Aplicação saudita que monitoriza as mulheres poderá ser removida pela Google e Apple

A aplicação gratuita Absher foi criada pelo governo da Arábia Saudita e constitui abusos aos direitos das mulheres. O software é para ser utilizado pelos homens que pretendem monitorizar à distância os elementos femininos do agregado familiar. Ativistas dos direitos humanos reportaram a situação à Google e à Apple com o fim da Absher ser retirada da loja online local, sendo que está disponível para aparelhos IOS desde 2015 e para Android desde 2016.

A aplicação permite ver através de um portal online diferentes serviços governamentais: como a utilização do Visa, violações de trânsito, seguros de saúde, entre outros. A crítica é da opinião que este software só perpetua as regras repressivas estipuladas diariamente à população feminina da Arábia Saudita, como viajar sem permissão dos guardiões masculinos.

Os responsáveis dos dois gigantes da indústria tecnológica receberam por carta a chamada de atenção por parte de ativistas dos direitos humanos. Rothna Begum, investigadora sénior de direitos das mulheres na Human Rights Watch, sugere que a Apple e a Google poderão ter mais poder de influência do que qualquer outra empresa de aplicações governamentais e que deveriam filtrar se estas estariam a facilitar o abuso dos direitos humanos ou a encorajar a discriminação. Begum refere que não é fora do comum para a Arábia Saudita a utilização de tecnologia moderna para impor as suas regras arcaicas e discriminatórias.

O diretor do Centro de Informação Nacional da Arábia Saudita, Dr. Tariq Al-Sheddi, defendeu, em 2016, que a criação da Absher potencia o nível dos serviços e aproveita tudo o que os dispositivos inteligentes podem fornecer, uma vez que são a plataforma do futuro para a implementação dos serviços eletrónicos. Neste mesmo ano, o número de utilizadores registados ultrapassou os 6 milhões, refere a empresa noticiosa CNN.

A Arábia Saudita é um dos países com mais segregação de géneros do mundo. O país está em 138ª lugar em 144 estados, a informação foi apurada num estudo realizado pelo Fórum Mundial da Economia, “2017 Global Gender Gap”,  que aborda o posicionamento das mulheres na economia, na politica, na saúde e na educação. Qualquer tipo de acção a favor da igualdade social tem sido reprimida, levando à prisão e alegadamente à tortura de ativistas dos direitos das mulheres e clérigos muçulmanos, informa a Reuters.

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