Análise: Samsung Galaxy S III

Já passaram cinco meses desde que o Samsung Galaxy S III saiu, mas nem o tempo que lá vai torna menos válida esta revisão. É e continuará a ser nos próximos tempos um dos melhores smartphones do mercado, e a par do Galaxy Note II, é uma das principais figuras da Samsung no universo dos telemóveis.

Como rapariga pequena que sou tenho que admitir que o tamanho do Galaxy assustou-me ao início. Pensei que não ia ter mãos para ele (e deve ter sido a pensar em pessoas como eu que nasceu o Galaxy S III Mini). Mas ao fim de duas semanas de experiência e de utilização, a barreira “física” foi ultrapassada e os restantes telemóveis parecem agora ser todos pequenos. Outro aspeto que despertava a minha curiosidade era o processador quad-core: poderia tanta potência fazer-se notar relativamente a outros telemóveis? A resposta é sim, o processamento é de outra qualidade e foram raríssimas as vezes em que tive que esperar para que alguma tarefa fosse executada no Galaxy S III.

Tinha também ouvido falar sobre as aplicações inteligentes que a Samsung incluiu no telemóvel e que fazem do Galaxy um smartphone “desenhado para humanos”. O Smart Stay, o S Voice e o S Beam são algumas dessas principais funcionalidades, e tenho que admitir, passaram um pouco despercebidas durante os testes. Não quero com isto dizer que são inúteis, mas dependendo do tipo de uso que cada um dá ao smartphone e ao tipo de tarefas a que está habituado, a verdade é que estas inovações podem acabar por cair um pouco no esquecimento.

O resto? O resto é “um prazer de telemóvel”.

Características e design

o Dimensões: 136.6 x 70.6 x 8.6 mm
o Peso: 133 g
o Sistema Operativo: Android 4.0.4, atualizável para Android 4.1
o Memória: 16 GB de memória interna
o Dimensão do ecrã: 4,8 polegadas
o Resolução: 720×1280 pixeis (306ppi)
o Ecrã: Super AMOLED
o Câmara: 8MP, vídeo Full HD /Frontal: 1,3MP
o Processador: Exynos 4412 Quad-Core 1.4 GHz Cortex-A9
o GPU: Mali-400MP
o RAM: 1GB
o Ligações: A-GPS, Bluetooth 4.0, NFC, MicroUSB/MHL, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n, DLNA, Wi-Fi Direct, Wi-Fi hotspot
o Bateria: 2,100mAh

Como os dados mostram, o Samsung Galaxy S III é um topo de gama, não só dentro da Samsung mas dentro de todo o universo de telemóveis. Apesar do tamanho grande, o smartphone mal se sente na mão ou dentro do bolso de um casaco, de tão leve e fino que é. O desenho arredondado e esticado a fazer lembrar um seixo, dão-lhe um toque pessoal e que automaticamente o afasta de possíveis confusões de aspeto com outros telemóveis (iPhone, coff). O modelo que me calhou era azul, e a cor é muito agradável. É um tom suave, não é uniforme mas é compacto, e joga bem com a textura do telemóvel. E neste aspeto dou os parabéns à Samsung.

Se me pareceu resistente? Ele na mão parece sólido, mas esta moda de fazerem telemóveis grandes e muito finos não me transmite muita confiança em situações em que o smartphone precisa de ser mesmo resistente. Os botões existem os necessários: o botão central na parte da frente do telemóvel para sair de aplicações ou abrir as apps em funcionamento, dois toques para ativar o S Voice; dois botões capacitivos que não se notam quando as luzes estão desligadas e cujo tempo de brilho pode ser controlado por nós; bastão de volume do lado esquerdo e botão de bloqueio do lado direito.

Não há tecla dedicada para fotografia, mas nos tempos que correm já não é uma opção que se estranhe muito, ainda que faça alguma falta. Na parte de trás existe a câmara fotográfica acompanhada lateralmente pelo LED do flash e por uma saída de som, e apesar da presença destes componentes, a Samsung conseguiu evitar as “lombas” que estavam presentes noutros telemóveis. Na parte superior frontal do telemóvel há ainda espaço para os sensores de luminosidade, proximidade, fotográfico (todos do lado direito) e um indicar de notificações LED (do lado esquerdo).

Num todo, a construção do Galaxy S III pareceu-me demasiado “barata” para o preço que tem, mas tenho que reconhecer que o telemóvel tem uma textura muito elegante, pela qual os dedos escorregam mas não é “escorregadia”. O ecrã oleofóbico foi a melhor superfície que encontrei num telemóvel. Deslizar os dedos pelo ecrã torna-se quase viciante, ainda que as dedadas sejam um problema grave no ecrã do SIII. Mas voltando ao material de construção.. aquela capa traseira super fina e maleável não merece de todo estar presente num telemóvel como este.

