Desde o seu lançamento em 2019, o Apple Arcade tem sido uma aposta forte da gigante de Cupertino no mundo dos jogos. Com uma proposta de oferecer uma biblioteca de jogos por uma assinatura mensal, o serviço foi rapidamente apelidado de “Netflix dos videojogos móveis”.
No entanto, apesar de ter alcançado um marco impressionante de mais de 100 milhões de utilizadores em 2022, o Apple Arcade enfrenta agora desafios que põem à prova a sua capacidade de inovar e manter-se relevante num mercado cada vez mais competitivo.
O sucesso inicial do serviço foi notável, com pagamentos generosos aos desenvolvedores e uma receita baseada na popularidade dos jogos na plataforma. Esta abordagem atraiu muitos estúdios e desenvolvedores independentes, que viram no Apple Arcade uma oportunidade de rentabilizar os seus jogos sem a pressão de modelos freemium ou publicidade invasiva. A promessa era simples: criar jogos de qualidade que, uma vez parte do catálogo do Apple Arcade, poderiam alcançar uma vasta audiência sem preocupações adicionais.
Contudo, a realidade atual parece ser diferente. Relatos de desenvolvedores sugerem que os pagamentos têm diminuído e que a Apple se tornou mais seletiva e restritiva quanto aos jogos que aceita no seu serviço. A preferência parece recair sobre jogos associados a propriedades intelectuais conhecidas, como é o caso dos títulos da Disney que têm marcado presença no catálogo.
Além disso, a Apple é descrita como tendo uma atitude “vingativa” em relação aos estúdios que colaboram com serviços concorrentes, como o da Netflix, que também está a investir fortemente no mercado de jogos móveis. Esta postura pode criar um ambiente de tensão e incerteza entre os criadores de conteúdo, que já não veem o Apple Arcade como um porto seguro para os seus projetos.
Apesar dos problemas, alguns estúdios ainda defendem o serviço, alegando que, apesar das suas imperfeições, o Apple Arcade tornou os jogos móveis premium viáveis novamente. No entanto, desde outubro de 2020, a situação parece ter-se agravado, com a Apple a cancelar projetos e a alterar a sua estratégia, focando-se mais em jogos com propriedades intelectuais familiares e deixando de lado a comunicação eficaz com os estúdios.
A promoção dos jogos dentro do próprio serviço também se tornou um desafio, com desenvolvedores a lutarem para que os seus títulos sejam destacados na seção de jogos recomendados do Apple Arcade. A falta de transparência nos pagamentos e a dificuldade em obter promoção levam a crer que o futuro dos desenvolvedores no serviço pode não ser tão promissor quanto antes.
Na minha opinião, a Apple precisa reavaliar a sua estratégia para o Apple Arcade. O sucesso a longo prazo dependerá da capacidade de manter uma relação saudável e de apoio mútuo com os desenvolvedores, incentivando a criação de conteúdo original e diversificado. Além disso, uma comunicação transparente e uma política de promoção justa são essenciais para que o serviço continue a ser visto como uma plataforma atrativa tanto para criadores quanto para jogadores.
Fonte: mobilegamer