é nova, tendo sido aplicada no passado tanto aos PCs como aos smartphones, que prometiam fazer tudo o que múltiplos dispositivos faziam antes. Contudo, a crítica ao anúncio foi intensa, com vozes nas redes sociais a lamentar que a tecnologia esteja a “matar tudo aquilo que antes nos trazia alegria”.
Hugh Grant, o conhecido ator, chegou a comentar no Twitter sobre “a destruição da experiência humana cortesia de Silicon Valley”. Outros utilizadores expressaram descontentamento com a ideia de que objetos cheios de expressão e nostalgia estavam a ser destruídos para dar lugar a uma “caixa negra” uniforme. Alguns chegaram a descrever a estética do anúncio como “fascista”.
No Japão, a reação foi particularmente forte. A cultura japonesa valoriza as pessoas, as coisas e as obras de arte, e a ideia de que ferramentas criativas possam ter um espírito próprio é expressa pela palavra “Tsukumogami”. O anúncio da Apple foi visto como uma afronta a esses valores, com alguns a chamá-lo de “o pior anúncio da história”.
Curiosamente, no YouTube, canais que se dedicam a destruir objetos são extremamente populares. Exemplos como “Will it blend?” e o canal de TikTok “HPC Official” mostram que há um fascínio pelo ato de destruição. No entanto, a Apple parece ter subestimado o impacto que um anúncio deste tipo poderia ter num momento em que artistas e artesãos se sentem ameaçados pela ascensão da inteligência artificial.
A campanha “Crush!” da Apple, embora tenha sido lançada com a intenção de mostrar a versatilidade e a capacidade de substituição do iPad Pro, acabou por levantar questões mais profundas sobre o papel da tecnologia nas nossas vidas e na nossa cultura. A tecnologia pode realmente substituir todas as ferramentas e criações artísticas? E a que custo?
Na minha opinião, a Apple, ao tentar ser disruptiva, acabou por desconsiderar o valor emocional e cultural que as pessoas atribuem aos objetos e às suas criações. A tecnologia deve ser uma ferramenta que potencializa a criatividade humana, e não que a substitui ou destrói. É essencial que as empresas de tecnologia sejam sensíveis a estas questões e promovam uma visão de futuro onde a tecnologia e a humanidade coexistam em harmonia, enriquecendo-se mutuamente em vez de se anularem.
Fonte: Reddit