Superando aquele preconceito inicial do ecrã gigante, cheguei ao fim de dois ou três dias a pensar: ainda bem que o ecrã é grande. A definição é muito boa, as cores apesar de não serem vibrantes são muito realistas e as 4,8 polegas propocionaram-me os melhores momentos no Youtube. Em número o ecrã pode ser grande, mas em utilização real o tamanho e a qualidade pareceram-me as indicadas.

Destaque positivo para a entrada de cartões microSD (dentro do telemóvel) e para a bateria removível, que podendo não parecer, é um conceito que muitas fabricantes estão a abandonar nos smartphones topo de gama mas que pode dar jeito. Já que estamos a falar de baterias, mais um ponto positivo para a duração da mesma. Com jogos, Internet, Wi-Fi e outras atividades, a bateria correspondeu sempre às exigências das características técnicas e às tarefas que lhe pedi. Confesso que não usei muitas vezes o ecrã na luminosidade máxima, primeiro porque acaba por ser incómodo e fere os olhos, e depois porque não senti essa necessidade devido à qualidade do mesmo em iluminação mediana.

Desempenho e Interface

Para o desempenho há pouco a dizer: muito bom! Outra coisa não seria de esperar de um processador tão forte acompanhado de 1Gb de RAM, mas como já se viu noutros smartphones, nem sempre os “cavalos” a mais são sinónimo de uma boa experiência de utilização. Todas as aplicações foram executadas sem problemas (salvo uma ou outra exceção, em que a app não arrancou por bloqueio), mesmo alguns jogos mais exigentes como o Eternity Warriors II (não faz muito o meu estilo, mas foi-me aconselhado). Não houve aplicação que tivesse problemas em ser instalada e não houve vídeo que não desse, mesmo em Full HD.

O som foi outro aspeto que me deixou deliciada. Tanto sem auscultadores como com os que vieram de origem, ouvir música no Galaxy S III foi um prazer. Mais pequeno, mais barato e sem ligações de telefonia, e podíamos ter aqui um concorrente ao iPod Touch da Apple. Gostei também particularmente do software e do aspeto da aplicação de música, o que acabou por tornar a experiência ainda mais interessante. Ouvir música e rádio noutros telemóveis nunca mais vai ser a mesma coisa depois de ter experimentado o Galaxy.

Nos testes de comparação com outros telemóveis, apesar de não ter ficado em primeiro lugar, o Galaxy S III ficou sempre em posições de topo, o que veio confirmar aquilo que já todos desconfiávamos: é de facto um telemóvel de topo. O Wi-Fi, outra funcionalidade que tradicionalmente dá problemas nos Androids, passou a fase de testes com nota máxima. As ligações à Internet por Wi-Fi foram sempre rápidas e sem problemas. O zoom dentro das páginas também correspondeu às expetativas.

Para tudo isto parece-me que a versão Android 4.0.4 ajudou e bastante. Fica a curiosidade para ver um telemóvel destes com a versão mais recente, a Jelly Bean que teoricamente é “suave como manteiga”. O famoso TouchWiz, de que muitos se queixam, passou-me ao lado. Como nunca usei outras versões, não consigo dizer ao certo se a evolução foi grande ou se ainda é má. Na minha perspetiva má não é pois não tive problemas de personalização de menus e widgets.

Imperceptível também foram as funcionalidades de Smart Stay (mesmo com a opção ativada, acho que o Galaxy S III nunca reconheceu o meu olhar.. talvez por usar óculos não sei), de S Voice e S Beam. O S Voice, usei, experimentei e não gostei do resultado. O sistema percebe o que dizemos, faz a pesquisa e apresenta os resultados – o tempo para todo este processo é que não é amigável e a própria funcionalidade, de pesquisa por voz, para mim não tem grande sentido. Experimentei também a pesquisa por voz da Google e sinceramente, saiu-se bem melhor. Quanto ao S Beam, ainda bem que a Samsung incluiu NFC no telemóvel, mas o número de serviços e de outros dispositivos com a mesma funcionalidade e tecnologia, em Portugal e entre os meus amigos, não me permitiu usar o serviço. A Samsung podia ter incluído alguns autocolantes de NFC como a LG fez quando enviou ao Tecnologia o LG Maximo 3D Max. Mas são opções.

Outras aplicações próprias da Samsung dão jeito ter num telemóvel, mas nada que o Google Play não resolvesse caso a marca não apostasse nessas apps. Estou a falar por exemplo do S Note, do S Callendar e da Samsung Apps – as duas primeiras claramente importadas do modelo dos Galaxy Note.

Câmara

Com o Galaxy S III descobri a fotógrafa que havia dentro de mim. A captura de fotografias é super rápida e os oito megapixeis são bem aproveitados. Num ecrã grande e com a qualidade que o Galaxy tem, as fotografias ficam sempre brilhantes e perfeitas – quando são transferidas para o computador nem tanto. No modo de visualização normal as fotografias são boas, mas quando é aplicado o zoom, nota-se que as cores são esbatidas e que as formas são pouco definidas. Ainda assim, uma excelente câmara para um telemóvel.

Testei a câmara em várias situações e confesso que com baixos níveis de luz, a câmara fotográfica já não se porta tão bem. As formas não ficam definidas e por vezes aconteceu as fotografias ficarem arrastadas. Os mais entendidos na matéria poderão achar isto normal, mas os mais exigentes de uma câmara fotográfica, com adversários à altura como o HTC One X, vão achar a qualidade insuficiente. A câmara frontal é mais uma igual à de muitos outros telemóveis: é boa para a função que tem, vídeo-chamadas; agora só falta esta função ser mais utilizada no dia a dia, coisa que confesso fazer com muita raridade. Mas antes ali e com pouca qualidade do que haver falta dela.

O software da opção fotográfica também não acrescenta muitas funções novas. Encontramos o mesmo que se encontra noutros telemóveis de gama alta e até de gama média. As opções estão todas num menu do lado esquerdo (modo horizontal) e o botão principal de fotografia do lado direito. Gostei da opção de poder focar a imagem no ponto que eu definisse ao tocar no ecrã. Também agradou-me a opção de fotografias múltiplas.

A Samsung incluiu ainda uma ferramenta que deteta as caras das pessoas automaticamente e convida o dono do telemóvel a “tagar” esse contacto. Até aqui tudo bem, mas quando duas pessoas estão basicamente na mesma posição lado a lado e o smartphone apenas reconhece a cara de uma, aí as coisas complicam-se. É uma ferramenta útil mas com resultados inconsistentes.

Falta falar na gravação do vídeo, e aqui sim, mais uma vez fiquei surpreendida. A captura em Full HD reproduz resultados finais de grande qualidade, tanto na imagem como no som. O telemóvel pode ser movido durante a filmagem e não existem pausas ou arrastamentos no vídeo. Com o Galaxy S III pode captar momentos triviais, mas que dentro do telemóvel, acabam por ganhar outro encanto de tão boa qualidade que tem. Fica aqui um exemplo, e que foi capturado com a opção de vídeo em zoom:

E um outro exemplo em condições de iluminação artificial:

Veredito

É um prazer de telemóvel. A qualidade do telemóvel é inquestionável, tanto a nível de design como a nível de características. Todas as funções que desempenha parece que são as primeiras, pois tudo funciona de forma limpa e sem “engasgos”, mesmo quando várias aplicações estavam a funcionar ao mesmo tempo. A parte que me desiludiu mais foi mesmo os programas que tanto prometiam e transformavam o Galaxy S III num smartphone desenhado para humanos. As intenções são boas, e muitos poderão dar uso ao Smart Stay, ao S Voice e ao S Memo – prefiro continuar “tradicional” e bloquear o telemóvel quando não estou a olhar para ele, pesquisar em vez de ficar à espera que descodifiquem o que disse no meu inglês macarrónico, e usar o calendário ou uma outra aplicação de verdadeiras anotações e não de desenhos.

É um topo de gama e vai continuar. Daqui a dois anos continuará certamente a ser um telemóvel espetacular. O design é muito atrativo e tenho pena que mais cores não estejam disponíveis em modo “massificado”. Tira excelentes fotos, faz grandes vídeos, reproduz um som fiel e é suave nas mãos. A parte melhor? O impacto que causa nos outros. Ou porque já ouviram falar dele ou porque até já mexeram num. Com o Galaxy S III a Samsung conseguiu, pela primeira vez na minha opinião, criar um objeto que se aproxima da qualidade de jóia – é elegante e sóbrio ao mesmo tempo, mas falta qualidade de construção.

O smartphone só tem a melhorar com a chegada de novas atualizações do Android, portanto a partir daqui, é sempre a subir.

Pontos a favor:

+ design

+ som

+ desempenho

+ bateria

Pontos contra:

– qualidade de construção

– más fotografias em ambientes de fraca iluminação

– aplicações da marca pouco práticas

O Samsung Galaxy S III pode ser comprado em todas as operadores e lojas de retalho por um preço acima dos 550 euros. Ficam aqui algumas imagens do Galaxy, alguns exemplos de fotografias e algumas capturas de ecrã feitas durante o período de testes.

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